
A voz do Kapranos sussurrando os primeiros segundos de 'Jacqueline' começa a desenhar os pentelhos, mas é depois de Ivor ficar hipnotizado pela jovem de 17 anos que os detalhes relevantes aparecem. Vem a guitarra maldita e ordeira. Começa a membrar o organismo ferdinando.
Chega uma onda de calor que mantém todas as enzimas no ph ideal para chegar no ponto que interessa, aquele que as moléculas vibram freneticamente sem perceber se uma está tomando o espaço da outra, numa colisão imensa regada a um ritmo vigoroso de uns moleques, que nem eram tão jovens assim, da fria Escócia.
A estatura não é das maiores. A maioria das músicas rondam apenas três minutos para atacar com vigor as suas presas. Não dá pra ficar parado. A bateria do senhor Paul Thompson anda em conjunto da pouco notada, mas eficiente, linha de baixo de Bob Hardy constrói um sistema circulatório perfeito para a passagem das guitarras de Alex Kapranos e Nick McCarthy.
Elas são as grandes responsáveis pelos traços do corpo. Linhas nada suaves formam um desenho ousado que demonstra a forte personalidade, que se manifesta pelo balançar das seis cordas de cada braço. Cordas certeiras em irradiar pelo corpo tudo que vier à tona. Gritando, ora em um provável clima dançante, ora com frases ousadas mesmo para as músicas mais lentas registradas em sua totalidade.
Essa infinita lógica presente no acaso é abastecida pela espontaneidade nas letras, com pulsos para um amor platônico ou deboches a um velho amigo que se consagrou na pista de dança. Os sentidos ficam aguçados para saber diferenciar momentos de tristeza e de felicidade. Faz-se a raiz do pensamento que coloca o monstro em ordem.
Ele vem embalado numa arte fora de série que faz referência ao construtivismo russo e te seduz pela simplicidade. Você é agarrado, e cerca de uma hora depois sai falando que o fogo está fora de controle, vai queimar a cidade.
Ouça: This Fire
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