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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Humaitá Pra Peixe 2010: Dia 1 - Tono, Jonas Sá, Rubinho Jacobina e Maria Gadú

O Humaitá Pra Peixe desse ano aconteceu numa edição compacta. Bem longe de uma programação de mês inteiro, o evento se limitou a um final de semana no Circo Voador. No primeiro dia, Tono, um show conjunto de Jonas Sá e Rubinho Jacobina e Maria Gadú comandaram as festividades. Ainda rolou uma aparição da cantora Roberta Campos no intervalo entre o show de Jonas e Rubinho com o da Gadú.

Tono, a primeira atração da noite, não é apenas a banda do filho do Gil. É uma banda de bom humor, cheia de cores e com uma sonoridade diferenciada. Cria temas alegres, animados, festivos com alguns inesperados em sua formação, como a presença de uma flauta transversa em parte do show, ou a adição de mais uma guitarra no meio da incursão. Para fazer graça, havia gente fantasiada de gari, com um chapéu chinês estranho e óculos com pisca pisca.

Predomina um clima de alto astral total. Os problemas da vida arrumam algum problema e não te atrapalham durante o show, que atua como um leve entorpecente, gerado pelas muitas cores no palco, roupas engraçadas, música com ritmo grudento e animado. Não é uma bomba de tesão que te faz arrancar os cabelos, parece sim uma entidade que fica te sacudindo de um lado pro outro sem fazer o liquido seminal sair pelo mundo afora. Um lápis imaginário desenha em ti uma cara feliz e o faz olhar pro lado e falar 'que feliz é o mundo'.

Tocar covers é outro um artifício utilizado pela banda para manter o clima. No show, a escolha de 'Heart of Glass' empolga os ávidos pelo retorno dos anos 80, que atingem um outo nível de imersão psíquica, enquanto aqueles que não compartilham do mesmo desejo até conseguem ensaiar um sorriso nostálgico.

Com uma fórmula inteligente e deliciosa, pode arrebatar uma platéia em busca de outro produto com facilidade, basta não exagerar na mão... pelo final do show, o estado de 'transe' induzido já havia se mutado em uma chatice parcial. Mesmo assim, a diversão reina, só uma depressão muito forte derruba a linda mocinha com voz de criança que fica a maior parte do tempo dançando e fazendo caras para o público. Pra casa que é bom, ninguém leva. Ok tem o CD, mas algumas emoções você só sente ao vivo.

Duas figuras de expressão dividiram o palco no segundo show da noite, Jonas Sá e Rubinho Jacobina. Seria melhor se houvessem dois shows e uma outra atração fosse descartada, mas nada de mal. Esses grandes Artistas juntos deram uma prévia do que será a temporada que começa dia 18 no Cinematheque (mais infos no myspace).

A figura de um baixinho encapetado que é o Jonas Sá causa impacto forte nos primeiros instantes, e quando ele começa com suas coreografias anormais, arranca gritos de todos os lados da aglomeração. Outro boa praça, Rubinho divide o comando das tropas. O autor de músicas louváveis como 'Artista é o K' (que entrou na seleção do Otaner de melhores músicas da década) é um pouco mais discreto, mas nada que faça perder o controle da legião.

Na caçada da música pop, eles não precisam de armas, canhões ou baterias anti aéreas. Entra no front uma banda poderosa, que conta com a participação de alguns veteranos no solo carioca e que não mira em bases de soldados, arsenais secretos ou buracos onde os ditadores se escondem. O alvo é o civil que fica na pista. O soar do saxofone, embalado pela bateria e a ordem que vem da voz que surge, junto com o tremelear das cordas de uma guitarra causam uma reação em cadeia pior que bomba bioquímica. Então um formigamento estranho toma conta das pernas, que começam um movimento compulsivo para acompanhar a levada, e o grito de desespero é um pequeno coro que repete as peripécias arremessadas pelos auto-falantes.

Aparentemente o show terminou sem mutilar ninguém no plano carnal. Porém, os médiuns cravaram um genocídio de espíritos obsessores que andavam pelos arredores do picadeiro encantado, começaram uma concentração para um próximo momento de recaída das forças no lugar. Infelizmente, não tardou, já que o show foi bem curto.

Depois do show, começou a pairar um clima de chatice no Circo, que me afastou da região. Desconfio que o verdadeiro espírito obsessor era eu. Não simpatizei muito com a apresentação surpresa da cantora Roberta Campos (faltou surpresa alí), e a vibração da Maria Gadú não é pra mim. A velha história de que certas aparições musicais podem te fazer chorar ou dormir, como a emoção dela não chega até mim, 'Shimbalaiê' vira uma canção de ninar de tão chata.

Mesmo com alguns inconvenientes, o saldo foi positivo. Amanhã (?) eu posto os detalhes do segundo dia.

Um comentário:

Lismar Santos disse...

EU NÃO TOLERO MAIS A PANELA HERMÉTICA DESSA NEO-MPB ALÉM-REBOUÇAS.