James Murphy poderia ter desistido. Recebeu propostas tentadoras para sair da sua trilha, mas manteve a fé na pregação musical. Seu grito ecoou tarde, quando ele já tinha mais de 30 anos. Em 2007 ele chegou com um produto perfeito sobre a vida.
Nas suas nove faixas há uma aglomeração de climas heterogêneos que se completam. Regidos por uma batida variável, incomum e familiar. Um parecer semelhante daquele que acontece na vida. Nada é plano, simples ou matemático. São tensões leves, ritmos alucinantes, ensaios reflexivos e declarações que relatam a vivência de uma pessoa rendida ao mundo globalizado que dão o tom na obra.
Em meio a beats diferenciados proliferam-se os mais diversos tipos de pensamentos, frutos maduros de uma cabeça pensante que encontrou na música a sua forma de expressão. Nascem declarações de amor a cidade que o adotou, as amizades que pautam a existência na Terra, e reações às criaturas que nesse planeta encontramos.
Isso é exemplarmente traduzido com uma utilização nada medíocre dos sintetizadores, desprovida clichês do gênero eletrônico. Não cabem efeitos adeptos à quadrilaterização do som. Infitos lados aparecem para te confinar num ambiente sem limites. O mérito nos arranjos já garantiria um patamar elevado ao disco. Mesmo que você não estivesse nem aí para a mensagem, Sound Of Silver iria encontrar alguma veia de coerencia para te dominar.
Ao organizar o que sempre levou em sua cabeça, JM faz uma obra épica. Sobre o ponto de vista. A coerência. A bagagem inútil. E até o retrato do ouvinte que não se identifica na foto. É raro, mas acontece.
Ouça: All My Friends
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