Novidades musicais de todos os tempos. Também estamos em:
Flickr : Youtube : Twitter : FacebookDestaques do site:
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Festival Universitário MTV - 19 e 21/11/09
No último final de semana, que teve um feriado emendado, aconteceu o Festival Universitário MTV. Se considerarmos a quantidade de pessoas presentes ao evento, os universitários devem estar todos em casa estudando muito! Ou então foi todo mundo aproveitar o feriadão em outras cidades que não a do Rio de Janeiro. Sendo menos engraçadinho, a pequena presença de público na Marina da Glória pode ser explicada por muitos fatores.
Primeiro, pelo lugar escolhido. A Marina da Glória pode ser um dos melhores lugares para se fazer qualquer tipo de evento, como também pode ser um dos piores. Tem quem ache a realização do finado Tim Festival (descanse sem paz) muito melhor lá do que quando era feita no MAM. Mas era fato que na época do festival havia luz, segurança, ambulantes e cambistas em quantidade suficiente para poder ir para lá até a pé (pelo menos na hora que os shows começavam).
Na realização do Brasil Rural Contemporâneo que aconteceu no mesmo local nos últimos dois anos, só ia a pé quem quisesse. Vans e ônibus especiais saíam de tempos em tempos da Cinelândia e de outros lugares em direção à feira de agricultura e artesanato que contavam com diversos shows em sua programação.
Já o Festival Universitário resolveu que o universitário tinha condição de pagar um táxi ou os dez reais de estacionamento. Ou então ir a pé mesmo. Quem escolhesse a última opção, dependendo por onde viesse, poderia se aventurar numa autêntica floresta mal-assombrada, escura e com tipos estranhos, como "a corredora da pista do breu" e "o gordo caolho que arrasta o filhinho", além do clássico "pivete de butuca". Mas claro, só poucos são loucos para esse tipo de façanha.
Talvez não tenha sido isso que afastou universitários e não-universitários. Talvez tenha sido a ausência de publicidade sobre o evento. Apesar da excelente campanha pela internet, com twitter, email, facebook e tudo mais que se possa imaginar no mundo online sendo acionado para divulgação, nada mais foi visto pela cidade, fora do mundo virtual. Tanto o Tim, quanto o Brasil Rural, ou como o Open Air que está começando no Jockey da Gávea, enchiam/enchem de propaganda nos pontos de ônibus na época de realização.
Enfim, são muitas as explicações possíveis para a baixa presença de público e o fato de ser a primeira fez que o festival estava sendo realizado pode também servir de explicação, mas não tanto assim, uma vez que já aconteceu evento suficiente por lá que servisse como aprendizado do que fazer (e não fazer).
Isso quer dizer que o Festival Universitário MTV foi ruim? Bom... Não dá para deixar de elogiar a iniciativa. Alguns shows foram excelentes, na quinta e no sábado. Mas muitos dos aspectos positivos carregam quase sempre um porém. A estrutura, apesar do local ermo, era bonita e bem feita, com feira de moda, computadores para acessar internet e a vista da Marina da Glória é demais. Porém, era quente pra caramba dentro das tendas onde aconteciam os shows, mesmo estas sendo completamente abertas. Ok, o Rio de Janeiro está parecendo um forno mesmo. Era melhor que fossem estruturas fechadas com ar-condicionado ou um ventilador, ou macacos treinados atirando gelo nas pessoas, qualquer coisa era melhor que suar em bicas.
A idéia de dois palcos é sempre boa. Porém, isso é completamente inútil se as bandas tocam ao mesmo tempo. O único ponto positivo é ficar exatamente entre um palco e outro e poder ouvir pela direita uma banda e pela esquerda outra. Pena que quando foi feita essa experiência a qualidade não agradou nenhum dos ouvidos. Os DJs que tocavam nos intervalos dos shows da quinta feira não tinham absolutamente nada a ver com as bandas que estavam se apresentando. Não sei se houve alguma mudança, mas os que tocavam no início da noite me lembravam Jovem Pan, boates zona sul, coisas assim. Depois o nível de estranheza foi diminuindo ou o de abstração foi aumentando.
O palco principal, antes dos headlines de cada noite, servia para uma competição de bandas iniciantes. O palco do Boteco Universitário, bem menor, era destinado a bandas com alguma bagagem (muita, pouca, dependia) no circuito alternativo do Rio de Janeiro. Isso não fez muito sentido, o melhor era que essas bandas usassem o palco principal e as iniciantes o palco menor.
Quinta-Feira
De qualquer forma o tal boteco serviu bem para uma das melhores apresentações do festival. Muito mais difícil do que explicar porque pouca gente foi se aventurar na Marina da Glória, é explicar porque The Feitos não é uma banda mais conhecida. Dadas as condições, acabou ficando na medida o tamanho do palco. Quando, por exemplo, o vocalista e guitarrista Ramon Ribeiro começa a cantar as primeiras palavras de "Gente Feiosa" e todo mundo canta alto sobre gente que não deveria ir à praia por ser um insulto para quem todo dia malha, é sinal de que ali há um sucesso.
The Feitos, resumindo bem, é a Graforréia Xilarmônica (grupo gaúcho dos anos 90) acrescido de guitarras mais barulhentas, letras quase sempre sobre confusões amorosas, auto-críticas bem humoradas e performances inusitadas. Tem o baterista que grita do nada, o baixista com jeito de metaleiro e baixo de seis cordas e o vocalista com olhos esbugalhados e cara de psicopata, pronto para assassinar o microfone a dentadas, além do ex-baixista que agora toca guitarra. Apesar de toda essa aparente confusão, tudo dá certo no show.
Ramon faz piadas sobre o fato de estarem no palco menor, sobre o público presente, se joga no chão, ameaça quebrar a guitarra, chama os fãs para dançarem no palco, joga CDs da banda, não sossega um minuto. Tudo isso ao som de músicas do disco Na Cabeça da Chorona: "Eu Perdi Amor Pelos Meus Dentes", "Mulher Infiel", "Um Dia Você Vai Querer Me Beijar" (onde no refrão eles trocam a letra original por "celular"), "Eu Sou Mais Eu", "Disco do Roberto". Citações a Rush e Tears For Fears e músicas que não estão no disco, como "Se Eu Tivesse Nascido Com Outro Nariz" e "Maldita Ejaculação", mas que já são tocadas faz um tempo também constam do cardápio. Pelos títulos pode parecer tudo muito bobo, mas... é bobo mesmo. E inteligente e divertido.
Depois do ótimo show do The Feitos seguiu-se uma seleção de bandas bem abaixo da média, em ambos os palcos. Não cheguei a ver todas, pois como já disse muitos dos shows aconteceram ao mesmo tempo. A única que conseguiu prender a atenção e mostrar qualidade em alguns momentos foram Os Azuis, que já havia conferido ano passado no Mola.
Sobre o show do Móveis Coloniais de Acaju, o último da quinta-feira, o melhor a se dizer é que
http://lacumbuca.blogspot.com/2009/11/festival-planeta-terra-071109.html
http://lacumbuca.blogspot.com/2009/06/moveis-coloniais-de-acaju-no-circo.html
http://lacumbuca.blogspot.com/2008/11/mveis-coloniais-de-acaju-no-claro-cine.html
http://lacumbuca.blogspot.com/2008/05/canastra-e-mveis-coloniais-de-acaju.html
http://lacumbuca.blogspot.com/2008/01/humait-pra-peixe-circo-voador-110108.html
continua sendo o melhor show do Brasil.
E que foi o ótimo que o lugar estivesse com menos da metade de sua capacidade ocupada, porque se daquele jeito o calor já estava insuportável, imagina cheio.
Sábado
O desânimo com a dificuldade que é entrar e sair da Marina da Glória fez com que a sexta-feira fosse ignorada, o que é uma pena pois havia pelo menos uns três shows no palco menor que seriam interessantes de assistir: Columbia, Filhos da Judith e, principalmente o Cabaret. Mas no sábado, com uma estratégia menos desumana (leia-se chegar a tempo dos últimos dois shows) foi possível ver mais dois grandes shows.
Primeiro, o Moptop.
A melhor coisa em assistir um show do Moptop é a presença sempre empolgada de Leonardo, o vocalista da banda Cabelo Veludo. Fã de Moptop, ele agita, pula, faz chifrinhos com a mão, canta e puxa palmas o tempo todo. Em um mundo cada vez mais blasé, é um alento encontrar alguém assim. Se cada banda tivesse pelo menos uns 30 fãs iguais a ele os shows seriam bem mais divertidos. É bem verdade que nesse show em específico, com o calor que estava fazendo, cada movimento precisava ser friamente (quem dera) calculado.
Com dois discos já lançados (além da maravilhosa primeira demo, Moonrock), Moptop é, ou deveria ser, uma banda já estabelecida. Hoje em dia, por algum motivo que não consigo textualizar, o som da banda me lembra muito mais RPM e Legião Urbana do que Strokes. E acreditem, isso é quase um elogio. Talvez seja pelo som mais limpo das guitarras e as batidas e linhas de baixo quase sempre retas.
A banda apresenta um show tecnicamente impecável, embora às vezes meio frio, e as músicas do disco mais recente, Como Se Comportar são bem menos inspiradas do que as do primeiro disco. E são estas que mostram a força do Moptop com ótimos riffs, melodias e mais animação, especialmente do baterista Mario Mamede que, sempre com poucas firulas, traz muito mais eficiência às canções.
Uma meia hora depois, com um público muito pequeno até para padrões cariocas de shows, o grupo americano The Walkmen encerrava o festival. Visualmente eles são o que se chamava no começo dos anos 90 de "mauricinhos": camisa social pra dentro da calça, sapatos, barbeados e de cabelos curtos. Mas o som não deixa dúvidas que eles são estranhos em um ótimo, ótimo sentido. Não é toda banda de rock que toca com piano de cauda e dois membros se revezando entre esse piano, o baixo, teclado e instrumentos de percussão.
Embora a voz potente do vocalista Hamilton Leithauser lembre muito Bono Vox (e um pouco Bob Dylan na época do disco Desire), as músicas passam longe da tentativa de soarem "amigáveis para o rádio", sem deixarem, ao mesmo tempo, o pop de lado. Cada canção tem um clima próprio, uma batida diferente complementada pela percussão discreta e dedilhados de guitarra, tendo como ponto em comum mesmo a voz de Hamilton, que parece ficar com o coração na boca enquanto segura o microfone.
As animadas "The Rat", "Little House of Savages", "Thinking of a Dream I Had" e a ótima baladinha "We've Been Had", do primeiro disco, iam encantando os poucos fãs da banda por lá, além de uma nova que, posso estar falando uma grande bobagem, mas tinha um jeito de ter influência de guitarrada paraense, talvez reflexo da visita anterior que a banda fez ao Brasil no Festival Mada em Natal em 2004.
Aliás, se uma banda pode ser chamada de "alternativa" (outro termo antigo, da mesma época de "mauricinho"), essa banda é o Walkmen. Vir para o Brasil pra tocar só em Natal e voltar para tocar só no Rio de Janeiro não é pra qualquer um. Enquanto isso, parte do público ia debandando. Quando chegou no bis, que parecia que nem ia acontecer e onde pesou a persistência dos sobreviventes e do vocalista, contei por volta de 80 pessoas ao meu redor.
Como saldo final, até que valeu a pena. Mas se quiser ter um futuro, o festival precisa repensar muita coisa. Afinal, não é todo dia que a gente está disposto a andar a pé pelo aterro do flamengo às 3 da manhã, hora em que até "o pivete de butuca" e "a corredora da pista do breu" já deviam estar dormindo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
opa meu amigo! adoro walkmen, nao pude ir por falta de dinheiro já q moro em porto alegre.
Tive a sorte de ver walkmen no mada em natal e acompanhar a banda desde aquele dia, eles sao mesmo assim:patricinhos! mas bons de som!
Gosto porque é dificil bandas de hoje só deixarem a musica falar. Só o vocalista vale o esforço, tu falas-te tudo: cada musica tem um ambiente.
parabens, alguem com senso de escrever algo que valha a pena ler no meio de nada para ler q anda por ai...
Tua cronica esta como todas deveriam ser.
Obrigado!
Postar um comentário