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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

25 Shows Nacionais de 2010 - A Lista Completa

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Bom, então é isso. Chega (um pouco) de falar de 2010, que 2011 não tá dando um descanso e já tem muita história pra contar.


Para efeitos de praticidade, eis a lista de 25 shows nacionais do ano passado que achei que mereciam algumas palavras, com link para essas palavras pra quem é de ler e com um videozinho abaixo da maioria deles.



25 - Otto
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24 – Porcas Borboletas
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23 – Maquinado
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22 – Orquestra Brasileira de Música Jamaicana
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21 – Acabou La Tequila
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20 – Velhas Virgens
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19 – Gabriel Muzak
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18 – BNegão e os Seletores de Frequência
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17 – Letuce
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16 – Macaco Bong
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15 – Silvia Machete
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14 – Cabaret tocando Nick Cave
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13 – Caldo de Piaba
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12 – Desengonçalves
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11 – Instituto
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10 – Cabruera
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09 – Móveis Coloniais de Acaju
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08 – Arnaldo Antunes
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07 – Superguidis
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06 – Karina Buhr
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05 – Retrofolia
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04 – Pato Fu
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03 – Terra Celta
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02 – Do Amor
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01 – Hermeto Pascoal
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(Dá pra brincar de me identificar em alguns desses vídeos)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 1: Hermeto Pascoal

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1 - Hermeto Pascoal
16/04/10 - Copacabana Palace
20/07/10 - Sesc Ginástico, Rio de Janeiro


Hermeto Pascoal e Aline Morena - 20/07/10


Tive o privilégio de assistir Hermeto Pascoal duas vezes ano passado. Uma das vezes foi em dupla com sua esposa Aline Morena, os dois explorando diversos instrumentos, dos mais convencionais aos mais malucos, de piano e violão a macaco de brinquedo e piscina plástica cheia de água.


Hermeto Pascoal e Aline Morena - 20/07/10


Mas não se engane se acha que o show de Hermeto é somente um festival de sons tirados de objetos incomuns. A apresentação dele com seu sexteto no Copacabana Palace foi uma das maiores emoções da minha vida. Foram raríssimas as vezes que me deparei com o tipo de possibilidade que o grupo de Hermeto conseguie criar com a música.


Hermeto Pascoal e Aline Morena - 20/07/10


Eu vi um show do Paul McCartney em 2010, mas não posso deixar de lembrar junto a isso que vi dois shows de Hermeto Pascoal. Se isso não faz de 2010 inesquecível (junto de tantas outras alegrias), o que mais fará? Sobre o show no Copa:


Hermeto Pascoal - 16/04/10


O Copacabana Palace é um dos mais tradicionais e antigos hotéis luxuosos do Rio de Janeiro. Pelo seu tamanho e sua história, deveria ser considerado um ponto turístico da cidade, mas talvez, por todo seu tradicionalismo, iniba visitantes a darem um passeio por suas dependências.



Eu mesmo nunca tinha pensado dessa forma até me deparar com a notícia do Copa Fest, festival de música instrumental que aconteceu em abril em um dos salões do hotel. Oportunidade perfeita para, além de ver como o Copacabana Palace é por dentro, conferir um (cada vez mais raro por aqui) show de Hermeto Pascoal.



Apesar da programação do festival ser voltada a instrumentistas de jazz, bossa nova e mpb, a idade média dos presentes era um pouco mais baixa do que se poderia supor. O número de pessoas dispostas a beber algo também devia ser menor que o normal por lá. Uma garrafa de água custava 7 reais. Uma garrafa de champanhe podia custar mais de 300 reais. Mesmo assim alguns grupos bebiam champanhe animadamente ouvindo o som colocado pelo coletivo Vinil é Arte no salão do lado do local dos shows.



Com algum atraso em relação ao horário marcado, o sexteto que acompanha Hermeto Pascoal vai entrando no palco, onde o que chama atenção naturalmente é a espécie de banca suspensa de instrumentos de percussão inusitados. Serrote, tampa de panela, sinos e peças não-identificáveis. Mas se engana quem acha que o show é feito só de bater nesses objetos.



O restante da banda, composta de bateria, baixo, sax, piano e uma vocalista é bem mais significativa nessa história. Os seis músicos jogam uma enxurrada de notas e ritmos preparando a entrada de Hermeto, que comanda um teclado e dá ordens para a banda como se fosse o maestro de um hospício sonoro.



Quando ele fez sinal para que todos os músicos parassem e só o piano tocasse - e no piano não havia espaço para silêncio ou pausas - foi que fui fisgado por aquele som e permaneci emocionalmente abalado por mais uma meia hora com cada movimento vindo do palco. A música toma forma de jeito que eu não lembrava de ter visto antes e num instante se desmanchava para se transformar em outra coisa.


Hermeto Pascoal - 16/04/10


A exploração dos limites da imaginação chegou até o ponto em que Hermeto sozinho com seu teclado improvisava acordes grandiosos e inventava e adaptava versos de amor ao Rio e Copacabana. Depois disso, tudo, tudo que acontece quando ele ou o percussionista tira sons de tamancos, chaleiras ou patinhos de borracha é divertido, mas a prova que a música tem infinitas possibilidades já havia sido dada na vertiginosa meia hora inicial.


Hermeto Pascoal - 16/04/10


No fim, Hermeto e os músicos descem do palco até uma saída lateral, cada qual tocando um instrumento acústico. Mesmo muito tempo depois dos aplausos terminarem é possível ouvir bem baixinho que eles ainda estão tocando, onde quer que estejam dentro do Copcabana Palace.

E acho que dois meses depois eu ainda posso ouví-los tocando baixinho por aqui.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 2: Do Amor

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2 - Do Amor
13/05/10 - Teatro Odisséia, Festival Fora do Eixo RJ
21/05/10 - Espaço Sérgio Porto
10/09/10 - Teatro Rival


Do Amor - 10/09/10


Já andei contando aqui a quantidade de vezes que vi Do Amor tocando. Só ano passado foram três. Uma delas no Sérgio Porto, junto com a banda Tono. Um show bem divertido, que teve a participação da Nina Becker.


Do Amor - 21/05/10


Outra vez foi no Teatro Rival, com a banda lançando seu primeiro disco oficial (bootlegs você pode encontrar vários no last.fm deles). Um show primoroso, com projeções em um telão dividido em várias partes e aquela loucura de ir de referências de Pinduca a Devo, passando por Ween, Luís Caldas, Talking Heads, The Meters e Vampire Weekend.


Do Amor - 10/09/10


Mas o show que vale para eles um grande destaque entre todos que assisti em 2010 é a absurda apresentação no Teatro Odisséia. A historinha já foi narrada aqui, mas repito porque vale a pena. Era um show depois que já tinham se apresentado Brasov, Nevilton e Porcas Borboletas.


Do Amor - 13/05/10


Pois bem, com três bandas já dava pra noite ter se encerrado de forma positiva, certo? Mas a última a se apresentar seria Do Amor, e não dava pra deixar de assistir os caras. Deu pra perceber que algumas mudanças nos arranjos de algumas músicas, provavelmente provenientes da gravação do disco que está pra ser lançado.


Do Amor - 13/05/10



Com isso a quase vinheta "Shop Chop" ganha um clima de rap "jump around" no final que leva ao clima alegre de "Meu Coração". A heavy-lambada "Perdizes" termina com citação a Dire Straits e transmuta em "Oye Como va" do Santana. Das músicas mais recentes, algumas feitas depois que o repertório do disco já estava definido, "Undum" e a disco-rock "Mindingo" se destacam.


Do Amor - 13/05/10


Apesar da animação inicial, em especial do baixista Ricardo Dias Gomes, mais falante que o normal, o avançado do horário foi dispersando a audiência e tornando o show mais frio. Até que começou uma impressão que a banda não queria mais sair do palco.


Mais de 15 músicas tocadas, mais de três da manhã, produtor nervoso já que a casa deve ter sido alugada até um horário fixo, luzes sendo acesas, seguranças no meio do salão dando a impressão que a banda uma hora ia ser "convidada" a se retirar de lá de cima. E enquanto isso o Do Amor estava lá se divertindo, tocando Ween ("Buenos Tardes Amigo" e "Mushroom Festival In Hell"), a versão com vocais ultra agudos de "Lindo Lago do Amor" do Gonzaguinha, e até uma versão zoada de "Mongoloid" do Devo.


Do Amor - 13/05/10


As 15 músicas se transformaram em mais de 20, chegando ao fim com um trecho de "Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band" e os poucos sobreviventes na platéia junto com integrantes do Nevilton e Porcas Borboletas vibrando com essa apresentação histórica do Do Amor, fazendo jus ao nome do festival Fora do Eixo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Djangos e Lhamas hoje em Ipanema

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Rapidinho: nossos ídolos e amigos do Djangos tocam hoje em Ipanema, no Conversa Afinada. E junto com eles tocam o Lhamas, banda que conta com nosso eterno colaborador e brother Lismar Santos (veja aqui resenha que ele fez sobre o Danç-Eh-Sa do Tom Zé) como baixista. Perde não!


Informações:


Djangos e Lhamas
terça, 25/01/11
Preço: 10 reais (lista amiga: cinnamonprod@gmail.com)
Horário: 20:00
Conversa Afinada - Rua Vinicius de Moraes, 75 - Ipanema

25 shows nacionais de 2010 - 3: Terra Celta

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3 - Terra Celta
16/05/10 - Virada Cultural


Terra Celta - 16/05/10


Não é difícil imaginar o que vai acontecer em shows de bandas que você já assistiu antes. Dá para adivinhar que o Tom Zé vai fazer suas maluquices, que o Ratos de Porão vai ser brutal e que no Móveis Coloniais de Acaju vai ser aquela ginástica aeróbica insana.



Mas é bom de vez em quando encontrar uma surpresa, o inesperado. A Virada Cultural é uma excelente oportunidade para isso, já que é tudo de graça mesmo e se o cantor não estiver agradando é só procurar coisa melhor em outro palco. Mas sabe, com o passar do tempo a gente já meio que adquire um feeling para essas coisas.



Pra não ser muito convencido, de vez em quando as apostas não se concretizam, é verdade. Mas mesmo não sendo tão velho assim (acho eu), sou de um tempo em que se comprava às vezes um disco pela capa, jogando na sorte a possibilidade de uma audição boa ou desagradável. Foi assim que eu conheci o Pavement, por exemplo. Mas isso é outra história.


Terra Celta - 16/05/10


Eu ouvi músicas do Terra Celta antes. Nada de muito especial, valendo mais a curiosidade pela mistura de ritmos escoceses, irlandeses, ciganos, etc. Acho que li em algum lugar comparações entre eles e os Móveis Coloniais, pela animação em cima do palco a ponto de tornar a platéia participativa.



O horário do show colaborava, logo depois da Karina Buhr e antes de Arnaldo Antunes (ou seja, o tempo de Edgard Scandurra, que toca com esses dois artistas, trocar de roupa). O que era para ser apenas uma divertida curiosidade se transformou no melhor show que vi dessa edição da Virada.


Terra Celta - 16/05/10


Você ainda não bota muita fé quando os integrantes do Terra Celta vão chegando com suas saias kilts e roupas folclóricas, seja lá de onde for aquele folclore. Mas é só começarem a tocar que uma mágica acontece. Aquela música de leprechauns e gnomos com gaita de fole, guitarra, acordeom, baixo, violino, bateria, bandolim e outros instrumentos que não tenho a menor idéia de como se chamem causa um contágio coletivo na pessoas.


Terra Celta - 16/05/10


Eu, que estava assistindo meio de longe, tive quer ir para perto e me misturar entre moderninhos, hippies e metaleiros de cabelo comprido e camisa preta pulando aquele folclore do anglo-saxão doido. As pessoas naturalmente iam formando suas próprias maneiras de dança maluca, fazendo cirandas e verdadeiros arraiás com dança de quadrilha e túnel.


Terra Celta - 16/05/10


Falei no começo sobre se surpreender. Certamente, de todas as pessoas presentes, os mais surpresos eram os músicos do Terra Celta. O vocalista Élcio Oliveira não cansava de agradecer, incrédulo com a recepção que tiveram. Agora não é mais surpresa para ninguém que esteve lá: Terra Celta faz um show do caralho.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 4: Pato Fu

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4 - Pato Fu
07 e 08/08/10 - Caixa Cultural, Rio de Janeiro


Pato Fu - 08/08/10


Noticiei no blog, bem empolgado, quando surgiram vídeos mostrando músicas do novo disco do Pato Fu. Não era pra menos. A filmagem das gravações de Música de Brinquedo traziam a banda às voltas com inúmeros brinquedinhos, alguns bem exóticos, e instrumentos em miniatura feitos para crianças.



O título do disco já entrega o objetivo da banda. Mas o que instiga é observar o cuidado que eles têm em recriar detalhes de arranjos de clássicos da música pop das últimas décadas. O disco, porém, talvez não alcance totalmente as expectativas. O som é ótimo e as canções são conhecidas por qualquer pessoa. Mas fora a idéia bem sacada de colocar duas crianças para cantar alguns trechos, a falta do aspecto visual tira um pouco o impacto da coisa toda.


Pato Fu - 07/08/10


A única solução para isso seria ver se ao vivo eles seriam capazes de usar o arsenal de brinquedos e como fariam. Surpreendentemente a estréia da turnê aconteceu no Rio de Janeiro, no Teatro Nelson Rodrigues da Caixa Cultural, de boa localização e a preços acessíveis, com a banda tocando lá sábado e domingo em um horário compatível para a criançada assistir.


Pato Fu - 08/08/10


Sim, é claro que esse é um show que espera atrair um público infantil. Assim também é com o Pequeno Cidadão, de Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra, e a Adriana Partimpim da Adriana Calcanhotto. Mas isso não impede que os fãs adultos do Pato Fu estejam lá em bom número.


Pato Fu - 07/08/10


A preocupação com os detalhes do show já são notados pelo cenário, com grandes balões brancos em formato de joão-bobo (ou pinos de boliche). Uma mesa cheia de peças coloridas, carrinhos, cornetas e mini-xilofones ficava em um canto. É para ali que vão Mairá Portugal e Thiago Braga, dois músicos que já faziam parte do trabalho solo da vocalista Fernanda Takai.


Pato Fu - 07/08/10


Takai toma o centro do palco tendo alguns brinquedinhos também à sua disposição, assim como o guitarrista e líder da banda John Ulhoa, idealizador dessa loucura toda. Só de ver aquela montanha de brinquedos sendo usadas ao vivo, sem samplers ou algo pré-gravado para tocar esses hits de sempre, como “Primavera” de Cassiano, “Sonífera Ilha” dos Titãs, “Ska” dos Paralamas e “Ovelha Negra” da Rita Lee já é bem empolgante.


Pato Fu - 07/08/10


Mas eu não estava preparado e não conseguiria descrever o que senti quando do fundo de parte do cenário surgiram dois bonecos feitos pelo grupo Giramundo, que substituíram as vozes que as crianças fizeram no disco. Acho que não precisa ser criança para se emocionar com isso.


Pato Fu - 08/08/10


Então em “Frevo Mulher” (Zé Ramalho) você tem John usando uma canetinha-theremin, que faz som enquanto escreve e ao mesmo tempo os dois monstrinhos brincando lá atrás. Em “Todos Estão surdos” eles roubam a festa com peruca black power e cantando toda a parte falada da letra.


Pato Fu - 08/08/10


Frangos de borracha servem tanto como instrumento quanto como personagens do teatrinho dos bonecos. Xande esmurra a sua mini-bateria durante “Live and Let Die” (Paul McCartney), o que me faz pensar que o instrumento não deve resistir por muito tempo na estrada.


Pato Fu - 08/08/10


Felizmente há espaço para algumas músicas da banda nesse formato e entram “Eu” (na verdade, da Graforréia Xilarmônica), “Simplicidade”, “Perdendo Dentes” e “Made In Japan”, esta já no bis. Quando no final um dos monstrinhos faz um mise-en-scène para começar a cantar “Bohemian Rapsody” do Queen, é eletrizante. No fim das contas acontece um teatrinho e só a pesada parte de encerramento da música é tocada. Mas se torna um belo desfecho para nós, crianças.


Pato Fu - 08/08/10

domingo, 23 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 5: Retrofolia

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5 - Retrofolia
06/02/10 - Teatro Sesc / Senac Pelourinho, Salvador


Retrofolia - 06/02/10


Em quase um mês passeando pelo nordeste no verão, poucos dias antes do carnaval, eu não estava contando com a sorte de encontrar shows realmente interessantes. Muito se sabe sobre o carnaval multicultural de Recife, que já costuma começar a mostrar suas intenções lá por volta de novembro! Mas foi em Salvador, com uma semana para começar os festejos de Momo, que a coisa passou bem longe do axé. Ou não tanto assim...



Em um dos dias aconteceu o Grito Rock, com várias bandas independentes bem cotadas pelos conhecedores do ramo: Vendo 147, Você Me Excita, Maglore e Caldo de Piaba, sendo que este último já passou por essa lista de shows. Em outro dia aconteceu um show do Baiana System, com som do coletivo Ghettotech e participações de BNegão, Lucas Santtana e Retrofoguetes.



Vez ou outra o Retrofoguetes incorpora uma instituição carnavalesca que se chama Retrofolia. O auge da Retrofolia é na forma de trio elétrico, percorrendo o circuito do carnaval baiano. Antes disso, num desses dias com tanta música, antecedendo o carnaval, eles fizeram um aquecimento no Teatro Sesc / Senac que fica no Pelourinho.


Retrofolia - 06/02/10


Logo antes de entrar no teatro, o público é presenteado com uma máscara de carnaval e um saco de confetes e serpentina. Lá dentro... Bom, dentro é relativo, já que o local é semi-aberto, com lugares para sentar que formavam um círculo de vários degraus de concreto.



Antes do show começar, muitas músicas de trio elétrico clássico, como o de Dodô, Armandinho e Osmar, cantadas por Moraes Moreira, entre outros interessantes grupos que eletrificavam o frevo e ritmos africanos de alta velocidade. Era um prenúncio do que se aproximava.


Retrofolia - 06/02/10


Quando sobem ao palco, os retrofoliões trocam a tradicional guitarra do rock pela guitarra baiana, tocada por Morotó Slim. Como um é pouco, dois é bom e três é que é demais, eles (Morotó, o baixista CH e o baterista Rex) ganham o acompanhamento de Julio Moreno e Robertinho Barreto nas guitarrinhas.



Três guitarras baianas, aquele instrumento miudinho porém poderoso, tocadas em velocidade supersônica. O público não demora muito a levantar e tomar o centro do agora salão. Diversos amigos da banda participam da festa, de Ronei Jorge e Paquito a Lucas Santtana.


Retrofolia - 06/02/10Retrofolia - 06/02/10


Eu gostaria de dizer o nome de cada um dos participantes e o nome dos frevos, marchinhas, sambas, lambadas e seja lá mais o que rolou. O problema é que estava muito mais preocupado em jogar confete, pular o carnaval e me divertir. Foi mal aí.

sábado, 22 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 6: Karina Buhr

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6 - Karina Buhr
16/05/10 - Virada Cultural, São Paulo
25/09/10 - Teatro Rival


Karina Buhr - 16/05/10


Em dezembro de 2008 recebi de Karina Buhr um cd-demo com seu trabalho solo. Karina Buhr é (ou era?) líder da Comadre Fulozinha, grupo pernambucano originalmente de meninas fazendo músicas de forte sotaque regional, com a presença predominante de instrumentos de percussão.



Na última encarnação da Comadre já havia mais espaço para instrumentos de corda e sopro e até homem entrou no clube da Luluzinha. Karina, que nasceu na Bahia, mas viveu em Pernambuco, na efervescência da cena musical de Recife dos anos 90, já está há algum tempo radicada em São Paulo, tendo feito parte, entre outras coisas, do Teatro Oficina, companhia teatral do diretor Zé Celso Martinez Corrêa.


Karina Buhr- 25/09/10


Demorei um pouco até escutar apropriadamente o cd solo de Karina, mas quando ouvi senti uma profunda ligação com todo aquele estranhamento e beleza de letras completamente inesperadas e instrumentação original. Só este ano, com o cd oficial nas ruas e computadores é que chegou a vez de ver ao vivo aquelas faixas e mais algumas novas.


Karina Buhr - 16/05/10


Karina Buhr viveu três mundos diferentes. O dos maracatus e cocos com muitas cores e sol quente; o mundo das encenações e ensaios de outras vidas do teatro; e a dureza cinza e fumacenta de uma cidade em que todo mundo parece ter um objetivo a conquistar, nem que seja só um álibi para não ser esmagado.


Karina Buhr- 25/09/10


Ela sobe no palco da Virada Cultural, uma da tarde, logo depois de Nervoso e Os Calmantes mostrarem suas melhores músicas em um curtíssimo espaço de tempo, em um palco que fica montado em outra ponta da mesma rua. Ela sobe no palco do Teatro Rival à uma da madrugada, com casa surpreendentemente cheia, pelo menos para quem não conhece a força da colônia de Recife & simpatizantes por aqui.


Karina Buhr - 16/05/10


Uma da tarde ou da manhã, Karina Buhr no palco é um pouco do mundo colorido dos maracatus, um pouco de teatro de passos pensados e um pouco de realidade crua e gritante, sem que nada disso seja maior do que sua música. Com figurino que lembra algo entre Cindy Lauper, Nina Hagen e Lovefoxxx, é ela que chama a atenção em cima do palco.


Karina Buhr- 25/09/10


Mas não dá para deixar de reparar que junto dela estão dois dos maiores guitarristas brasileiros na atualidade, Fernando Catatau e Edgard Scandurra. Scandurra sempre com notas elegantes escolhidas para berrar na hora certa. Catatau na procura do timbre perfeito, com um maquinário de ficção científica para fazer sua guitarra soar do jeito ideal.


Karina Buhr- 25/09/10Karina Buhr- 25/09/10


Para quem no cd-demo nem mesmo tinha uma guitarra, Karina agora está causando inveja. E ainda tem Guizado, o inventivo trompetista fazendo inserções sonoras que chegam a soar melhor do que no trabalho solo dele.


Karina Buhr - 16/05/10


Só que não adianta, é ela quem encanta, na intepretação dedicada de suas próprias composições. Os maiores momentos de sintonia desse todo, tanto ao ar livre quanto na escuridão do Rival, acontecem em “Esperança Cansa”, muito mais potente que o registro em disco, com um clima de "Idioteque" do Radiohead; “Plástico Bolha”, que quando sai do reggae maroto e entra no ska festivo é a senha para praticamente um carnaval de ladeira (Santa Teresa ou Olinda, você escolhe); e “Ciranda do Incentivo”, de letra irônica e com batidão de funk carioca, que faz Karina entregar o corpo todo ao ritmo.


Karina Buhr - 16/05/10



Se, como canta em “O Pé”, “a gente pula contra a vontade do chão”, a culpa é dela.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 7: Superguidis

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7 - Superguidis
14/08/10 - Festa Roqueadores, Realengo


Mais do que um show incrível, uma aventura e uma prova de que no Rio de Janeiro tem muita gente que gosta de rock. Pode perguntar pros gaúchos do Superguidis. Contei sobre isso uns meses atrás.


A façanha de 60 pessoas conseguirem fazer com que a turnê da banda Miike Snow passasse em setembro pelo Circo Voador, Lapa, Rio de Janeiro, é algo louvável e digno de aplausos. Mais ainda por saber que eles agora, em maior número, vão trazer o Belle & Sebastian dia 12 de novembro, como já estamos divulgando há muitos dias na nossa agendinha aí do lado. E depois disso o céu é o limite.



Mas heróis mesmos são os cariocas que trouxeram uma banda do Rio Grande do Sul para tocar aqui no Rio de Janeiro. E não foi pra tocar na Lapa ou algum lugar da Zona Sul. Superguidis veio ao RJ para tocar em Realengo em agosto, graças aos esforços do pessoal que faz a festa Roqueadores.



Depois de percorridos muitos quilômetros em vários tipos de transporte, chegar à D’Lounge é um alento. Deve ser também para quem gosta de rock e mora nas redondezas, já que aparentemente não há muitas opções nesse sentido por lá. Aliás, fora um ou outro pé-sujo, não era possível ver qualquer outra coisa naquela fria noite de sábado.



A fila extensa do lado de fora da casa mostra que talvez o problema de (falta de) público em alguns shows não aconteça por falta de gente interessada. Com o local mais cheio em que estiveram de todas as vezes que tocaram no Rio, Superguidis estava apresentando pela primeira vez as músicas do seu terceiro disco, lançado em março. Isso não significou que elas fossem maioria no setlist, que foi composto de forma bem equilibrada entre as músicas dos três álbuns.


Superguidis - 14/08/10


As novas canções (ou não tão novas, no caso do clássico instantâneo “Não Fosse O Bom Humor”) tiveram ótima resposta entre os fãs, assim como aquelas vindas do segundo disco, Amarga Sinfonia do Superstar.


Superguidis - 14/08/10


Mas é inegável que a explosão de gritos acontece com o repertório mais antigo, como “Malevolosidade” e “O Veio Máximo”. O trabalho de guitarras de Lucas Pocamacha e Andrio Maquenzi continua sendo o mais interessante de todo o rock nacional de hoje em dia, fazendo de forma atualizada (ou não-datada) todo o percurso sonoro do território americano na primeira metade dos anos 90.


Superguidis - 14/08/10


Se há alguma dúvida sobre a fonte sonora dos gaúchos ela se dissipa com as habituais citações de trechos de “Divine Hammer” do Breeders (disco Last Splash de 1993) e “21st Century Digital Boy” do Bad Religion (disco Against The Grain de 1990).



É com essa última, inserida dentro da música “Riffs” que Superguidis se despede do subúrbio carioca sabendo que sim, há por aqui quem ainda acredita que o som deles os faça mais felizes.


Superguidis - 14/08/10

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 8: Arnaldo Antunes

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8 - Arnaldo Antunes
16/05/10 - Virada Cultural, São Paulo


Arnaldo Antunes - 16/05/10


Mais um show que aconteceu na Virada Cultural entra nessa lista. Um show inclusive que já havia visto em 2009 no Circo Voador, e não há tantas diferenças entre um e outro. A turnê ainda era de divulgação do aclamado disco Iê Iê Iê.


Arnaldo Antunes - 16/05/10


Os músicos ainda são aquela constelação que inclui a estrela em ascensão Marcelo Jeneci nos teclados e o fiel escudeiro Edgard Scandurra com sua guitarra. Dessa vez Curumin, em turnê mundo afora, cede lugar a Clayton “Cidadão Instigado” Martins na bateria.


Arnaldo Antunes - 16/05/10


E Arnaldo Antunes, um ex-Titã, às 3 da tarde de um domingo em pleno centro de São Paulo. Será que ainda cabe o mote “ex-Titã” para justificar as (dezenas de?) milhares de pessoas presentes? Elas já estariam ali por causa dos Titãs remanescentes que tocariam não muito tempo depois? Ou elas conhecem o trabalho solo de Arnaldo? Talvez estivessem ali pela inércia e por haver ainda vinho barato passando de mão em mão.


Arnaldo Antunes - 16/05/10


Fato é que elas receberam de presente um senhor show que leva a música a um dos seus estágios mais simples e diretos, o de canções que brincam e reverenciam a jovem guarda e até com a música dita como brega. Mas isso acontece com o filtro roqueiro e meio pós-punk/new wave da banda de Arnaldo.


Arnaldo Antunes - 16/05/10



A faixa-título do disco é uma boa demonstração disso ao vivo, com corinho de papapa, acordes maiores e batida “pra cima”, sem um tema específico motivando as palavras. Já “Envelhecer” e “Invejoso” seguem o ritmo animado, mas com foco em um assunto.


Arnaldo Antunes - 16/05/10


Arnaldo Antunes consegue inclusive fazer com que outras canções de sua carreira fiquem adequadas à proposta do trabalho atual. Ele tenta fazer de “Socorro” um hino pop e se sai bem-sucedido. Mas é “Consumado”, do disco Saiba que se adapta melhor à Jovem(van)Guarda. É também a hora que Arnaldo escolhe para descer do palco e encontrar o público espremido frente à grade. O resultado, com todas aquelas mãos levantadas, com o cenário de concreto e céu azul, foi um dos momentos mais belos de 2010.


Arnaldo Antunes - 16/05/10Arnaldo Antunes - 16/05/10Arnaldo Antunes - 16/05/10Arnaldo Antunes - 16/05/10



As músicas de Iê Iê Iê e essas outras da discografia de Arnaldo Antunes funcionam muito bem e ter um Edgard Scandurra ali na frente só ajuda, ainda mais quando tocam “Judiaria” de Lupicínio Rodrigues, que esquenta o final do show. “Vou Festejar” uma das usualmente estranhas escolhas de músicas de outros artistas para cantar, acaba fazendo todo sentido.


Arnaldo Antunes - 16/05/10