16/05/10 - Virada Cultural, São Paulo

Mais um show que aconteceu na Virada Cultural entra nessa lista. Um show inclusive que já havia visto em 2009 no Circo Voador, e não há tantas diferenças entre um e outro. A turnê ainda era de divulgação do aclamado disco Iê Iê Iê.

Os músicos ainda são aquela constelação que inclui a estrela em ascensão Marcelo Jeneci nos teclados e o fiel escudeiro Edgard Scandurra com sua guitarra. Dessa vez Curumin, em turnê mundo afora, cede lugar a Clayton “Cidadão Instigado” Martins na bateria.

E Arnaldo Antunes, um ex-Titã, às 3 da tarde de um domingo em pleno centro de São Paulo. Será que ainda cabe o mote “ex-Titã” para justificar as (dezenas de?) milhares de pessoas presentes? Elas já estariam ali por causa dos Titãs remanescentes que tocariam não muito tempo depois? Ou elas conhecem o trabalho solo de Arnaldo? Talvez estivessem ali pela inércia e por haver ainda vinho barato passando de mão em mão.

Fato é que elas receberam de presente um senhor show que leva a música a um dos seus estágios mais simples e diretos, o de canções que brincam e reverenciam a jovem guarda e até com a música dita como brega. Mas isso acontece com o filtro roqueiro e meio pós-punk/new wave da banda de Arnaldo.

A faixa-título do disco é uma boa demonstração disso ao vivo, com corinho de papapa, acordes maiores e batida “pra cima”, sem um tema específico motivando as palavras. Já “Envelhecer” e “Invejoso” seguem o ritmo animado, mas com foco em um assunto.

Arnaldo Antunes consegue inclusive fazer com que outras canções de sua carreira fiquem adequadas à proposta do trabalho atual. Ele tenta fazer de “Socorro” um hino pop e se sai bem-sucedido. Mas é “Consumado”, do disco Saiba que se adapta melhor à Jovem(van)Guarda. É também a hora que Arnaldo escolhe para descer do palco e encontrar o público espremido frente à grade. O resultado, com todas aquelas mãos levantadas, com o cenário de concreto e céu azul, foi um dos momentos mais belos de 2010.




As músicas de Iê Iê Iê e essas outras da discografia de Arnaldo Antunes funcionam muito bem e ter um Edgard Scandurra ali na frente só ajuda, ainda mais quando tocam “Judiaria” de Lupicínio Rodrigues, que esquenta o final do show. “Vou Festejar” uma das usualmente estranhas escolhas de músicas de outros artistas para cantar, acaba fazendo todo sentido.

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