11 - Instituto
29/08/10 - Oi Futuro Ipanema
O ano de 2010 foi de muitas perdas para a cultura no Rio de Janeiro. Nos últimos meses vimos o anúncio do fim da loja de discos Modern Sound; o definitivo fechamento do Canecão depois de anos de brigas judiciais com a UFRJ; o adeus do Rio Fanzine, página do jornal O Globo que há mais de duas décadas falava sobre cultura fora do mainstream; e o mais doloroso para mim, o óbito do Cinematheque, um dos poucos lugares para assistir bandas que realmente interessam, conforme já expliquei por aqui.
Mas uma certa lei de compensação universal pairou sobre nossa cidade, pelo menos no caso do Cinematheque. Durante vários meses o Oi Futuro de Ipanema, inaugurado no fim de 2009, recebeu alguns dos melhores grupos desse cenário alternativo que nos importa.
Siba e a Fuloresta, Mombojó, o já citado show do BNegão e Seletores de Frequência, Canastra, Songoro Cosongo, Los Sebosos Postizos, Eddie, Abayomy Afrobeat Orquestra, Cérebro Eletrônico, Del Rey. Esses e muitos outros tiveram direito cada um a um fim de semana em um lugar com excelente som e iluminação e show na maioria das vezes lotado. A capacidade máxima é de umas 150 pessoas, ok, mas fica bonito mesmo assim.
E dentre esses shows no Oi Futuro Ipanema acho que o que causou mais impacto foi do Instituto. O coletivo paulistano só trouxe o multinstrumentista e produtor Daniel Ganjaman como representante do trio fundador, que inclui Tejo Damasceno e Rica Amabis.
Detrás da tecladeira, Ganjaman comanda um time de músicos que inclui o onipresente baixista Rian Batista, criando grooves e bases muito boas. Mas eles são "só" a rede de apoio para três reis da rima paulista. O Instituto começa com os rappers Kamau e Funk Buia.
Kamau, autor de uma das músicas mais bonitas da década passada (“Poesia de Concreto”), além de ex-integrante do coletivo Quinto Andar, e hábil improvisador. Funk Buia faz parte do grupo Z’África Brasil e não precisa de muito mais do que seu bordão “vai vai vai vai vai vai” para empolgar geral.
Um pouco depois, se junta aos dois a grande revelação dos últimos anos no rap nacional. Emicida chega tentando fazer cara de mau, com o gorro do casaco escondendo parte da cabeça, mas isso não dura muito tempo; os três juntos não pararam de rir a maior parte do show, um curtindo com a cara do outro, tudo na camaradagem.
Os três, em especial Kamau e Emicida, mostram alguns dos seus raps de própria autoria, com os arranjos elegantes do Instituto. Mas os melhores momentos são nas improvisações. É na rima pensada na hora que eles acabam o show de forma espetacular.
Usando objetos que pediram que o público tirasse do bolso e mostrassem, eles iam jogando nos versos o Ipod de um, o isqueiro do outro, o chaveiro mais à frente, enquanto desciam do palco e se misturavam no meio da turma embasbacada com a performance deles. Que o Oi Futuro resista muito mais tempo para nos proporcionar esses momentos.
2 comentários:
oi!
boas noites. muito legal teu blog.
mas tenho uma observação meio seria a fazer.
que voce pesquise um pouco mais sobre a questão canecao ufrj. porque este fato nao está inserido numa perda, e sim num ganho.
procura procura por curiosidade que seja porque.
com amor!
anonimo, é possível que haja um ganho futuro. É possível.
Eu mesmo tenho um zilhão de críticas ao Canecão, preços, programação, etc.
Mas em 2010 foi uma perda. Perdemos um espaço que mal ou bem abrigou grandes shows da música mundial.
Se a partir de 2011 vai ser um ganho? É a nossa torcida.
abs e obrigado
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