15 - Silvia Machete
24/09/10 - Teatro Rival
27/10/10 - Circo Voador, Festival Mola
Silvia Machete, entre as muitas proezas que é capaz de fazer, conseguia manter uma piada ou gag interessante e engraçada mesmo depois de repeti-la diversas vezes. La Cumbuca já registrou e comentou em várias oportunidades o que acontecia durante suas performances.
O “quadro” mais comentado é quando ela, rebolando com um bambolê, prepara um cigarrinho caseiro, tirando os ingredientes debaixo de suas diminutas peças de roupa. Ao final, com uma taça de líquido colorido, combinado com a fumaça do cigarro, bolinhas de sabão saem de sua boca.
E assim foi acontecendo por uns três anos, tocando as músicas do seu primeiro cd independente, Bomb of Love, depois repaginado no cd/dvd ao vivo Eu não Sou Nenhuma Santa. Este ano, ao lançar o disco novo, muita coisa mudou.
A banda, de formação meio flutuante, se fixou. O figurino e o cenário foram modificados e agora os cabelos são curtos e sem a indefectível pomba empalhada que adornava sua cabeça. Quase todas as músicas do primeiro disco deram lugar a faixas de Extravaganza, o novo cd.
As brincadeiras durante as músicas, como consequência, também mudaram. Há, agora, o momento em que cada músico tem a oportunidade de mostrar sua habilidade. Subvertendo a lógica de que cada um faria um solo com seu instrumento, o guitarrista Fabiano Krieger imita um trompete com a boca, o baixista Bruno di Lulo pega uma traquitana tecnológica para fazer barulho, o trombonista Roberto Silva mostra seu dom no sapateado, o baterista João Di Sabatto revela seus dons de cantor de bolero e o vibrafonista (!) Artur Dutra declama um trecho de um livro.
Em “Underneath The Mango Tree”, cada um deles recebe de Silvia uma peruca representando um animal da selva cenográfica e vão para frente se transformar em um harmonioso grupo vocal. Faz sentido para você até agora? Não? Que bom. O humor cada vez mais nonsense pontuado pelas brincadeiras e falas improvisadas / decoradas de Silvia me fazem pensar que ela se encaminha cada vez mais perto de um híbrido entre Monty Python e Carmen Miranda.
Nos dois shows, tanto do Teatro Rival quanto no Circo Voador, o novo número de maior sucesso é durante a música “Baixo”. Nele, Silvia contracena com um contrabaixo de forma sensual, lânguida e... epa, a coisa fica mais quente e ao mesmo tempo ridiculamente engraçada.
A atuação digna de Cine Privê junto ao instrumento foi o momento mais divertido... mas e as músicas? Fica claro que elas funcionam muito melhor ao vivo que em estúdio mesmo que elas não sejam somente uma desculpa para o circo macheteano. As escolhas são acertadas e o destaque fica por conta da animada “Manjar de Reis”.
“Toda Bêbada Canta”, uma das poucas (ou única) sobreviventes de Bomb of Love, também continua agradando. Como velhos hábitos são difíceis de largar, Silvia Machete recorre ao velho amigo bambolê e ao cigarrinho caseiro com bolinhas de sabão. Um caso de vício saudável.
Dedico o texto aos maiores machetólicos anônimos, Fábio Fernandes e sua namorada Helena.
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