Amálgama
Quando anunciam-se duas bandas para uma apresentação no Circo Voador, imagina-se que uma será a atração de abertura, tocando poucas músicas, e a outra será a atração principal. Pelo menos costuma ser assim por lá.
Não se duvida que a maior parte do público veio para assistir Mombojó. Mas a parceria já de alguns anos com China, quando juntos formam o Del Rey, onde recriam, à maneira deles, sucessos e músicas obscuras de Roberto Carlos, fez valer uma sintonia onde não houve intervalo entre um artista e outro.
Os caras do Mombojó foram entrando enquanto China e sua H.Stern Band permaneciam, para executar músicas de ambos, além de dar de presente para o pessoal um sucesso do rei, "Não Serve Pra Mim".
Antes disso China já havia mostrado músicas de seus dois trabalhos, priorizando o mais recente, Simulacro. No palco, ele não para de se movimentar, com seu jeito bem característico de dançar, e seu som, que eu não saberia classificar de outra forma que não fosse mangue pop, conquistando um Circo Voador que já estava cheio.
O fato do Circo estar cheio é no mínimo interessante, já que estávamos num semi-feriadão, com uma competição de motos no sambódromo e um tempo não tão convidativo para sair, o que me leva a imaginar que as pessoas saíram de casa e estavam ali realmente para ver shows de artistas que não estão no rádio nem outras mídias tradicionais.
Assim como o título de uma música de China, talvez seja "a canção que não morre no ar", o que pode mostrar a força das músicas do Mombojó. De volta ao Rio pela primeira vez desde a morte do flautista Rafa e da saída do violonista Marcelo Campello, tiveram uma bela recepção, com músicas cantadas em coro pela platéia, transformando-se quase numa apresentação messiânica, não fossem os ritmos tão variados e quebrados dentro de uma mesma música. Entre cantar com as mãos pro alto, sambar, dançar electro-pop como um robô em 1984 e entrar numa roda de pogo, tudo era era possível.
Os arranjos sem os instrumentos (e instrumentistas) agora ausentes não ficaram prejudicados, e o grande destaque é o tecladista Chiquinho, que discretamente de sua base comanda a maior parte das melodias.
O vocalista Felipe S assume uma segunda guitarra nas três músicas novas que são apresentadas, o que pode ser que mostre quais serão os novos caminhos da banda. As músicas novas são um pouco estranhas e retas demais, chegando a me lembrar Coldplay, com exceção da última que pareceu mais interessante.
Após um bis arrasador, eles voltam para um segundo bis trazendo China, a H.Stern Band e transformam o Circo no reino da alegria de "Deixe-se Acreditar". O show acabou sendo bem amarrado demais para sentir falta das explosões d'A Missa.
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