Sempre que eu penso no Ratos de Porão atual, o que imagino é uma máquina. Uma máquina que mói carne, tritura ossos, faz barulhos aterrorizantes e despeja o seu produto à 500 km/h acertando em cheio e sem piedade uma parede de concreto que vai desgastando até ceder e virar poeira. O que entendo por Ratos de Porão "atual" é a banda a partir do EP Guerra Civil Canibal. Não que antes não fosse bom.
É do período anterior a grande maioria dos clássicos da banda, todas tocadas no show: "Morrer","Aids, Pop, Repressão", "Plano Furado II", "Caos", "Crucificados Pelo Sistema", "Amazônia Nunca Mais", "Beber Até Morrer", "John Travolta", "O Dotadão Deve Morrer". Mas a partir do Guerra Civil Canibal que a unidade que eles apresentam no show também vinha dentro das músicas gravadas em estúdio. Peças com um ajuste incrível que mesmo as mudanças de baixista (atualmente Juninho ocupa o posto) não fez perder a precisão e, principalmente, a diversão.
Pois lá está Juninho encurralando com seu baixo um moleque que subiu no palco e não sabia bem o que fazer. Há uns dois anos atrás, quando Ratos de Porão tocou pelo última vez no Circo Voador, molecada subindo no palco foi um problema que quase estragou a gravação do DVD ao vivo até hoje não lançado (por frescura da banda, segundo João Gordo) e tornou o show uma mistura de tensão, irritação e preocupação para músicas e banda, especialmente para o guitarrista Jão, que teve os pedais da guitarra desligados umas duas vezes.
Mas isso foi há dois anos atrás. Desta vez o clima era outro, com João Gordo tecendo elogios ao público e mesmo um mais esperto pegando uma latinha de cerveja do palco, gerou mais risos (e xingamentos) por parte do João Gordo do que qualquer outra coisa. Jão também parecia bem mais animado e talvez a melhor expressão seja "possuído". Sobre o baterista Boka, nem precisa dizer, é o motor da máquina a cada dia mais suja e agressiva.
Fotos do show:
http://lacumbuca.multiply.com/photos/album/163
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