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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Jonathan Richman revela o Rio

Jonathan Richman - 17/04/10


Expectativa é uma coisa engraçada. A impressão da maioria dos presentes para assistir Jonathan Richman no Circo Voador era de decepção com o fato que havia ali um pouco mais de 60 pessoas para ver um show histórico, um dos momentos mais especiais dos que já aconteceram na tenda da Lapa.


De minha parte eu já previa que não haveriam mais de 100 pessoas no Rio de Janeiro dispostas a prestigiar a apresentação do influente cantor e compositor. E porque isso? É porque "show no Rio não dá certo", "a gente só quer saber de praia", etc? Não necessariamente.


Segundo relatos, tanto os shows de Social Distortion no dia anterior, no mesmo Circo Voador, quanto o Agent Orange no domingo, na ex-Drinkeria Maldita, dois grupos veteranos de punk rock, tiveram ótimo comparecimento de público. Então porque tão pouca gente nesse show?


Jonathan Richman - 17/04/10


Provavelmente há mais de um motivo para isso, mas o principal é que ninguém conhece Jonathan Richman aqui na cidade maravilhosa. (os grupos punk já citados aqui são conhecidos por um nicho de público que pode não ser volumoso mas é fiel, assim como o pessoal do metal, do reggae, do rap, do mangue beat costuma ser por aqui) Aparentemente nem o Modern Lovers é conhecido aqui, grupo que ele criou nos anos 70 e de certa forma é uma das bases para o surgimento do punk rock.


A carreira de Jonathan Richman transcende rótulos, indo do proto-punk influenciado por Velvet Underground ao menestrel de rock com o som mais básico, despido de qualquer produção adicional e contando com não mais que um violão e uma bateria.


Melhor seria se houvesse pessoas que não o conhecessem, mas estivessem dispostas a isso - e isso aconteceria se o Marcelo Camelo tivesse aberto o show, como foi cogitado. Por outro lado, as pessoas que estavam dentro do Circo Voador tiveram como contraste à revelação da quantidade de fãs de Jonathan Richman no Rio de Janeiro a certeza que estiveram diante de um momento único na história da música, que fez frente a shows como do Franz Ferdinand no Circo ou do que sempre dizem do show do Echo and the Bunnymen no Canecão em 1987, mas de uma maneira completamente diferente desses shows incendiários.


Jonathan Richman - 17/04/10


E é assim que o Rio de Janeiro é hoje. E apesar de tudo eu acho ótimo que, contra todos os prognósticos, tenha gente como a produção do Circo Voador com coragem o suficiente para nos proporcionar esses momentos, mesmo que sejamos tão poucos. O show? Foi atípico até mesmo por começar não muito depois do horário marcado.


A formação no palco é a síntese da simplicidade, com a bateria de Tommy Larkins na frente do palco, do lado de Jonathan Richman. O olhar de Tommy constantemente focado no cantor denuncia o método de improviso que Richman possui na hora de escolher as músicas do repertório. Esse improviso e essa simplicidade pode fazer parecer que se trata de algo desleixado. Talvez. Eu não acho. É dessa forma que sobressai a qualidade das composições de Richman, diretas e sem significados ocultos.


Jonathan Richman - 17/04/10


E a paixão com que canta suas próprias palavras. Prova de que gosta tanto das palavras é que as canta em inglês, espanhol, italiano, francês e até hebraico! Outra prova da relação com suas canções aconteceu quando vinham pedidos da platéia que ele estava sempre atento, com olhar meio atônito. Os pedidos de Maurício Gouveia, da Baratos da Ribeiro eram atendidos com uma expressão de "era essa mesma que eu queria tocar!", vinda de Richman.


Sua performance é um misto de Elvis Presley com David Byrne na época do Talking Heads (que inclusive é posterior ao Modern Lovers de Richman). O violão era levantando e girado junto a seu corpo e muitas vezes não captado pelo microfone à frente. às vezes era preterido por instrumentos de percussão.


Jonathan Richman - 17/04/10


Entre as muitas músicas que Richman tocou estiveram "That Summer Feeling", "Cosi Veloce", "Not So Much To Be Loved As To Love", "In Che Mondo Viviamo", "És Como El Pan", "When We Refuse To Suffer", a mais ou menos famosa "I Was Dancing At The Lesbian Bar" e a grande surpresa "Pablo Picasso" do Modern Lovers (acho que tocaram essas, mas posso estar errado já que não havia setlist). Não sei se lendo isso você consegue entender o quão mágica foi essa noite. Você devia ter ido lá pra ter entendido.


Fotos do show


Jonathan Richman - 17/04/10

4 comentários:

Matheus Pinheiro disse...

A menina sentada no meio da pista resume bem.

Diogo disse...

Fui no de São Paulo dia 15, havia mais ou menos umas 400 pessoas na Chopperia do Sesc Pompéia (inclusive uns famosinhos, tipo o Fabio Trummer do Eddie) e tive a mesma impressão sua, achei a performance bem parecida com as do David Byrne, Richman deve ter sido uma grande inspiração para ele.

Marcos Xi disse...

Excelente resenha, Otaner.
Mas cara, 'abrido'?

Otaner disse...

Xi! Errei mesmo. Já corrigi, obrigado, Marcos!