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quinta-feira, 3 de março de 2011

Cidadão Instigado, Dado Villa Lobos e a cena



Sábado, Teatro Rival, Cidadão Instigado. Passada a evolução, estávamos com a razão abafada pelo som. Vendidos ao instinto do palco, o mais importante era aproveitar o máximo a banda que não passava pelo Rio há mais de um ano. Já na metade, uma surpresa quando Dado Villa Lobos surgiu no palco com uma camisa do Blur. Nenhum receio para a continuidade do espetáculo, a novidade não espantou.

Se eu não nutria expectativas para um show do Cidadão, agora dou total razão para quem sofria com a ansiedade. Fernando Catatau (guitarra, toca com Otto, Arnaldo Antunes e incontáveis pessoas ilustres) tem salvo conduto para qualquer crime que cometa um dia, é impressionante a potência da guitarra. Sem medo, ele estoura cada nota na caixa de som como um lampejo de genialidade compartilhada, tinha dúvidas se era som ou uma ilusão imaginativa. Junto com a ótima banda, sustenta a incrível psicodelia-brega e faz um dos melhores shows do Brasil. No final você fica de cara e percebe que eles chegaram no nível Nação Zumbi da coisa.

E o Dado apareceu. Eu não sou fã de Legião, assim como não sou chato no nível de cruzar os braços e ignorar o ex-companheiro de Renato Russo. Presenciar a devoção do guitarrista mais talentoso do Brasil a um ídolo in loco sensibiliza qualquer um que curte música. A forma impecável em que a banda produziu as músicas da Legião obrigam a rever todo conceito ruim guardado. A apresentação impecável lembra a gente de um detalhe que muitas vezes passa batido: quantos encontros fodas acontecem no nosso quintal.

Eu invejo muito os sortudos do YouTube. Pessoas que são pegas gritando quando o James Murphy mandou 'New York' com 'Empire State of Mind', o Franz Ferdinand tocando com a Poly Rythmo... E outros numerosos exemplos que registram o ineditismo. No último sábado foi a minha vez. Lembrei que aqui também existem esses momentos e não deveriam passar batido como, muitas vezes, passam. Não é nem o caso desse evento em questão (certamente você já deve ter visto isso em outros blogs), mas outros tão especiais quanto permanecem ocultos na memória de poucos. E com o tempo isso vai se perdendo, as pessoas se esquecem ou perdem a certeza do que realmente aconteceu - um dos sonhos do La Cumbuca é preencher parte dessa lacuna. Na minha memória de dezoito anos, tenho um lugar especial para a performance Do Amor no festival Fora do Eixo, Jonathan Richman para sessenta pessoas no Circo, apresentação da super banda Orquestra Imperial (diga-se a verdade, tem um dos melhores times da música brasileira), Jeneci no início do ano e todas as noites do Ronca Ronca (festa capitaneada por Mauricio Valladares no RJ).

Quero sentir a memória envelhecer, mas guardar comigo o orgulho de ter participado disso. E continuar me surpreendendo com o quão prazeroso isso é.

Um comentário:

Cesar Lopes disse...

Eu já nutria muita expectativa por esse show, expectativa essa recompensada por um show espetacular dessa banda que (concordo) está "no nível Nação Zumbi da coisa". E como eu sou fã de Legião, achei muito emocionante ver a união de músicas do Renato Russo com toda peculiaridade musical do Cidadão Instigado. E o Catatau nitidamente emocionado com isso foi impagável. Agora é aguardar o show do Rock in Rio... Valeu por mais um ótimo texto, Túlio!