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terça-feira, 12 de maio de 2015
Vídeos e Fotos: Camisa de Vênus no Circo Voador (09/05/15)
Ainda Botando Pra Fuder*
O Camisa de Vênus sempre foi um dos patinhos feios do BRock. Desde o polêmico nome da banda (o que hoje em dia parece até piada) até as letras, passando pela língua afiada do líder Marcelo Nova, o grupo nunca foi do tipo de frequentar Festas Plocs, por exemplo, apesar do hit inquestionável Eu Não Matei Joana D´Arc.
Imbroglios judiciais à parte (existe uma disputa entre ex-integrantes e dois Camisas de Vênus excursionam pelo Brasil neste momento), o grupo que se apresentou na lona voadora conta com apenas dois participantes da formação original: Marcelo Nova (voz e guitarras) e Robério Santana (baixo). Completam o time: Drake Nova, o filho do homem (guitarra), Leandro Dalle (guitarra) e Célio Cadillac Glouster (bateria). Tour caça-níquel? E se fosse? O Camisa já foi muito prejudicado pela postura rebelde e tem todo o direito de faturar uma grana com o seu legado.
O lugar escolhido para o primeiro show da turnê comemorativa aos 35 anos da banda não poderia ter sido outro, afinal o a história da banda está ligada diretamente ao Circo Voador e o próprio Marcelo confirma: “Quando saímos de Salvador, o primeiro porto onde encostamos a nossa nave foi aqui.".
Marcelo ainda aproveitou para esclarecer (e alfinetar os ex-companheiros), "a última vez que o Camisa de Vênus fez uma turnê foi em 1987. De lá pra cá fizemos algumas reuniões mas eram sempre três shows aqui, dois acolá, uma tour propriamente dita esta é a primeira desde 1987.". E, agradeceu aos fãs fieis: "Obrigado a vocês todos por continuarem aqui.”.
Músicas dos três primeiros discos foram executadas, um clássico atrás do outro e até três lados b foram lembrados: Rostos e Aeroportos, Passatempo e A Ferro e Fogo. Não tinha espaço pra novidades e nem precisava. A música mais recente do setlist foi Muita Estrela, Pouca Constelação (primeira parceria entre Marceleza e Raul Seixas), de 1987, do último disco com a formação original. Aliás, a música foi dedicada a Roberto Frejat que estava presente no local.
O máximo de inovação no show foi um ukulele usado por Drake na introdução de Só o Fim. O que me intrigou, inicialmente. O que um instrumento tão fofo estava fazendo ali no palco? O cavaquinho havaiano não combina em nada com o som ogro do grupo.
Um Marcelo Nova menos falastrão, mais econômico nas palavras... econômico demais até, porque em várias músicas ele simplesmente não cantava, fato que não fez a menor diferença pois o show tinha um clima de karaokê com a banda deixando a maioria das canções nas vozes do público e no reforço de Drake e Leandro.
A reverência do público foi reconhecida por Marcelo, “bom constatarmos que canções que fizemos há tanto tanto tempo atrás continuam no coração e na memória de vocês, obrigado de verdade. Aos que nos acompanham há 35 anos botem pra fuder e aos que estão chegando agora também botem pra fuder”. Aliás, o lema do grupo, bota pra fuder (*com U mesmo), foi ouvido, ininterruptamente por todo o show, num mantra bonito de se ouvir.
Sobre algumas músicas (Deus, Me Dê Grana e O Adventista, por exemplo), o vocalista disse que são são canções até mais relevantes agora do que quando foram feitas há 30 anos atrás e que se, hoje, fizessem algo como Bete Morreu ou Silvia seriam crucificados ali mesmo, nos Arcos da Lapa, já que existe "essa coisa insuportável do politicamente correto que acabou com o sentido de crítica e ironia no convívio social". E completou, sentenciando: "Hoje em dia, todos tem verdades irrefutáveis na internet".
Momento de arrepiar, da mais pura ironia e que ficará por um bom tempo na memória: a imensa roda de pogo comendo solta lá embaixo e, no palco, a banda tocando O Adventista com Marcelo e Robério ajoelhados rezando o Pai-Nosso. Não vai haver mais amor neste mundo nunca mais.
Você pode ver alguns vídeos da abertura do show, com o Beach Combers, aqui.
O Camisa de Vênus tocou 16 músicas e eu gravei 14 que você pode conferir aí embaixo:
Ou, se preferir, clique aqui.
Lista de Músicas:
- Bota Pra Fudê (abertura do show)
- Hoje
- Bete Morreu
- Rostos e Aeroportos
- Deus, Me Dê Grana
- Gotham City
- Negue
- Muita Estrela, Pouca Constelação
- Só o Fim
- O Adventista
- My Way
- Simca Chambord / Be Bop a Lula / Shake, Rattle and Hum
- Silvia
- Eu Não Matei Joana D´Arc (apresentação da banda / encerramento do show)
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