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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Circo Voador - A Nave, uma pré-estreia no estilo Circo Voador (22/10/2015)






O filme Circo Voador - A Nave estreiou na última sexta-feira no Rio de Janeiro - a relação completa de cinemas onde está sendo exibido está aqui e a pré-estreia aconteceu na quinta no Odeon, com direito a comemorações que vararam a madrugada no próprio Circo Voador, com shows da Nação Zumbi, Hamilton de Holanda, Beach Combers, um combinado de vários artistas cariocas que começam a despontar e montes de convidados (Tulipa, D2, BNegão, Otto).









No Odeon a festa começou antes da exibição do documentário, com performance da Orquestra Voadora do lado de fora. Ainda que uma chuvinha fina aparecesse de vez em quando, até mesmo pessoas que passavam e não iam entrar para ver o filme paravam para ver os integrantes da Voadora mandando seu repertório variado e fanfarronizado.









Do lado de dentro, várias gerações que fizeram, fazem, acompanharam e acompanham uma das casas de shows mais emblemáticas do país aguardavam animadas para a abertura da sala de cinema, que abriu um pouco depois do horário previsto. Também surgia um papo que a luz só estava sendo possível no Odeon graças a geradores.














Afinal de contas, era um filme sobre o Circo Voador. Então fazia sentido o clima levemente caótico antes da projeção, sem necessariamente prejudicar as emoções que aflorariam pela plateia no decorrer do documentário. Como foi dito por alguns dos entrevistados para a película, sempre existiu debaixo da lona uma espécie de "caos do bem", que no fim das contas é em grande parte responsável por momentos únicos vividos no Arpoador e, posteriormente e até hoje, na Lapa.




Com as portas abertas, entraram os espectadores e entrou também a Orquestra Voadora.









Após algumas palavras do DJ Lencinho, de Maria Juça, que tem estado à frente do Circo nas últimas décadas, e da diretora Tainá Menezes, o filme já tem um momento inusitado antes mesmo de começar, quando aparece na tela o aviso de que é proibido fumar (prontamente e marijuanamente desrespeitado alguns minutos depois).








Dá para dizer que o filme é dividido em três partes, amparados por depoimentos atuais (com a fotografia e edição às vezes brincando e dando uma impressão de ser mais antigo) de alguns artistas e pessoas que fizeram parte da história da casa e uma farta documentação em vídeos e fotos.




A primeira parte trata do início do Circo, da mudança do Arpoador para a Lapa, das loucas misturas de artistas, representado principalmente pela noite que abrigou sob a lona a banda punk Coquetel Molotov e... Tim Maia. Impressiona também alguns registros pela boa qualidade, em especial do Barão Vermelho, ainda com Cazuza à frente da banda e participação de Caetano Veloso. Mas tem também Legião Urbana, Titãs, Camisa de Vênus e muitos outros.





A "segunda parte" vai dos mais loucos ainda anos 90 até o fechamento do Circo, onde nomes como D2, BNegão e Marcelo Yuka passam a ter espaço para contar suas histórias como público pagante - ou não-pagante, já que alguns deles faziam de tudo para entrar sem pagar - e depois como artistas, com espaço para os antológicos shows do Planet Hemp na lona.




O fechamento do Circo em 1996 tem alguns dos melhores momentos do filme, com o "diálogo" entre os depoimentos atuais do ex-prefeito César Maia e o vocalista João Gordo do Ratos de Porão. Foi Cesar Maia quem fechou o Circo depois que seu candidato Luiz Paulo Conde foi comemorar a vitória para a prefeitura no Circo Voador justamente no dia de um show do Ratos e dos Garotos Podres. O resultado dessa decisão estúpida nos custou a todos que gostamos de música uns 8 anos...




A parte final fala sobre o processo de reabertura do Circo e os tempos atuais. É certo que devem existir muitos registros audiovisuais dos últimos dez anos e são muitas as opções do que poderia ser mostrado e qual a narrativa a ser seguida entre tantas coisas que aconteceram ali de frente para os Arcos da Lapa.




Poderiam ter rolado os shows internacionais de bandas que desejavam se apresentar sob a mística do lugar, as fanfarras e blocos e suas oficinas durante a semana, os festivais produzidos pelo pessoal do Circo, como o saudoso Mola, novas gerações de músicos como Jeneci, Tulipa e Letuce... Em vez disso, um espaço generoso para um show da Mart'nália e alguns trechos de uma das edições do Circo Digital.




Pelo menos um momento marcante pós-reabertura é plenamente justificado, quando Rita Lee anuncia no palco sua aposentadoria - aquele seria seu penúltimo show. Apresentações da Nação Zumbi, uma constante e certeza de catarse nos últimos anos também comparece, além da simbiose entre Otto e sua plateia.




Mesmo que a fase após a reabertura pudesse ter sido melhor aproveitada, o documentário Circo Voador - A Nave vai agradar tanto a quem gosta de música quanto a quem quer assistir a uma boa história. Mas foi especial ver tudo isso junto daquelas pessoas que fizeram essa história. Vai ser difícil reproduzir em outras sessões a algazarra causada quando Ivo Setta, figura que está no Circo desde o começo, aparece. E assim se repete em diversos momentos, onde mesmo que você não conhecesse aquele ali por quem estava todo mundo aplaudindo, podia ter uma ideia de sua importância para o que temos hoje.









No Circo Voador, após o filme, só conferimos o começo, com os Beach Combers.










Como já dissemos, a festa nesse dia varou a madrugada. Mas de repente, como escrito no título em português de um outro filme musica, a festa nunca termina...





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