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quarta-feira, 23 de maio de 2018

Vídeos: Congos, Slackers e BNegão e Seletores de Frequência no Circo Voador (18/05/2018)





Os ritmos oriundos da Jamaica como o reggae, o dub e o ska com o passar dos anos dominaram o planeta e, em cada parte que foram chegando, também ganharam sotaques e características que não possuíam em sua origem, enquanto lá onde tudo começou novas curvas e formatos também foram aparecendo nas cabeças cheias de fumaça e dreadlocks.







A noite de sexta no Circo Voador pudemos ter um panorama de algumas dessas origens e ramificações dos sons jamaicanos. Começando com uma abertura de luxo. BNegão & Seletores de Frequência tem público e repertório para mais do que um simples "abrir de trabalhos", mas aproveitando que farão alguns shows tocando a íntegra do disco de estreia Enxugando Gelo, porque não aproveitar e aquecer com um combinado de sua discografia onde a terra de Lee Perry se faz mais perceptível?







Isso resultou em um setlist pouco comum ao habitual do grupo, com muitas ausências, uma ou outra surpresa e habituais arrasa-quarteirões, caso de "Prioridades". Mas o mais interessante foi perceber que na guitarra está Ulisses Cappelletti, herói da guitarra no underground carioca dos anos 90 quando tocava no Squaws, mantendo a característica que BNegão tem de arregimentar/resgater elementos que fizeram e fazem parte da cena musical do Rio.







The Slackers foi a atração seguinte para mostrar como os sons da ilha caribenha transformaram algumas cabeças em Nova York nos anos 90. Embora façam parte daquilo que ficou conhecido como "terceira onda do ska", diferente de vários de seus contemporâneos o Slackers carregou bem menos no punk rock e no hardcore, se aproximando de outros gêneros, notadamente uma mistura de swing-jazz-lounge-calipso que combina bem com os ternos dos músicos. Poucas músicas ajudam a explicar o som do Slacker melhor do que "Sarah" (vídeos abaixo).







Além dos ternos, na parte visual também chama atenção o baixista Marcus Geard que toca com seu instrumento apoiado em cima de um banquinho na vertical, como se fosse um daqueles contrabaixos acústicos enormes, enquanto na frente fica o trombonista Glen Pine, que divide as funções do vocal com o tecladista Vic Ruggiero. O resultado disso é um som bastante festivo e divertido, com direito a "A Minha Menina", música dos Mutantes composta por Jorge Ben Jor. Vindo várias vezes ao país desde o meio da década passada, não passavam pelo Rio há 8 anos e compensaram bem o tempo ausentes.







Assim como os Slackers, não é a primeira vez do The Congos no Brasil. Ano passado mesmo passaram pelo país, mas assim da mesma forma que o grupo nova-iorquino não fizeram escala no Rio e não passavam por aqui faz tempo. Voltam agora e, como bônus, com o grupo vocal completo, formado por Cedric Myton, Ashanti Roy, Kenroy Fyffe e, retornando às fileiras, Watty Burnett. Acompanhando eles pelo Brasil, o grupo Leões de Israel.







Mas antes dos Congos, foram os Leões que abriram acompanhando o músico francês Rod Anton. Francês com conexões brasileiras, não precisa investigar muito sabendo que ano passado lançou um disco chamado Ubatuba. O som é um reggae mais tradicional (o chamado reggae roots), competente e boas composições e bem recebido pelo público, mas a madrugada já pedia The Congos.







Quando o quarteto entrou no palco do Circo mesmo a pessoa mais cansada não teria como deixar de recuperar a energia. Quatro senhores de idade portando vastas barbas brancas, mas pulando e levantando os braços com a mesma disposição que provavelmente tinham há mais de 40 anos atrás, quando lançaram o disco Heart of the Congos, base de boa parte do repertório, com destaques para "La La Bam-Bam", "Fisherman", "Children Crying", "Sodom and Gomorrow" e "Fisherman".







Um disco conhecido pela produção de Lee "Scratch" Perry, e o Circo é tomado pela sonoridade cheia de ecos e psicodelia enquanto o baixo pesado segura a onda. Nos transportam de forma bem adequada para aquelas gravações, mas com a força ao vivo dos Congos. Dos quatro, o mais animado é o líder Cedric Myton, que volta e meia se apresenta solo por aqui.







Barba e dreadlocks totalmente grisalhos, mas o boné pra trás e a movimentação incessante no palco denunciando a alma de menino. Tão menino quanto alguns dos vocais com falsete que faz, enquanto os outros três buscam alguns outros tons, dos mais suaves aos mais graves, formando um gospel-reggae que dá vontade de se converter a Jah Rastarfi. Afinal de contas, essa foi uma daquelas noites em que pudemos comprovar com peças fundamentais como a música da Jamaica se espalhou pelo mundo.







Vários vídeos dos shows gravados.


Clique aqui ou abaixo:

Músicas:

The Congos - "Lost Sheep" - Circo Voador

The Congos - "Children Crying" - Circo Voador




Clique aqui ou abaixo:

Músicas:

The Slackers - "Sarah"

The Slackers - "Propaganda" (trecho)

The Slackers - "I Still Love You"

The Slackers - "Wasted Days" (trecho)

The Slackers - "Have The Time"

The Slackers - "Keep It Simple" (trecho)




Clique aqui ou abaixo:

Músicas:

BNegão & Seletores de Frequência - "Nós (Ponto de Mutação)"

BNegão & Seletores de Frequência - "Prioridades"

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