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domingo, 20 de setembro de 2009

Festival Garimpo: Bluesatan, Rockz, Violins

Belo Horizonte, 6 de setembro de 2009

(Sobre o dia 05, leia aqui)



No domingo, mesmo sendo feriado no dia seguinte, o público foi um pouco menor, mas ainda assim encheu o pequeno Studio Bar. Aliás, que ótimo lugar para os shows, um pouco menor que o Teatro Odisséia aqui do Rio, com um som muito melhor, vários ambientes, organizado... Apesar da quantidade ser menor, os presentes se mostraram muito mais receptivos à primeira banda, entusiasmados com a segunda e alucinados com a terceira. Começando com a primeira. Bluesatan gerou olhares curiosos com um rock que eu não saberia bem como rotular para facilitar a compreensão de quem estiver aí lendo. Baixo distorcido em algumas músicas e vocalista com um tom às vezes mais falado que cantado, com destaque para a versão de "Personal Jesus" do Depeche Mode.


Blue Satan - 06/09/09


Embora os músicos tenham esbanjado competência, Bluesatan não estava empolgando muito a ponto de alguém sair de lá e querer procurar conhecer mais da banda. A coisa só esquentou quando César Maurício foi chamado ao palco e cantou duas músicas pelas quais sua ex-banda, Virna Lisi, era conhecida: "Eu Quero Essa Mulher" e "Esperar O Quê?".



A segunda banda foi Rockz. Banda já comentada várias vezes aqui no La Cumbuca. Nessa nova fase da banda, com o guitarrista Gabriel Muzak nos vocais, acho que foi o show com o melhor som, melhor até do que quando eles abriram para o Mudhoney no Circo Voador. A performance da banda também esteve particularmente inspirada nessa noite. Não sei se dizer se foi a melhor que já vi, porque eles sempre, sempre mantiveram o nível de artilharia lá em cima em todos os shows.


Rockz - 06/09/09


Talvez essa noite ganhe das outras por pontos, o que é um feito incrível de superar outros shows impressionantes que eles já fizeram. Muzak já consegue cantar todas as letras das músicas antigas e o resto da banda estava a mil. O guitarrista Nobru pulava e se movimentava como se fosse um show de hardcore, enquanto Daniel Martins se alternava entre o baixo e o teclado. Atrás, Pedrinho Garcia ditava o ritmo da banda na bateria, cada vez mais rápido em músicas como "Bombardeio Cego" e pesado em "Alienígenas" (bela performance vocal de Muzak) e "Hare Hare", esta bastante pedida por algumas pessoas.


Rockz - 06/09/09


No meio do peso e da rapidez, as batidas dançantes ainda se sustentam, tanto nas músicas que vêm do primeiro disco quanto em novas como "Divertido e Veloz" e "As Horas Passam Crazy" que estão no novo cd A Tão Sonhada Bicicleta. O público, que começou a assistir um pouco afastado do palco, foi se aproximando aos poucos, enchendo o salão e durante a barulhenta e filosófica "Tô Planejando" o clima era de festa completa no Studio Bar. Foi um daqueles típicos casos onde a energia de quem estava ali em cima foi sendo transmitida para quem estava embaixo, que por sua vez retribuía e mandava de volta para o palco a empolgação, completando o ciclo e fazendo a sintonia. No fim, vários elogios ao Rockz podiam ser ouvidos por ali.


Rockz - 06/09/09


Mal acabou o show do Rockz e várias pessoas foram se aproximando ainda mais do palco. Completamente justificável: esse era o primeiro show de re-retorno do Violins, que já anunciou o fim de atividades duas vezes, mas acabam voltando. Era também o primeiro show do Violins em Belo Horizonte em 6 anos. Logo, era a primeira vez que os mineiros (e eu) ouviam ao vivo músicas dos discos Grandes Infiéis (2005), Tribunal Surdo (2007) e Redenção dos Corpos (2008), além de músicas novas, que possivelmente estarão no próximo disco.


Violins - 06/09/09


A história da minha ida ao Garimpo na verdade começa com o anúncio feito pelo Violins de que ia tocar no festival. Quando eu vi no restante da programação que no mesmo fim-de-semana ainda tocariam Wado (gênio) e Mopho, a idéia de ir pra BH foi começando a ficar irresistível. Não consegui chegar no dia que Wado tocou, acredito que ele ainda toque um dia novamente no Rio.



Mas o Rio de Janeiro atual não parece ter interesse suficiente para que Mopho e Violins se apresentem por aqui, o que é uma pena. Claro, sempre resta esperança que empresas mils se animem em patrocinar eventos culturais que tragam essas e outras bandas de longe, que ainda não têm capacidade de vir até aqui com a garantia de retorno financeiro através da presença de público.



E é com essa pequena lamentação que volto ao show do Violins e as pessoas na beira do palco desde o fim do show do Rockz. Se ainda não são milhares de pessoas, já são uma centena, ou mais ou menos, que chegam à histeria quando Beto Cupertino e os rapazes tocam do Tribunal Surdo, "Anti-Herói, Pt. 1". É um desses momentos arrepiantes quando todas as pessoas estão gritando sílaba por sílaba cada palavra existente nos versos até que a música ganha peso e quem está ali na frente está pulando, cantando e se emocionando.


Violins - 06/09/09


Além de ser uma banda que conjuga bem peso e melodia, guitarras esporrentas e notas singelas no teclado, o grande pulo do gato do Violins são as letras que Beto escreve. Contundentes, originais, diversos tapas na cara e questionamentos que bandas de rock não costumam fazer. É fácil entender porque uma pessoa está lá gritando os versos das músicas de Violins porque eu sou uma dessas pessoas, emocionado em estar ali, ouvindo "Grupo de Extermínio de Aberrações", "Hans", "Atriz", "Entre o Céu e o Inferno", em versões que me parecem até superiores aos discos. Mostram que Violins é também uma tremenda banda em cima do palco.


Violins - 06/09/09


Os pedidos que acabam não sendo atendidos são muitos: "22", "Ok Ok", "Gênio Incompreendido", "Ensaio Sobre a Poligamia", algumas imploradas. Em compensação eles trazem logo entre as primeiras músicas uma que seria facilmente pedida por muitos: "Manicômio", um tipo de história forte e triste que o sussurro no final ("tenha.... cuidado!") até atordoa. Nas músicas novas há menos agitação entre os fãs, que tentam prestar atenção na letra. "Sinais de Trânsito", por exemplo, era completamente nova. A banda sai após "Manobrista de Homens" e após incessantes pedidos de bis, Beto volta sozinho para tocar mais duas: "Modus Operandi" e "Corpo e Só". Os fãs queriam(os) muito mais, mas ninguém saiu dali insatisfeito. Violins está de volta e sonhar com novos shows, perto ou longe, é permitido mais uma vez.


Violins - 06/09/09

Um comentário:

Pablodumb disse...

Esse dia do festival foi simplismente perfeito mesmo, principalmente a banda rockz que ja tinha feito show aqui em Bh e eu não conhecia ainda.
Descreveu bem demais esse dia!
Muito bom o post!