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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Passado: HPP 2009 - 20

Outro texto sobre dois shows do Humaitá Pra Peixe de 2009.






25/01/09
Dois Mitos

Bebeto Castilho e Wilson das Neves: sambas, bossas, histórias e humor



Foi uma noite das mais especiais, daquelas de ficarem marcadas como um dos muitos destaques que o Humaitá pra Peixe já teve nesses 15 anos de existência. Isso já estava claro desde quando foram anunciados como atrações Bebeto Castilho e Wilson das Neves, dois nomes que confundem a própria história com a história da música popular brasileira dos últimos 40 anos.



Ao mesmo tempo, mostravam ali uma trajetória de estar na frente do palco, cantando, que é mais recente que a idade do festival. Embora já tenham feito discos solo nos anos 70, foi nos últimos 10 anos que a faceta de cantor se apresentou mais sólida na carreira de ambos.



"Ora, ora, lá vem você outra vez", canta Bebeto Castilho, sem acompanhamentos, até que entra o cavaquinho e depois estão juntos o baixo de Bebeto, além do piano e da bateria, para fazer a levada de samba de "Ora Ora". Essa foi a única vez durante o show que Bebeto tocou baixo (e a única que teve cavaquinho).



A partir daí Haroldo Cazes assumiu o instrumento e Bebeto se concentrou nas flautas e nas boas histórias que contava sobre algumas das músicas que estava apresentando. Era quase como se o Talk Show do HPP, que acontece este ano no Oi Futuro, tivesse se mudado para Copacabana.



Começa falando do repertório do disco Amendoeira, sugerido por Caetano Veloso que fosse de músicas pré-bossa nova, o que fez com que Bebeto fosse mais longe e registrasse canções que ouviu na infância. Bons exemplos disso são "Infidelidade", de Ataulfo Alves e "Vizinha do Lado", de Dorival Caymmi.



Canta "Salgueiro Chorão", de seu primeiro disco solo e mais tarde, quando canta "Amendoeira", faz a ligação entre a árvore desta composição do "sobrinhão" Marcelo Camelo e o salgueiro, a árvore da música do parceiro Durval Ferreira, de quem tocou também outra de seu primeiro disco, "Tristeza de Nós Dois", com histórias sobre as namoradas dos dois que eram irmãs, para quem fizeram a letra, e "Moça Flor", parceria de Durval Ferreira com Lula Freire.



Além de Durval Ferreira, outro parceiro lembrado é Luiz Eça, com quem dividiu os palcos por muitos anos na época do Tamba Trio. Do repertório do grupo são tocadas "Alegria de Viver" e "Batida Diferente", uma das músicas mais conhecidas do trio, que fechou com maestria o desfile de samba bossa cool do tranquilo Bebeto Castilho.



Já o desfile de Wilson Das Neves tem menos bossa nova, mas o samba continua em alta, trocando um pouco o lado cool pelo molejo da dança no pé, mesmo que miudinho. A formação também deixa de lado o cavaquinho para dar espaço ao piano e ao sax, sem deixar de ter o pandeiro e tamborim nos momentos mais animados.



As histórias entre as músicas até são contadas, como quando Das Neves pede para o guitarrista Cláudio Jorge contar sobre a inspiração para "Traz Um Presente Pra Mim", samba dos dois, assim como "E O Vento Levou" e "Fonte de Prazer". Mas bem além das histórias, ali está a alegria e o jeito engraçado de Wilson das Neves de conversar com o público.



Frasista certeiro, tem sempre uma tirada pronta para fazer rir entre um samba e outro. Algumas delas: "eu não sou Roberto Carlos, mas tenho meus amigos de fé", "tão gostando ou não? se não tiver, ralo peito! Moro aqui pertinho", "se me der oportunidade, eu chego! Não jogo 90, mas jogo 45".



Assim como diverte a platéia, Wilson das Neves se diverte. Elegante, vestido de terno sem gravata, com um lenço vermelho na lapela, ele samba, anda pelo palco e pede para o público cantar, puxa aplausos e mostra uma toalhinha que carrega na mão e tem o nome da escola de samba do coração, a Império Serrano, no começo do show com "O Samba É Meu Dom" e em "Imperial", um dos sambas mais bonitos dessa noite.



No final de "Grande Hotel", Das Neves dá uns chutes no ar, como se estivesse fazendo uma tabelinha com o parceiro Chico Buarque, que fez presença através de imagens no telão.



O final de um show tão divertido e emocionante foi pra cima, com o samba-enredo clássico "Aquarela Brasileira" (da Império Serrano, é claro), com muitas senhoras de pé, sambando e cantando junto. Uma mais animada até desfilou entre as cadeiras, transformando a sala na passarela do fim de festa de um domingo para guardar na memória.



(foto que tirei de um outro show, no Rio Scenarium)

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