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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Passado: HPP 2009 - 22

O último texto que fiz para o Festival Humaitá Pra Peixe 2009.



30/01/09
Mensagens Positivas

O alto astral do reggae de Aline Duran e da surf music do El Niño



O tempo lá fora, nublado e com uma garoa de vez em quando, não estava em sintonia com o que acontecia dentro da Sala Baden Powell. E a chuvinha talvez explique o pouco comparecimento do público nessa noite dedicada a sons ensolarados.



Mas quem esteve por lá recebeu de presente duas apresentações de artistas prontos para o sucesso, que seguem e traduzem a filosofia de Bob Marley (a figura mais presente no telão nos dois shows), seja no som, como é o caso de Aline Duran, seja em forma de ondas que são transpostas para as letras do El Niño.



Claro que no caso de Aline Duran, não é só na música que está o reggae. As letras também trazem a importância do amor e de seguir em frente, apesar dos obstáculos. A banda entra primeiro e nos habitua com um som que, apesar da presença ali atrás, em imagem, do ícone do ritmo, já saiu das raízes e foi para os frutos e flores da música popular jamaicana.



Quando chega a voz e a beleza de Aline Duran, ela nos convida para a selva de pedra de sua São Paulo com rimas envolvidas em dancehall e raggamuffin. Nos alerta dos perigos e pede respeito a toda gente de bem.



Aline Duran não faz somente das rimas dentro do reggae sua força. Tem ótima presença de palco, dançando a todo momento e também uma voz afinadíssima que exibe sem acompanhamentos, cantando "Everybody's Free" para emendar com a banda o dancehall "Shy Guy", de Diana King.



A voz também é destaque na calma e romântica "É Com Você". Mas é na nervosa "Pra quem Jah Olha" que está o melhor de Aline. Ragga do bom, ela dança, se movimenta e joga rimas sem pausa para respirar, com o clima denso e agitado que a cozinha (baixo & bateria) proporciona, com ótimos graves do baixista com roupa de rapper que segura o instrumento em cima do peito. No final, Aline vai embora antes, mas deixa a banda mais um pouquinho mostrar sua competência.



El Niño, assim como Aline Duran, também quer trazer boas mensagens dentro das suas canções que são chamadas de surf music. Para não deixar dúvidas que eles são uma banda de surf já entram tocando um clássico do gênero nos anos 60, a instrumental "Pipeline".



A partir daí entra o "ex"-surfista (ainda surfa, mas não de forma profissional) Teco Padaratz para cantar, junto com Chris Oyens, músicas que falam em não ter medo de errar, sonhar subindo ondas, acreditar em tentar mudar as coisas e nossa responsabilidade com o mundo.



Tendo esse tipo de pensamento dentro das canções e o surf como uma das formas de expressão, o reggae também aparece neste show, com cover de Bob Marley ("No Woman No Cry"). Agora, por mais que haja esse clima e quase vontade de luau, o som não é acústico, nem é de se ouvir em roda na praia, e sim um pop rock com vigor, feito por duas, às vezes três guitarras.



E uma das estrelas da noite é o violão havaiano de Chris Oyens, até com um momento solo, onde o músico canta "Ficar", com o palco só para ele e o violão havaiano. Deve ter deixado orgulhosa sua amiga e parceira Zélia Duncan, presente na platéia.



Os outros protagonistas nas cordas são os guitarristas Marcos Cianpolini e Fabrício Matos, que têm espaço dentro das músicas para longas passagens instrumentais com solos de lado a lado, em cada extremo do palco.



Diante de tantos músicos refinados, Teco Padaratz poderia até se sentir intimidado. E no começo ele parece um pouco mesmo, mas aos poucos vai soltando a voz e com bastante simpatia conquistando seu espaço dentro do show.



Quase no fim, tocando um cover d'O Rappa, arrisca até descer para as cadeiras pedindo palmas e o coro da platéia com o microfone e na última música já domina o palco, com carisma e alegria de quem ainda sabe sonhar.

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