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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vale a pena ouvir de novo: Siba e a Fuloresta

Siba e a Fuloresta - Toda Vez Que Eu Dou Um Passo O Mundo Sai Do Lugar (2007)


01. Pisando em Praça de Guerra
02. Cantar Ciranda
03. Toda Vez Que Eu Dou Um Passo o Mundo Sai do Lugar
04. Será
05. Bloco da Bicharada
06. Alados
07. Tempo II
08. Meu Time
09. 12 Linhas
10. A Folha da Bananeira
11. João do Alto
12. A Velha da Capa Preta



De todas as bandas surgidas em Recife nos anos 90, o Mestre Ambrósio era uma das que menos me interessava. Apesar de músicas legais como "Fuá Na Casa Do Cabral" e "Se Zé Limeira Sambasse Maracatu", a coisa toda parecia meio difusa, sem unidade. Quando a banda acabou, o vocalista e rabequeiro (rabeca é uma espécie de violino) Siba, em vez de tentar uma carreira morando em São Paulo ou no Rio de Janeiro, foi se embrenhar na zona da mata pernambucana.


Lá, Siba trabalhou com músicos da região, mas não foi impor e sim fazer parte dos festejos e da música da região. Não foi exatamente pesquisar os ritmos folclóricos; Siba foi viver e respirar um presente que não esquece nem rejeita a tradição, sem santificá-la. Aos poucos montou seu novo grupo, a Fuloresta. Lançou um disco, A Fuloresta do Samba, e caiu no mundo.


Toda Vez Que Eu Dou Um Um Passo O Mundo Sai Do Lugar foi feito após viagens de Siba e A Fuloresta por festivais na Europa. Sem perder nenhum traço da sonoridade dos maracatus-rurais, cirandas e frevos, dá pra sentir ali a influência que essas viagens devem ter tido, lembrando inclusive, bem de leve, sons distantes da zona da mata. A produção do disco é impecável. Praticamente todo feito de voz, percussão e sopros, mas as raras incursões de guitarras (Lúcio Maia e Fernando Catatau), violas e piano caem sempre no lugar certo.


Mas não se engane: por trás desse regionalismo há um disco pesado, que cabe em rádio sem parecer que você está participando de algum estudo antropológico. Não bastasse a produção, as letras de Siba falam de forma bem humorada desde impostos e taxas ("Será") a time de futebol rebaixado pra terceira divisão ("Meu Time"), naquelas métricas típicas da poesia repentista e de emboladas, bem talhadas, muito mais que mantendo uma tradição, criando a sua tradição que não deixa criar limo.


Nº 9 do meu top 200 nacional da década passada.

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