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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Vampire Weekend no Circo Voador 03/02/2011

Vampire Weekend - 03/02/11


Integrar as culturas caiu no gosto dos músicos. Na década passada a classe começou a assumir abertamente o gosto por expoentes de todo o canto da terra. Vide as incontáveis bandas "com influência do leste europeu e Fela Kuti". O fim dos preconceitos é um grande passo, mas transformar isso num disco sem pulverizar ou plastificar demais o som não acontece com freqüência. Vindos da capital desse mundo identidade-mutante, New York, o Vampire Weekend apresentou seus estudos pop sobre o caso. Com méritos e deméritos.



A escolha do Queremos em colocar o Do Amor na abertura era um ponto a mais pra noite, vide as apresentações incríveis realizadas pela banda carioca. Um número razoável de pessoas se concentrava na frente do palco às 21h30, pouca gente diante do que apareceria depois, mas interessados no som. Simpáticos e prezados por muita gente no Rio, a banda seguiu a linha de repertório enxugada, mas preservando características de demais apresentações na cidade. Piadas, emendar uma música na outra, deixar o Ricardo (baixista) destrinchar os agudos do PA e se divertir. O clima 'de abertura' esfriou um pouco os ânimos de quem nunca tinha ouvido o conjunto musical, dos que já conheciam, e até da própria banda. Excelente apresentação para o momento, mas que fique fora de um quadro comparativo com as passadas.


Do Amor - 03/02/11


Meia hora após o Do Amor sair do palco, uma voz anuncia que os cotistas serão reembolsados. Alguns roadies ainda estavam no palco ajustando os instrumentos, fazem isso rápido e deixam o DJ levar o som sem interferência por pelo menos 10 minutos. Depois disso, da mesma forma que o valente despertador toca todas as manhãs, o Vampire Weekend se apresenta à platéia, incomparavelmente maior à uma hora atrás, com uma vinheta estilo hip-hop gangsta e o volume bem alto. A postura deles junto com o background sonoro deixa a mensagem: chegaram os donos da festa - agora vai! E aconteceu, foi ótimo, mas nem tanto assim.


Vampire Weekend - 03/02/11


Os vampirescos trilham o caminho de Paul Simon em "Graceland". Semeiam a música africana no universo pop. Eles aprenderam por pesquisas, pura dedicação à música, que eles demonstram muito bem. A escolhida para começar a seqüência, "Holiday", esclarece como as cordas soam na importação dos rapazes. Trazem o clima alegre representado por poucas inserções sonoras, uma guitarra com meio metro de altura e feliz por não ser grande, longe de ser frustrada pela incapacidade em solar. A voz amansa e media a cozinha da banda para um resultado rítmico festivo, e até certo ponto, tímido. Aquela trilha de um saudosismo alegre pelo ótimo final de semana que passou, e você fica mais feliz ainda por poder lembrar disso.


Vampire Weekend - 03/02/11


Estudiosos como devem ser, eles não percebem o erro nunca cometido pelo aluno relapso. São muito presos a uma estética inserida na cabeça deles. Consomem música de todos os continentes e aplicam na sua vivência do pop. Fazem bem, fazem demais. Percebe-se durante o show uma banda meio travada, sem vontade de arriscar. Que agrada o público com o seu jeito, levada, e dá a chance para os fãs se animarem por completo no refrão. Assim como não veem várias deixas passarem, a metodologia de ensino está um pouco ultrapassada. Não vejo mal nenhum em uma banda ensaiar coreografias, e fazer números com seu público ("Vocês sabem cantar o refrão? É assim... Com vocês agora!"), mas deixar tão na cara que é protocolar fica feio. Isso está longe de ser má vontade, aparenta ser um medo de arriscar.


Vampire Weekend - 03/02/11


Esse pragmatismo tem um lado bom. Suas nuances te levam a prestar atenção até no que, geralmente, entra como uma sutileza. O grave do show foi espetacular, Chris Baio sustentou com classe a responsabilidade do contrabaixo. Ora cutucando a música ala MC Marcinho - houve quem usasse uns passes de funk, ora com requinte do forró, bem suave, mas lembrou. Sem o grave alí, a setlist ia perder calor. No geral, o baixo sobressaiu tanto quanto a laureada guitarra.


Vampire Weekend - 03/02/11


O VW conseguiu bagunçar a platéia à sua maneira. Provocava rodas incessantes quando o delírio de tiros como "Cousins", "M79" e "APunk" subiam ao cérebro. "Cousins" elevou os cariocas empolgados a outro nível, por despertar o pouquinho de axé que existe em todos nós. Quem torceu a cara perdeu o melhor momento do show, podiam ter ficado bons 10 minutos com aquela guitarra pepeu-gomes-wannabe que seria maravilhoso! Uma olhada pro palco no meio da zona instaurada pescou uma falta de sincronia da banda com o que estava acontecendo, eles estavam pensando "na próxima música". Não de uma forma especial, ou de como poderiam surpreender, e sim no script a seguir para a noite.


Vampire Weekend - 03/02/11


Isso embrenhou o show. Serão lembradas da noite as músicas super animadoras com seus refrões incrementados pela platéia curtindo, o cheiro da felicidade (álcool, suor e...) do ambiente, só que é inegável a inconsistência da linha que a banda seguiu. Houveram músicas mais calminhas que apreenderiam mais do público se fossem acompanhadas de um "rebolado diferente". Trejeito que eles dominariam sem nenhuma garrafa de cachaça na mente, mas com um pouco mais de moral para perder a linha.



Vampire Weekend - 03/02/11

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