Raro dedilhar na corda, virtuosismo. Bert não canta tão bem, mas tem talento imenso nas cordas sem compassos de pretensão para ser o maior. Ela era um cantor folk de habilidoso, delicado e diferente. Nunca foi tratado reverenciado como um ouvinte sensível pode achar necessário, e talvez nunca seja. Bert partiu no dia cinco junto com outro gênio, Steve Jobs (esse bem conhecido).
Bert Jansch tinha 67 anos e era músico folk. Fez parte do incrível Pentangle e lançou muitos álbuns solo. Produziu canções esmeradas como poucas, calmas cheias de aconchego, dramático na ponta da sobriedade quando preciso e apaixonado se o dia lhe desse chance. Seu lirismo simples e bonito retrata um jeito de entender direito o tempo e quando o tempo é o único assunto pra aproximação entre dois. Sem o apoio das palavras, conseguia transmitir igual mensagem em contato direto com o violão em instrumentais absolutos.
Deveria ouvir mais suas mensagens. Fora dois discos do Pentangle, eu basicamente ouvi seu debut. Datado de 65, o LP leva seu nome numa capa azul que divide espaço com uma foto em preto e branco. "Strolling Down the Highway" nos primeiros acordes chama o ouvinte para ouvir uma saga. Passa por quanto um amor é forte ("Oh How Your Love Is Strong"), e três temas de apenas violão logo no lado A. Segunda música, o tema instrumental "Smokey River" do jazzista americano Jimmy Giufre, dá o passo para transferência do jazz ao folk, que segue em "Alice's Wonderland" no meio do disco, dita como inspirada por Charles Mingus.
A perda de um amigo pelas drogas em "Needle of Death" (play acima) é um choque razão em melodia contra as alegorias do falso prazer numa das mais belas composições que já ouvi. Calma e triste fala do fim da amizade por razão de morte inconsequente pelo abuso de drogas. A penúltima estrofe arremata: "Through ages, man's desires / To free his mind, to release his very soul / Has proved to all who live / That death itself is freedom for evermore". Que seja.
Mesclando instrumentais singelos com argumentos delicados e precisos, o seu primeiro disco é propício para a repetição. Dura pouco e pega como um abraço merecido por qualquer carência. Estou longe de ser o ouvinte exemplar, só queria chamar atenção de mais um ídolo que vai. E mais um que eu não vou ver tocar violão por aí.
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