Noite de "Feista" no Circo (*)
Não sei se esse é um pensamento machista, mas não é incrível ver uma mulher bonita empunhando uma guitarra? Ou será que Leslie Feist hipnotizaria a plateia do Circo Voador mesmo sem instrumento nenhum, ou mesmo que estivesse caindo pelas tabelas por conta da labirintite que obrigou o cancelamento daquela que seria sua primeira apresentação no Rio de Janeiro, no Tim Festival de 2007.
E talvez tenha sido melhor que Feist só tenha vindo ao país agora, em 2012. Ano passado a cantora canadense lançou Metals, uma baita evolução em sua ainda pequena discografia, e base para o repertório da turnê atual. Apesar que a maioria dos fãs que se dispuseram a pagar altas quantias em cotas do Queremos ou ingressos que custavam 140 reais já haviam sido arrebanhados com os discos Let It Die e The Reminder.
Logo de cara já manda duas das melhores músicas do Metals: a entrada dela com a guitarra, tocando a melodia da frase inicial de "How Come You Never Go There" é marcante e motivo para os pensamentos no começo deste texto; "A Commotion" é aquilo que diz o título da música, uma comoção quando começa a introdução e vai crescendo até explodir.
"A Commotion"
Elétrica e muito à vontade, Feist conversava bastante com a plateia entre goles de caipirinha, bebida que depois seria servida para todos os músicos que a acompanhavam. Três homens e três mulheres ajudavam Feist na missão de mostrar suas músicas.
"I Feel It All"
O trio masculino se ocupava da parte instrumental, com destaque para o bigodudo que tocava guitarra, baixo, trompete e ainda arranhava dois violinos ao mesmo tempo, entre outros instrumentos. Já a seção feminina presente no palco (além da Feist) era composta pelo trio vocal Mountain Man, que ganhou até direito de cantarem sozinhas.
Mas Feist queria ouvir também as vozes dos cariocas, das pessoas do resto do Brasil que também estavam lá, e até de quem não era do Brasil, e brincou muito com isso. Outra voz que ela queria ouvir era a de Kevin Drew, líder do Broken Social Scene, do qual Feist fazia parte (e vez ou outra ainda colabora).
Em 2011 o Broken Social Scene anunciou um hiato por tempo indefinido e fez seu último show no Circo Voador. Então nada mais adequado do que ligar para Kevin durante o show para conversar com ele e poder ouvir e saber o quanto o público estava feliz nessa noite, correto? E que tal na sequência deixar o telefone ligado enquanto Feist tocava "Lover's Spit", do Broken Social Scene?
"Lover's Spit"
Depois de um acontecimento desses, já está todo mundo mais do que conquistado e a sequência de músicas é ovacionada e cantada boa parte do tempo. Tempo esse que vai se alongando de forma surpreendente e no final foram mais de duas horas de apresentação. O que também acaba cansando um pouco, até porque muita das músicas mais calmas são deixadas para o final, e que, infelizmente, não inclui "Bittersweet Melodies", mais uma das minhas preferidas do Metals.
"Get It Wrong, Get It Right"
Mas o pique exibido em "Sealion", um segundo bis para delírio dos fãs segurando cartazes com pedidos de músicas, e o numeroso público para uma quarta-feira no Rio e que ficou até o final, são demonstrações que o cansaço vira poeira por imposição da alegria.(**)
(*) Provável que seja o título mais infame que já dei a um texto...
(**)... e o encerramento mais brega também.
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