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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Sebadoh no Circo Voador (24/04/2014)




É uma noite de quinta-feira pós-chuva no Rio de Janeiro de 2014. A banda americana Sebadoh encabeça um mini-festival com mais duas bandas brasileiras no Circo Voador. O nome do festival é Juvenilia Pop Fest e várias bancas de discos e camisetas dão uma "cara" a mais de festival (daqueles festivais legais, que possuem esses produtos à venda). Uma sensação de nostalgia está no ar, está na Lapa. Misturada com essa sensação de nostalgia está a sensação de novidade para quem nunca viu, ouviu ou viveu o tipo de som que seria tocado naquela noite.




Esse clichê já está mais do que batido aqui no La Cumbuca, mas é inevitável: muitos dos jovens presentes no show sequer eram imaginados por seus papais e mamães quando o Sebadoh surgiu, no final dos anos 80 do século passado.








Não que tivéssemos muitos jovens ou muitos não-tão-jovens ou muitos qualquer coisa quando o grupo The John Candy começou a tocar. Tinha gente, mas boa parte circulando pelo Circo. É o que normalmente acontece com bandas de abertura e ninguém é obrigado a "dar uma forcinha" se a banda é ruim, mas ruim não era o caso aqui, pelo contrário.








Para tentar situar o leitor, poderia-se dizer que é como se alguém estivesse tocando uma compilação aleatória do catálogo da Midsummer Madness. Claro, isso se o leitor conhecer o mítico selo nacional que ajudou a nos mostrar bandas como Second Come, Pelvs, Low Dream e Cigarettes, naquilo que hoje é conhecido como indie.




Caso nada disso ajude a identificar o que é o som do John Candy e como foi o show, temos o vídeo abaixo, de "Come To My Life".









Assim como mais tarde aconteceria com o Sebadoh, em maior número, o show do The John Candy foi acompanhado por uma galera mais jovem, que também gosta desse "som midsummer madness", vamos dizer assim. Não viveram aquela época, mas gostam dessa sonoridade em constante fricção entre melodia e ruído. Nada disso é revival para eles, é "vival" mesmo.









Entre o The John Candy e o Sebadoh aconteceu a apresentação do Single Parents. Os paulistas conseguiram atrair menos gente para dentro da lona do Circo do que a atração anterior, fazendo a alegria do bar e das banquinhas de discos.







Não que a sonoridade do grupo seja lá muito distante das outras bandas e das preferências dos presentes naquela noite. O que pode ter acontecido: o "desdém" é uma característica dessa turma indie, então você precisa se esforçar um pouco mais para chamar a atenção. E aí faltou algo dentro do que o Single Parents tocou que fosse marcante.









No final da última música sim fizeram algo legal, uma sessão de barulheira que, se tivessem feito logo no começo talvez tivessem atraído mais olhares (e ouvidos) curiosos.



Três bandas numa noite de quinta-feira pode ser algo temeroso, caso sua preocupação seja voltar cedo pra casa. Felizmente, a transição foi rápida e chegou o momento em que todo mundo que estava passeando pelo Circo foi pra frente do palco assistir o Sebadoh.









Transição rápida porque o Sebadoh é uma banda simples. Três caras com seus instrumentos, bem próximos uns dos outros, sendo Lou Barlow a cara mais conhecida, principal compositor e líder do trio.



Quer dizer, devia ter uma cara ali debaixo dos caracóis dos seus cabelos e atrás da barba espessa, mas durante o show mal dava para ver os óculos de Barlow, que divide as funções de vocalista, guitarrista e baixista em várias partes do show com Jason Loewenstein. No meio dos dois fica a bateria de Bob D’Amico.












Logo no começo do show, a surpresa que suscitou o papinho-clichê sobre nostalgia/novidade. Um grupo de fãs bastante entusiasmado e participativo, dançando, pulando e cantando as músicas, que parecia ter pouco mais de 16 anos.













Sebadoh tem uma extensa e diversificada discografia, começando com gravações lo-fi e a cada lançamento ficando menos e menos "lo". Ao vivo, pelo menos nessa noite no Circo Voador, foi pouco papo e muita ação, que só era interrompida pela troca de posições de guitarra/vocal e baixo entre Barlow e Loewenstein.







As músicas também são bem diretas, sem deixar a doçura pop das composições emergir totalmente no meio da distorção da guitarra. A comparação com o Guided By Voices seria (e é) natural, mas há também algo do hardcore do Minutemen em algumas músicas e algumas canções que chegam a resvalar no country.











O setlist, que na verdade nem existe e parece ser decidido antes do show, privilegiou o álbum Bakesale (1994) e músicas de safra mais recente, como do Secret EP e do disco Defend Yourself. Mas sem esquecer de pinçar pérolas de outros álbuns e fases de um grupo que, com o passar dos anos ganhou uma coesão que acaba justificando a atenção que recebem dos jovens e adultos no Circo. Merecia mais gente por lá.



Gravei três músicas que vocês podem ver aqui ou abaixo:







Músicas:


"Magnet's Coil"

"Arbitrary High"

"Beauty of the Ride"

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