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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Resenha, vídeos, fotos: Jorge Ben Jor no Circo Voador (08/08/2015)






É conhecida e comentada, entre aqueles fissurados em música, a mini-biografia escrita no site Allmusic sobre Caetano Veloso, onde é descrito como tendo estatura no panteão da música pop internacional do mesmo nível de Bob Dylan, Bob Marley e a dupla Lennon e McCartney.









Se isso pode ser dito sobre Caê, e é claro que pode, em que "nível" estaria Jorge Ben Jor? No Allmusic ele ainda consta como Jorge Ben, e lá preferem lembrar que não é um músico tão "político" quanto Caetano e Gilberto Gil. Ou seja, pouco útil para a real compreensão do que representa o artista.









Mas se um estrangeiro quisesse alguma base mínima de comparação para entender o que representa Jorge Ben Jor, sua obra e sua força ao vivo após mais de cinco décadas de carreira, que exemplos dar?








Poderíamos mencionar Paul McCartney, pela enxurrada de hits e pelo trabalho árduo e constante, e George Clinton do Parliament-Funkadelic, pelos mesmos motivos, além de fazer todo mundo dançar e também causar um verdadeiro rebuliço em cima do palco.









Mas na busca pela compreensão do que é Jorge Ben Jor, nada supera um show dele hoje, ou mais especificamente, nas duas noites que Ben Jor fez no Circo Voador no início de agosto.








La Cumbuca esteve presente no show de sábado. Após meia-noite entra uma trupe de músicos tarimbados, a Banda do Zé Pretinho. O mais surpreendente é a volta o baixista Dadi Carvalho, que já tocou em diversas outras épocas com Ben Jor e tem no currículo "apenas" Novos Baianos e A Cor do Som, além de já ter tocado baixo com vários outros gigantes da música brasileira.









Entre outros músicos da Banda do Zé Pretinho temos o trombonista Marlon Sette, o lendário Nenê da Cuíca, já há muitos anos acompanhando Jorge Ben Jor na percussão, e um baterista (Lucas Real) que fica do lado de Jorge e, se é um destaque musical, não é só pelo posicionamento pouco comum para o instrumento no palco.









"Jorge da Capadócia" é a escolha para a entrada de Jorge Ben Jor e a reação fervorosa da diversificada plateia que abarrota a lona, retribuída carinhosamente pelo cantor. A introdução descamba para um viciante ritmo funkeado, algo que seria bastante comum durante várias outras partes da noite, assim como jams e aparentes improvisações.









Impressiona especialmente as passagens instrumentais entre ele, sua guitarra e o baterista. De tanto que se tem a falar sobre Jorge Ben Jor, geralmente o espaço para elogiar sua habilidade como guitarrista fica em segundo plano, lembrando-se ainda hoje, por razões compreensíveis, do seu estilo único com o violão, quando este era seu instrumento usual.









A partir daí é um rolo compressor de sucessos sendo despejados, uma coisa de deixar qualquer um tonto. As músicas vão apresentando versões das mais variadas e canções de diferentes fases da carreira de Jorge Ben Jor vão sendo emendadas como se tivessem sido criadas no mesmo dia.









"Santa Clara Clareou", "A Banda do Zé Pretinho", "Mas Que Nada", "Zazueira", "Ive Brussel", "Que Maravilha", "Chove Chuva", "O Homem da Gravata Florida", "Os Alquimistas estão Chegando", "País Tropical", "Minha Menina" e mais de duas dúzias de hits nacionais e alguns mundiais. Que artista hoje pode ter em seu repertório semelhante quantidade e apresentar tudo desta forma, sem reverência às gravações originais e mesmo assim com força inigualável?









E ainda tem a manha de homenagear Tim Maia com um sucesso do síndico, "Do Leme Ao Pontal", somando à já habitual homenagem no refrão de "W/Brasil". Mesmo músicas mais recentes como "Quero Toda Noite", e uma daquelas pérolas desenterradas que nunca tiveram o sucesso merecido, caso de "Solitário Surfista", são cantadas pela plateia.









E temos o sucesso do disco Tábua de Esmeraldas, alcançado e já suplantando o status de cult décadas após seu lançamento, o que ocasiona a inclusão de diversas canções no setlist, como algumas das colocadas acima. Durante "Alcohol", após o show de dança de Nenê da Cuíca, Jorge assina uma edição do Tábua... trazida por um fã ao Circo Voador, situação até corriqueira nos últimos anos.









A despeito de um pequeno problema com a guitarra e o desespero do roadie que ainda fica mostrando o tempo transcorrido de show (com plaquinhas!), a primeira parte é avassaladora e de longe uma das mais impressionantes sequências musicais de 2015. E pode-se imaginar que todo ano que alguém assiste a Jorge Ben Jor ao vivo a sensação seja semelhante.









Depois de mais de uma hora Jorge Ben Jor e banda partem para um descanso de 5 minutos, deixando o tecladista Danilo Andrade sozinho executando algumas músicas aleatórias, o que dá uma esfriada no show.








Quando Jorge e banda retornam, é aquele rosário de hits novamente, chamando a atenção como "Umababarauma" vem pesada, não fazendo feio a tantas versões roqueiras que existem da música.









E aí vem a tradição conhecida até por quem nunca viu um show de Jorge Ben Jor, quando várias mulheres sobem ao palco para dançar ao som de "Gostosa". Situação deliciosamente caótica, que não dá para deixar de abrir um sorriso mesmo com a falta de noção de algumas meninas que, em vez de dançar, preferiam tirar selfies com o cantor em cima do palco. Mas a diversão foi mais constante que a tiração de onda.












Após umas três horas de show (depois das duas da manhã não funcionavam nem mais anotações, nem relógio desta Cumbuca) a impressão que se tem, seja você de onde for, conhecedor ou não da obra de Jorge Ben Jor, que se trata ali de um dos maiores e mais completos artistas dos últimos dois séculos. Muitas vezes não damos o devido valor à honra que é poder presenciar algo assim, mas a considerar o vigor e animação daquele sábado, não seria absurdo pensar que ainda teremos mais uns 50 anos de Jorge Ben Jor para animar qualquer festa.












Outras fotos do show, tiradas por mim e por Dine Araújo, podem ser vistas no álbum do La Cumbuca no Facebook (clique aqui).




Vídeos do show que gravei podem ser vistos clicando aqui ou no tocador abaixo:






Lista de músicas gravadas:


- Jorge da Capadócia

- W/Brasil

- Os Alquimistas Estão Chegando

- Alcohol



Vídeos que o Fabio Fernandes gravou podem ser vistos aqui ou clicando no tocador abaixo:






Lista de músicas gravadas:


- Jorge Da Capadócia

- A Banda Do Zé Pretinho

- Toda Noite

- Solitário Surfista

- Por Causa De Você Menina

- Mas Que Nada

- W/Brasil

- Os Alquimistas Estão Chegando

- Alcohol

- Isn't She Lovely

- O Homem Da Gravata Florida

- Umbabarauma

- Fio Maravilha

- Take It Easy My Brother Charles

- Gostosa

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