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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Das dificuldades de se ver um show 2

Daí você lê uma entrevista do Lobão no Jornal do Brasil, recheada com aquelas polêmicas que se tornaram a sobrevivência do cantor nos cadernos culturais, já que seus (bons) discos da fase independente pouco repercurtiram junto ao público e mesmo seu acústico foi bem aquém do esperado, comercialmente falando. Vários ataques para todos os lados, mas considerei algumas coisas interessantes destacar. Não é pra concordar não, é para de repente pensar, por exemplo, porque um show do João Gilberto, com 2300 lugares, tem 900 convidados. Mesmo que daqui a uma semana ele mude de opinião sobre tudo que disse, eis a palavra de Lobão:


Por que você se mudou para São Paulo?

– Cara, eu adoro o carioca da Zona Norte, mas o da Zona Sul já estou de saco cheio. Fui criado em Ipanema, ia ao píer nos anos 70, conheço meu pessoal. Eu não tenho assunto com ninguém do Rio, nem gosto desse modelo do cara bombado, com a orelha parecendo uma couve-flor. No Rio você vê advogados falando igual a idiotas, dizendo "merreca" em vez de falar em dinheiro. Que credibilidade um sujeito desses tem? O carioca da Zona Sul, hoje em dia, é um cara que não paga para ir em show. Não paga nem meia, quer ser vip, entrar naquelas listas. Vai ao show, fica aporrinhando o saco e depois ainda vai ao camarim beber meu uísque.(...)

Mas você não gosta de bossa nova?

– Bossa nova é uma língua morta, assim como essas bandas de choro e samba que existem hoje, que ficam tocando naquele lugar sujo que é a Lapa. Tem que parar com essa coisa de ficar lambendo o saco de universotário marxista branquelo, essa coisa loser manos, petista, que virou maioria no Brasil. Porque o Brasil é o país da culpa católica, um país em que se valorizam as pessoas feias.

Entrevista completa clicando aqui

Por ironia, quis o destino que Caetano Veloso abrisse seu show que vai virar o DVD Obra em Progresso, no dia seguinte às declarações do Lobão, com uma música chamada "Lobão Tem Razão". O show foi na mesma zona sul que Lobão agora desanca e você pode ler mais sobre isso nessa matéria do JB. Outra curiosidade, Caetano canta uma música chamada "Lapa", que Lobão também detona (o bairro, não a música) na entrevista. E Caetano, assim como Lobão, costuma abastecer os cadernos culturais com frases polêmicas ou algo que o valha, de tempos em tempos.

Se ainda não ficou claro o motivo do título deste post, os ingressos mais baratos para o show do Caetano custavam 60 reais a meia-entrada. O mesmo preço de uma atração internacional como o Muse, por exemplo. Não sei o pessoal da zona sul, mas pelo menos um da zona norte que gostaria de ver o show sentiu uma grande dificuldade e não foi. Imagino que tenha lotado, mas não imagino também quantos pediram para entrar em lista vip.

Um comentário:

Elishistoria disse...

"O carioca da Zona Sul, hoje em dia, é um cara que não paga para ir em show. Não paga nem meia, quer ser vip, entrar naquelas listas. Vai ao show, fica aporrinhando o saco e depois ainda vai ao camarim beber meu uísque."

Nunca fui a favor de generalizações. Mas,como contestar o argumento do Lobão?
(Vide a infinidade de VIPS nos shows cariocas).