É difícil começar a escrever sobre a morte de Michael Jackson. E não é por sentimentalismos. A minha primeira reação ao pensar o que eu poderia dizer sobre isso é: eu não dou a mínima. Tudo que eu conheço de Michael Jackson é tudo aquilo que a televisão, o rádio e os jornais jogaram em cima dos meus sentidos, sem eu pedir por nada disso. A partir do que eu conhecia nunca corri atrás de saber algo mais sobre o sujeito e, enquanto estou escrevendo este texto eu não estou ouvindo nenhuma de suas músicas, nem procurando seus discos e no máximo entrei no site allmusic.com procurando pela página dele por lá, mas em grande parte porque eu sou viciado no allmusic.
Mas eu poderia estar ouvindo Michael Jackson neste momento. Aqui em casa existe um vinil do Thriller, o disco mais vendido da história. E há uns 20 e poucos anos atrás havia um LP do Thriller em quase todas as casas. Nunca ouvi esse disco inteiro. Mas olhando a relação de faixas (ah sim, o allmusic foi pra isso também), existe uma sequência de quatro músicas que é arrasadora: começa com o dueto com Paul McCartney "The Girl Is Mine", passa por "Thriller" cujo videoclipe revolucionou esse tipo de linguagem audiovisual, a até então inusitada parceria com um guitarrista de rock pesado, Eddie Van Halen, em "Beat It", e fecha com "Billie Jean".
Essas músicas, e tantas outras dos discos Off The Wall, Bad e até o Dangerous já fazem parte do imaginário popular, um tanto pela qualidade que elas têm, outro tanto pelos vídeos milionários que foram feitos para elas. Michael Jackson foi o tempo inteiro imagem e som, desde o sonho de contos de fadas do início, com o menininho negro e seus irmãos fazendo sucesso em vídeos coloridos de soul e funk até o conto de terror do fim, nas raras vezes que ele aparecia em público, ainda mais quando estava sem a máscara que passou a utilizar nos últimos anos, onde existe uma figura que mal lembra um ser humano e com uma cor branca de cera de vela.
Enquanto andava na rua e pensava nessas coisas, eu não conseguia mais fazer outra associação que não fosse com o diretor de filmes Tim Burton. Em especial nos papéis interpretados por Johnny Depp em seus filmes. Talvez eu esteja forçando aqui, mas além do mais do que óbvio Willy Wonka da Fantástica Fábrica de Chocolate, também é possível fazer relações com Edward Mãos de Tesoura e até mesmo outro Edward, o Ed Wood, filme sobre o diretor do considerado pior filme do mundo, Plano 9 do Espaço Sideral. O personagem Michael Jackson está ali, nesses personagens, na forma diferente de como ele vê o mundo e na estranheza que isso provoca entre os outros.
E também - aí podemos acrescentar outro filme de Burton, esse sem Depp, chamado Peixe Grande - há o realismo fantástico que permeia toda sua trajetória. Desde o sucesso com os irmãos, fruto de um treinamento rigoroso (violento?) do pai, chegando num mega-estrelato que ninguém havia alcançado antes, e sabe-se lá como é na cabeça de uma pessoa aguentar multidões gritando seu nome, querendo você de alguma forma.
E a partir daí todo tipo de excentricidades e coisas estranhas onde entre lhamas, fogo no cabelo, rancho transformado em parque de diversões particular, perseguições, acusações de pedofilia, casamento forjado com a filha do Elvis Presley (e quer coisa mais conto de fada freak casar com uma "princesa"?), casamento com uma babá que servia para gerar seus herdeiros de nomes estranhos, pendurar um dos filhos pra fora da escada, e tal e tal e tal, no meio de tudo isso há um ser que pela natureza ou por ações que ele mesmo tenha causado, vai mudando de cor, de negro começa a ficar mais e mais claro até ficar branco de tinta, com um nariz que foi se deteriorando e um rosto cada vez mais encavado e se escondendo cada vez mais do mundo, ao mesmo tempo que se expôs o bastante para acompanharmos essa mutação física nunca antes presenciada.
E por mais que ao mesmo tempo ele não quisesse desaparecer, tanto que imaginou como última loucura antes da aposentadoria ao anunciar 50 shows de despedida em Londres, com ingressos esgotados em horas e que ele provavelmente não conseguiria cumprir e quando ninguém mais esperava, Michael Jackson está morto, deixando para trás essa vida de fantasia perturbadora que viveu, que a ficção não conseguiria imaginar.
3 comentários:
Vc sabia que o New Kids on the Block também foi inspirado no Jackson 5?
M. Starr escolheu Joe McIntyre para ser uma especie de Michael Jackson (mais novinho da turma) no New Kids on the Block
Eu achei meio preconceituoso essa postagem,acho q ninguem é perfeito ninguem pode simplesmente julgar as ações ''erradas'' de um ser.Acho q em vez de colocar uma postagem preconceituosa,coloque ai uma postagem q fale o quanto de coisas boas o MJ fez!
Se vc soubesse ler, veria que eu escrevi:
"Mas olhando a relação de faixas (ah sim, o allmusic foi pra isso também), existe uma sequência de quatro músicas que é arrasadora: começa com o dueto com Paul McCartney "The Girl Is Mine", passa por "Thriller" cujo videoclipe revolucionou esse tipo de linguagem audiovisual, a até então inusitada parceria com um guitarrista de rock pesado, Eddie Van Halen, em "Beat It", e fecha com "Billie Jean"."
"Essas músicas, e tantas outras dos discos Off The Wall, Bad e até o Dangerous já fazem parte do imaginário popular, um tanto pela qualidade que elas têm, outro tanto pelos vídeos milionários que foram feitos para elas."
Aproveite, quando e se um dia aprender a ler, a procurar no dicionário a definição da palavra "preconceito". Abs ;)
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