Novidades musicais de todos os tempos. Também estamos em:

Flickr : Youtube : Twitter : Facebook

Destaques do site:




quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ainda sobre Simonal

No texto anterior onde eu indicava o filme Ninguém Sabe o Duro que Dei, documentário sobre a vida de Wilson Simonal, escrevi o seguinte: "Mas acima de tudo isso, após o filme, penso que o Jaguar e Ziraldo pelo menos deram a cara pra bater. Muito mais incômodo que qualquer piada do Jaguar (que nem são incômodas) é o silêncio dos artistas que aderiram ao boicote ao Simonal."


Há alguns dias atrás surge excelente reportagem do jornalista Pedro Alexandre Sanches publicada em seu blog, que tem o defeito de ser tão boa que mesmo sendo muito longa é difícil de parar de ler.


Então se você estiver a fim de uma boa leitura, entre:
Simonal e a ditabranca


A reportagem, além de me esclarecer porque o Chico Anysio é praticamente um personagem central nos depoimentos dados ao documentário, também dá umas evidências a algo que imaginei ao escrever sobre o incômodo que dá não ver na tela algumas figuras-chave na música brasileira da época.


Furioso até hoje com o que classifica como “inveja” contra Simonal, Nonato Buzar (à época compositor de trilhas de novelas da Globo) joga a esmo mais alguns tijolos no muro inconcluso. Sobre o momento em que o parceiro descobriu o suposto desfalque, ele diz: “Simonal foi procurar o Rui Brizola, e não encontrava. Todo mundo tem amigo detetive, da polícia, quem não tem? Foram procurar o Rui em vários lugares, inclusive na casa do Carlito Maia, e lá encontraram coisas subversivas. Eu fui preso três vezes, porque era fundamentalmente contra a ditadura, sempre fui. Simonal nunca nem pensou nisso. Prenderam ele, aí disseram que caguetou o Carlito. Ele caguetou sem querer”.

Nonato diz que não quis dar depoimento em Ninguém Sabe o Duro Que Dei, e explica a razão: “Porque eu tenho medo de mim”. Não é só ele, ao que tudo indica. O codiretor Calvito Leal explica ausências célebres no documentário: “Vários caíram por causa de data, vários não responderam, alguns não toparam. Jorge Ben Jor não deu resposta, Roberto Carlos também não. Nunca era diretamente ‘não quero participar’, era ‘preciso ver’. Tem uma coisa horrível, ninguém gosta de chutar defunto. Mas nunca existiu uma pessoa que levantasse bandeira contra o Simonal, era sempre à boca pequena. Não existia o anti-Simonal”. (Não são só os contrários que se calam sobre as desventuras de Simonal, como faz transparecer uma história contada por seu filho caçula, o hoje músico Max de Castro: “Em 1986, fui com meu pai a um show de Roberto Carlos no Maracanãzinho. No final, a gente foi lá atrás. Quando Roberto viu meu pai, ficou emocionado. Veio, se abraçaram uns 15 minutos chorando sem falar palavra. Trocaram uma frase, Roberto foi embora”.)


Leia o resto aqui.

Continuo achando que seria interessante saber de todos os que não quiseram gravar depoimentos para o documentário.

Um comentário:

Elishistoria disse...

Eu e um amigo saímos do cinema com esse mesmo pensamento: "(...)seria interessante saber de todos os que não quiseram gravar depoimentos para o documentário".