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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Resenha e fotos: Los Hermanos na Marina da Glória (02/11/2015)






Milhares de pessoas estiveram presentes na Marina da Glória para assistir ao último show da atual turnê que o grupo Los Hermanos fez pelo país, repetindo e até mesmo ampliando o sucesso comercial da turnê anterior, realizada em 2012. Estamos aqui falando de uma das poucas bandas atuais a aliar a conquista e manutenção de um público que os admira, em muitos casos de forma fanática, com respaldo e credibilidade por parte da crítica, mesmo oito anos após o "recesso" anunciado, pelo menos no que diz respeito a shows mais frequentes e lançamento de novo material.









É com esse retrospecto que o quarteto formado por Marcelo Camelo (voz, guitarra, baixo), Rodrigo Amarante (voz, guitarra, baixo), Bruno Medina (teclados) e Rodrigo Barba (bateria), auxiliados ao vivo por Gabriel Bubu no baixo e guitarras, e pelo naipe de sopros composto de Bubu, Índio e Zacharias, enfrentou uma pequena maratona pelo Brasil no mês passado. E que culminou na série de shows na Marina da Glória, onde ficava patente o cuidado da produção.




Desde a entrada, com portadores de síndrome de down recepcionando quem chegava, passando pelas opções de alimentação (preços cariocas, infelizmente) pela estrutura montada na Marina, merchandising na medida, respeito aos horários (Pato Fu, a banda de abertura dos shows no Rio, começou 10 minutos antes do horário marcado pra eles) e a escolha de Maurício Valladares, da festa e programa Ronca Ronca como DJ antes e depois das apresentações.









A única ressalva fica por conta do preço dos ingressos e da existência do camarote com bebida liberada, algo que a princípio (e por princípios) não costuma ter um clima que combine com quem está interessado por ouvir música. Mas no fim das contas nem de longe incomodou efetivamente durante o show, e pelo menos não tinha pista vip na frente do palco, como aconteceu em outros estados por onde a turnê passou.









Se comercialmente o êxito é indiscutível, a expressão artística/musical da banda encontra-se em um ponto mais estagnado do que há três anos atrás, quando o repertório do grupo incluiu, de forma recorrente, pelo menos uma música inédita ("Um Milhão", de Rodrigo Amarante) e em algumas ocasiões uma curiosa cover de "Tempo Perdido", da Legião Urbana, além de uma vez ou outra músicas do trabalho solo de Camelo. Apesar disso, a disposição do repertório e a escolha das músicas para esta turnê pareceu um pouco melhor do que em 2012.




Nada disso importa para a esmagadora maioria dos fãs, a partir do momento que a banda entra no palco ao som de "The Heavenly Music Corporation" de Robert Fripp e Brian Eno, tocada por Maurício Valladares e começam as primeiras notas de "O Vencedor". E nada mais importa para eles nas próximas duas horas além de Los Hermanos, reverenciando-os com gritos, aplausos, confete e serpentina - os dois últimos itens presentes em "Todo Carnaval Tem Seu Fim".









Nem mesmo a chuva que começa a cair algumas músicas depois do início e que acabou gerando lá pelo meio do show a primeira surpresa da noite: uma versão bem improvisada de "Chove Chuva", de Jorge Ben Jor. Escolha que poderia ter sido por "Santa Chuva", composição de Camelo que já teve lugar no setlist do grupo em outros anos, outros tempos.




Mas se todo e qualquer vestígio de palavra proferida entre as canções já era tratado com euforia intensa, até porque o grupo não tem o costume de ser muito comunicativo no palco, imagine se alguém estava triste de ouvir um improviso desses. A segunda surpresa vem com "Onze Dias", música do primeiro disco que só tinha figurado uma vez antes durante a turnê, e, para arrematar, "Casa Pré-Fabricada", totalmente ausente dos setlist nos shows anteriores e que se somou a um total de 33 músicas tocadas.









De resto é aquele caminhão de arrebatamentos, que talvez nem precisem ser relacionados aqui, junto com pequenas pérolas, como "Cadê Teu Suin-?", e outras menos interessantes do disco 4, mas que aos ouvidos do público fã de Los Hermanos soam como clássicos atemporais. Público bem menos indie-branquinho-zona-sul do que alguns tentam sempre supor, que não faz olhar blasé para o que gosta, tem mais vontade de ver do que ser visto, e, ao mesmo tempo, não faz parte de turmas neohippies ou algo do gênero. É um público levemente heterogêneo que gosta de uma banda, algo que tem faltado às outras bandas no Brasil e que Los Hermanos, mesmo em anos de inatividade, tem em excesso.




Outras fotos podem ser vistas no Flickr do La Cumbuca.

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