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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

5 Melhores Discos Nacionais de 2021, por Otaner




Entramos no segundo ano em que a pandemia de Covid-19 afetou o curso das nossas vidas e provavelmente isso também continuou alterando planos e ideias de artistas para a confecção de suas músicas. Mas, apesar de ter sido neste ano o pior momento em número de afetados pela doença, aos poucos a população foi se adaptando e, após atingirmos altos níveis de vacinação, boa parte dos brasileiros foi retomando suas atividades, dentro do possível.

Pelo que ouvi durante o ano, muita gente já botou as ideias que estavam dentro da cabeça para dentro de arquivos musicais. Acho que ainda é uma prévia da explosão que está por vir quando as coisas ficarem mais tranquilas - oxalá isso seja breve. O que não impediu que já tivéssemos uma quantidade infindável de boa música feita em território nacional. Já bons discos, aqueles que quando você termina de ouvir até o fim quer ouvir de novo, será que foram tantos assim?

Seleciono cinco abaixo que para mim tiveram exatamente essa característica, mas fiquei muito tentado a colocar um sexto disco, o Rock Jr, do Eliminadorzinho, com seu som que gera um conforto no ouvido de quem já escutou muitas bandas da Midsummer Madness nos anos 90.

Além deles, outros discos tiveram altos destaques: BaianaSystem - OXEAXEEXU; FBC - Baile; Giovani Cidreira - Nebulosa Baby; Lupe De Lupe - Lula; Mallu Magalhães - Esperança; a celebrada Marina Sena - De Primeira; OQuadro - Preto Sem Açúcar; e Juliana Linhares - Nordeste Ficção. Na categoria EPs tivemos o Kalouv - A Medida da Distância e uma curiosidade: dois bons EPs do ano passado, da banda Eddie e do Rico Dalasam, se transformaram em discos este ano. Eddie e Rico estariam nos melhores de 20 ou 21? Vale ouvir. No fim das contas, são esses cinco abaixo os meus favoritos de 2021.







05
Sant & LP Beatzz - Rap dos Novos Bandidos


A primeira vez que vi o Sant foi participando do show do MC Marechal no Dia da Rua, em 2013 e só não roubou o show porque a atração principal é de um patamar muito alto, mas já tinha impressionado. Só que tendo o Marechal como referência, não dava nem para imaginar que viesse um disco. Até que veio!

Isso depois do Sant ter chegado até a anunciar uma precoce aposentadoria da música. E no rap para mim este ano não teve igual ao Sant. Referências cinematográficas, ao imperador Adriano (!) e ao Chico Buarque ajudam a ilustrar a rotina dura nas favelas e subúrbio no Rio de Janeiro, tudo em músicas na maioria curtas e intensas, em cima de batidas que vão desde o funk dos anos 90 (com direito à participação de MC Cidinho) aos mais novos estilos do hip hop.







04
Tagore - Maya


Se fosse apenas instrumental, esse disco seria um bom trabalho que evidencia alguém que curte muito rock dos anos 70, mas com bastante suíngue, em especial no baixo e na bateria, esta tocada simplesmente por Pupillo, ex-Nação Zumbi, produtor do disco.

Nos outros instrumentos, em especial na guitarra, a psicodelia não é desmedida, mas também não se esconde, ainda mais quando há participação dos Boogarins em uma das faixas. Mas na hora que o pernambucano Tagore Suassuna canta, o sotaque e as melodias que ele produz evocam Geraldo Azevedo e Alceu Valença como clara inspiração. O nordeste psicodélico e setentista do Tagore é ainda mais interessante por não parecer nem um pouco datado.







03
Vários Artistas - Aldir Blanc Inédito


Um disco com arranjos dos mais conservadores possíveis, bem diferente da maioria dos citados aqui, com participação de vários cantores e músicos, o que sempre é possibilidade de diferença de qualidade entre as faixas. Mas os cantores são Chico Buarque, Maria Bethânia, João Bosco, Joyce, Leila Pinheiro, Dori Caymmi, entre outros, e o elemento que faz a liga entre eles é Aldir Blanc. São as letras de Aldir Blanc, falecido por complicações da covid em 2020. A viúva do compositor pegou alguns dos muitos versos, poemas e outras letras que ele deixou e reuniu esse pessoal (leia a ótima matéria da Piauí sobre as gravações).

Assim como no disco póstumo do baterista Tony Allen (ver minha lista de melhores internacionais), também morto ano passado, os artistas entenderam a importância do papel deles e da homenagem, e assim como você não passa incólume às batidas de Tony Allen, difícil que você ignore as palavras de Aldir Blanc. Se o disco não te emocionar tanto, tudo bem. Mas se você não sentir absolutamente nada quando na música derradeira o ator Alexandre Nero (sim, doideira!) canta "que falta nos faz um país / na falta de ar / um governo deserto", favor checar seu pulso.







02
Alessandra Leão - Acesa


A cantora Alessandra Leão lançou uma websérie ano passado, onde caminhava e conversava com cantoras e artistas populares que mantém vivos os cantos e ritmos tradicionais do nordeste. Desses encontros surge o disco Acesa, que une essas tradições a texturas e timbres eletrônicos junto com percussão orgânica. Tudo junto poderia soar estranho, mas nada parece forçado. Alessandra Leão já havia me emocionado com a percussão e voz no disco anterior de 2019 (ver minha lista da época) e novamente fez um grande disco.







01
Juçara Marçal - Delta Estácio Blues


É aquilo. Se tem disco da Juçara Marçal, ou do Kiko Dinucci, ou do Metá Metá, ou de tantos dessa turma de São Paulo e até da Elza Soares que vários deles participam, grandes chances de estar nas cabeças.

Não foi diferente com o Delta Estácio Blues da Juçara. Apesar de tudo diferente. Sintetizadores, samples, programação eletrônica, guiados pelo experimentalismo e soluções usualmente fora do convencional são os personagens trazidos por Juçara e o produtor Kiko Dinucci para envolver a voz da cantora num repertório que também chama atenção, com parcerias nas composições trazendo os suspeitos de sempre (Rodrigo Campos, Douglas Germano, Siba) e a surpreendente regravação de "Oi, Cat" do Tantão e os Fita. Mas quando a gente chega nessa faixa já está até acostumado a se surpreender a cada momento.







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