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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
5 Melhores Discos Nacionais de 2019, por Otaner
A gente vai levando o La Cumbuca aos trancos e barrancos, e acho que ainda temos alguma relevância, principalmente graças ao obsessivo guerreiro cultural Fabio Fernandes, que traz toda semana o calhamaço mais completo de informações de shows que acontecem no Rio de Janeiro. Mas novamente tentamos num esforço hercúleo fazer a seção de lançamento nacionais . Antes ela servia para as pessoas ouvirem o disco, mas na era dos streamings é mais uma indicação e um reconhecimento que esses discos foram lançados, já que cada um pode escolher a plataforma de sua preferência para ouvir os trabalhos.
Assim, você tem nossa indicação de mais de 120 discos brasileiros lançados em 2019 para ouvir. Esta cumbuca ouviu uma quantidade em torno de 200, mas o Fabio deve ter ouvido algo perto de mil e indicou (mais de) 50 na sua lista. Já a cumbuca que digita tem preferido fazer uma lista de cinco melhores, entre outros motivos para realçar melhor aqueles que apresentaram um destaque excepcional.
Ou seja, se você está com muito tempo para conhecer a produção nacional pode ir na seção de lançamentos, se quiser algo um pouco mais direcionado segue a lista do Fábio, e para completa falta de tempo dá um confere no que indico aí embaixo, para me agradecer, concordar, discordar ou me xingar.
Se eu quisesse expandir um pouco essa lista ia ser fácil fácil incluir a Coruja Muda de Siba, o Rebujo de Dona Onete e o Desmanche da Karina Buhr. Em outro pelotão logo atrás viriam Emicida (AmarElo), Baianasystem (O Futuro não Demora) e Jards Macalé (Besta Fera), cada qual com várias músicas incríveis. O grupo instrumental Iconili já havia me impressionado em 2015 com Piacó e agora deixa de ser apenas instrumental com Quintais, sem perder a qualidade musical. E teria mais. Porém, vejamos os meus cinco primeiros.
05
Dead Fish - Ponto Cego
04
Alessandra Leão - Macumbas e Catimbós
03
Douglas Germano - Escumalha
02
Ana Frango Elétrico - Little Electric Chicken Heart
01
Black Alien - Abaixo De Zero - Hello Hell
Hardcore tendo a pessoa mais de 18 anos de idade tem gente que é contra, mas me recuso a negar a satisfação nas repetidas audições do melhor trabalho do Dead Fish desde o Afasia (2001), com ótimas dinâmicas em cada faixa e as letras trazendo muito daquilo que temos visto acontecer e caramba, perdoo qualquer ingenuidade diante de ouvir "Grande acordo nacional / Com o Supremo e com tudo / Pra estancar uma sangria".
Essa lista como se pode perceber é bastante pessoal (e intransferível) e alguns dos temas e cantos de Macumbas e Catimbós da Alessandra Leão remetem este aqui a interessantes momentos do passado, mas acredito que qualquer um consiga apreciar uma ótima produção de um disco feito com percussão, vozes e muitos pontos tradicionais de umbanda e congêneres.
Um universo afrorreligioso que não fica tão distante assim de Douglas Germano. Aliás, o universo do Dead Fish também não está tão longe. Germano mira no Brasil de hoje para exibir suas composições, mas com uma gama de sentimentos diversificada, que passa pela raiva, pela contemplação e pela esperança, com uma elegância fora do comum.
Fora do comum também é a Ana Frango Elétrico, que já se mostrava promissora na estreia ano passado e agora se torna um foguete em Little Electric Chicken Heart, onde arranjos de jazz-quase-big-band executados por uma banda de inclinação neotropicalista com uma compositora que vem com um martelo e estilhaça tudo isso em momentos inesperados. Daniel Johnston e Gal Costa na mesma cabecinha.
Já Black Alien sempre terá como comparativo seu Babylon by Gus, Volume 1: O Ano do Macaco, lançado em 2004. Qualquer pessoa que lance um disco de rap no Brasil, na verdade. 15 anos e uma vida cheia de turbulência depois, Gustavo consegue se aproximar do nível de sua estreia solo, auxiliado pela produção e beats impecáveis de Papatinho e expurgando vários demônios nas letras de forma bastante autobiográfica e sincera, sem deixar de diversificar os assuntos e os climas, tornando assim um álbum indispensável de 2019 para ouvir e reouvir.
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