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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fora do Eixo RJ - 13/05/10

Brasov - 13/05/10


Uma regra que deveria ajudar a todo fã de shows de rock a manter sua sanidade é: não assistir mais do que 3 shows numa noite só se eles acontcerem muito tarde durante a semana. É uma regra que eu mesmo quebro quase toda semana, e não foi diferente no Festival Fora do Eixo, que aportou quase um mês atrás no Rio de Janeiro e mais especificamente no Teatro Odisséia em uma quinta-feira.



Sabendo que seriam cinco bandas a se apresentarem e tendo noção do fuso horário de costume para shows no Rio, resolvi chegar um pouco mais tarde e assim perder a primeira banda, que foi a Tereza, ou o Tereza, apesar do promissor show que havia visto deles meses atrás no Circo Voador.



O show seguinte era do Brasov. Tentando não soar repetitivo, o Brasov é, muito além dos sons diferentes que compõem seu repertório (leste europeu, Roberto Carlos, trilha imaginária de filmes B, Pepeu Gomes, etc), um grupo que faz um humor-kraut onde as piadas vão se repetindo show após show, porém com pequenas variações que fazem muita diferença.



O melhor exemplo talvez seja quando tocam "Kalasnjikov", de Goran Bregovic. Eles vão mudando o andamento da música, transformando ela em reggae uma hora, hardcore em outra, que até confunde os próprios músicos. E ainda inventam de terminar agora misturando com "Killing in The Name" do Rage Against The Machine! "Homem-Objeto" virou um intelúdio dentro da versão afetada que eles fazem de "Toxic", da Britney Spears.




Brasov - 13/05/10


Depois do Brasov, veio o Nevilton. Uma das grandes novas promessas do cenário independente que tem percorrido o Brasil, dá pra dividir o show deles no Teatro Odisséia em dois lados. De um lado, o vocalista simpático; do outro o público apático.

Nevilton - 13/05/10


Embora houvessem fãs entusiasmados de poder ver pela primeira vez o trio paranaense (mais especificamente da cidade de Umuarama), a verdade é que o lugar deu uma esvaziada quando eles começaram a tocar. Nevilton, o vocalista e guitarrista cujo nome batiza a banda, é comunicativo e sempre tenta se comunicar com o público.


Nevilton - 13/05/10


A banda não pára um segundo no palco, ele e o baixista bebem garrafa de cerveja, pulam enquanto tocam seus instrumentos o tempo todo, o som é um rock divertido com guitarra no talo, mas com um certo balanço. Então o que foi que deu errado? De repente faltou uma sintonia aí. A banda precisa melhorar as composições, mas "Máscara" é muito boa e tem jeitão de hit pra tocar em rádio. Ou seja, eles têm um bom caminho para seguir e não duvido que numa próxima vinda agrade mais ao público carioca.


Nevilton - 13/05/10


E quem agradou mais, pra minha surpresa, foi o Porcas Borboletas, a banda seguinte a se apresentar. Aparentando ser o grupo que tinha mais fãs esperando por eles, os mineiros lembram um pouco a vanguarda paulistana dos anos 80 (não é à toa que há referência a Arrigo Barnabé aqui e ali em suas músicas).


Performáticos, estranhos, fazem uma tremenda bagunça e caos no palco. Um percussionista denominado como preto véio sai destruindo latas de tinta que golpeia furiosamente, um dos vocalistas fica jogando água em si mesmo e plantando bananeira enquanto outro se arrasta pelo chão do palco.


Porcas Borboletas - 13/05/10


Isso tudo seria uma enorme bobagem se não fosse a eficiência das suas canções, que, por mais que também tragam uma boa dose de estranheza, tem uma cativante verve pop e original, como "Super-Herói Playboy", "Menos", "Beijo Menta", "Nome Próprio" e "Estrela Decadente". Com o público extasiado pedindo bis, apesar do horário e de ainda ter mais uma banda a tocar, voltaram para tocar "Cerveja", dos ótimos versos "É melhor dizer / 'amor, acabou a cerveja' / do que chorar / 'cerveja, acabou o amor'". Bobo e eficiente.


Porcas Borboletas - 13/05/10


Pois bem, com três bandas já dava pra noite ter se encerrado de forma positiva, certo? Mas a última a se apresentar seria Do Amor, e não dava pra deixar de assistir os caras. Deu pra perceber que algumas mudanças nos arranjos de algumas músicas, provavelmente provenientes da gravação do disco que está pra ser lançado.


Com isso a quase vinheta "Shop Chop" ganha um clima de rap "jump around" no final que leva ao clima alegre de "Meu Coração". A heavy-lambada "Perdizes" termina com citação a Dire Straits e transmuta em "Oye Como va" do Santana. Das mais músicas mais recentes, algumas feitas depois que o repertório do disco já estava definido, "Undum" e a disco-rock "Mindingo" se destacam.


Do Amor - 13/05/10


Apesar da animação inicial, em especial do baixista Ricardo Dias Gomes, mais falante que o normal, o avançado do horário foi dispersando a audiência e tornando o show mais frio. Até que começou uma impressão que a banda não queria mais sair do palco.


Mais de 15 músicas tocadas, mais de três da manhã, produtor nervoso já que a casa deve ter sido alugada até um horário fixo, luzes sendo acesas, seguranças no meio do salão dando a impressão que a banda uma hora ia ser "convidada" a se retirar de lá de cima. E enquanto isso o Do Amor estava lá se divertindo, tocando Ween ("Buenos Tardes Amigo" e "Mushroom Festival In Hell"), a versão com vocais ultra agudos de "Lindo Lago do Amor" do Gonzaguinha, e até uma versão zoada de "Mongoloid" do Devo.


Do Amor - 13/05/10


As 15 músicas se transformaram em mais de 20, chegando ao fim com um trecho de "Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band" e os poucos sobreviventes na platéia junto com integrantes do Nevilton e Porcas Borboletas vibrando com essa apresentação histórica do Do Amor, fazendo jus ao nome do festival Fora do Eixo.

Um comentário:

Cesar Lopes disse...

Bem que eu queria assistir o show do Do Amor, mas depois de 4 shows numa quinta-feira ficou complicado... Também gostei bastante do Nevilton, mas estava lá para ver o Porcas Borboletas que não decepcionou... um ótimo show que compensou o cansaço... Abraços!