WILSON DAS NEVES
"Ô sorte!" É impossível começar a falar de Wilson das Neves sem lembrar do seu conhecido bordão, com o qual o "veterano" sambista costuma começar, terminar e falar entre uma música e outra nos shows.
O veterano da frase anterior está entre aspas porque, apesar das décadas de serviços prestados ao samba e à música popular brasileira, Wilson das Neves é também um dos mais prestigiados nomes da nova geração de sambistas da Lapa.
Começou a carreira como baterista na década de 50, tocando em orquestras e conjuntos que se apresentavam em bailes. A partir dos anos 60 acompanhou e tocou nos discos de uma quantidade imensa de artistas: Wilson Simonal, Roberto Carlos, João Donato, Elis Regina, Ney Matogrosso, Elza Soares, Elizeth Cardoso, Chico Buarque... Ô sorte deles!
Nos anos 60 e 70 gravou discos solo instrumentais, mas o lado compositor/cantor só foi ser devidamente reconhecido em 1997, quando saiu o disco O Som Sagrado de Wilson das Neves, onde gravou sambas inéditos, quase todos compostos em parceira com Paulo César Pinheiro.
É dos dois um dos maiores sucessos do disco, "O Samba é Meu Dom". Desde 2003, quase 50 anos depois de tocar em orquestras em bailes, passou a ser integrante da Orquestra Imperial. Ao mesmo tempo continua com suas apresentações solo, mostrando canções do Som Sagrado e de seu disco mais recente, Brasão de Orfeu.
E se o samba tem um mistério é esse: será que estávamos perdendo por décadas um grande compositor e cantor (o que seria mais do que compensado por sua excelência como baterista)?
Ou será que foram os anos acompanhando os grandes nomes da música no Brasil que o fizeram ir guardando suas próprias melodias para serem mostradas no tempo certo?
A sorte (ô sorte!) é termos a oportunidade de ver e ouvir os muitos dons de Wilson das Neves.
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