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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Pré-Carnaval 2019 no Rio de Janeiro parte 1: Tambores de Olokun, Planta Na Mente, Cortejos dos Signos





Carnaval em março enseja em uma maior duração do pré-carnaval, mas no fim das contas é faltando um mês para os festejos oficiais que as coisas começam a acontecer de forma mais visível nas ruas do Rio de Janeiro. No último fim-de-semana foram mais de 30 ensaios, blocos, gritos de carnaval, etc, mas ainda não é aquele clima que toma conta das ruas.







Sábado, fim de uma interminável tarde de calor na zona norte, e o bloco Planta Na Mente fazia um ensaio meio dichavado, porém aos olhos dos soldados que guardavam instalação militar logo ao lado, na rua General Canabarro, região do Maracanã, com gente já fantasiada com temas relacionados à legalização da maconha.







A impressão que dá é que a banda do Planta tem conseguido uma evoluída bonita com o passar dos anos e deixa de ser somente para interessados no tema, alcançando também quem gosta de música tocada com alguma qualidade. No balaio musical rola aquele esquema de "música de maconheiro", com versões muito legais de reggae ("Them Belly Full", porque não pode faltar Bob Marley), dub ("Chase The Devil"), funk das antigas ("Feira de Acari"), entre outros.







Mas uma boa parte é composta pelas marchinhas, só que com adaptações em algumas letras para se adequar ao espírito canábico do bloco. Um trajeto curto pelo quarteirão, dividindo a rua com carros e ônibus até chegar ao Smoke Lounge na rua Ibituruna se provou bem divertido.







No dia seguinte, domingo, estava anunciado um bloco supostamente temático, que tem feito desfiles mensais pelas ruas da cidade. Era o Cortejo dos Signos, que a cada mês comemora uma das doze constelações que compõem o zodíaco. O "cortejo de aquarianes", com homenagens e memes dedicados ao aquariano Zeca Pagodinho, estava marcado para concentrar às 8 da manhã em frente a um bar que fica no fim da feira da Glória que rola aos domingos.







O número de foliões não era muito grande, embora quase todos fantasiados, ainda faltando um mês para o carnaval. Alegorias horoscopais não eram presentes, além de um dos músicos fantasiado de Cavaleiro do Zodíaco. E por falar em música, foi o ponto mais fraco do bloco, talvez o pior que esta cumbuca já tenha visto em toda sua vida carnavalesca.







Pode ser que o horário e o clima de ressaca tenham contribuído para isso. De positivo o clima de troça da coisa toda, mambembe, passando por uma feirinha de objetos usados que ocorre concomitante à feira da Glória, com um cara com uma cabeça do Fofão à frente do cortejo. O bloco foi até o aterro parando em cada sombra que pude trazer um pouco de alívio tocando marchinhas e outras músicas que têm feito sucesso entre certa ramificação de foliões nascida dos ensaios da Orquestra Voadora. Até onde foi possível acompanhar, nenhuma música do Zeca Pagodinho, infelizmente.







Mais tarde, no Aterro do Flamengo na altura do Belmonte, a coisa ficou séria. E linda. O Tambores de Olokun talvez seja o bloco que mais esteja aproveitando esse extenso período de pré-carnaval, com seus ensaios aos domingos, pegando uma linguagem afrorreligiosa com a força da percussão do maracatu de baque pernambucano.









Mas esse após o dia de Iemanjá é um daqueles especiais. Só o ensaio já estava bonito, com as danças, as fantasias e representações religiosas que não precisa entender para achar impactante o projeto criado por Alexandre Garnizé.









E então eles começam o cortejo em direção ao mar para homenagear Iemanjá. Uma procissão dançante, levemente cheia, mas que fica tranquila de acompanhar quando chega na praia, quando a noite vai dando lugar ao dia. É difícil descrever o que é aquilo, especialmente quando chegam na areia e dançarinos e músicos vão até a beira da água, onde são entregues ofertas e um barquinho é lançado. No meio de tudo isso um músico ainda usava uma concha como instrumento de sopro, presença raríssima no grupo eminentemente percussivo na parte instrumental.







É o tipo de coisa que nos faz lembrar a beleza do carnaval, pela conjunção de música ao ar livre com a mistura de alegria mesmo nos ritos mais sagrados e ao mesmo tempo da capacidade de nos tocar profundamente mesmo diante de uma tremenda algazarra.








Vídeos desses blocos (e de outros que virão no pré) aqui.





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