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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Das dificuldades de se ver um show 3

Continuando a série.
Como se pode ver aí do lado na agenda, até que não faltam bons shows no Rio. E algumas vezes esses shows recebem um público bem menor do que mereciam. Devem existir explicações para isso, eu tenho algumas (muitas) teorias, mas me espanta quando produtores e bandas resolvem dizer que a falta de público é culpa do... público. E antes de blogueiro, músico ou qualquer coisa, eu me considero parte do público, então após anos sendo maltratado com problemas com horários, preços e locais, acho no mínimo curioso que alguém ache que público é problema ao invés de solução. Mesmo que seja um público com tantas peculiaridades como é o do Rio de Janeiro. Há uns anos atrás eu tinha visto esse texto que falava muito ou quase tudo que eu pensava a partir de um fato ocorrido e há poucos dias reencontrei o mesmo texto pela net. É do Bruno Natal, do blog Urbe (já falei sobre o blog aqui), vamos a ele:


“Muita falta de anti-profissionalismo dub”

Apesar de ter achado o show do Nouvelle Vague no Jockey, ano passado, bem fraco, resolvi seguir a dica do Kassin e ir conferir a apresentação de uma das integrantes da banda, Camille, no Teatro Odisséia. A fonte era segura, assistiu ao show do Abril Pro Rock e dizia que a banda era bem diferente da que tocou aqui antes. Valeria a pena assistir só pelo cara que toca bumbo, caixa e pratos com os pés, teclado com as mãos e faz beat box.

Nas últimas semanas, em seu blog, Jamari França vem cutucando a questão da situação caótica da cena independente carioca. Convidou várias pessoas da área pra darem opinião. O produtor Bruno Levinson (Humaitá pra Peixe) questionou “o que está acontecendo com o público carioca?”, a assessora de imprensa do Circo Voador Julia Ryff falou da (sub)cultura VIP, o empresário do Paralamas José Fortes e a produtora Maria Juçá reclamaram das carteirinhas. Todos com muita propriedade, diga-se.

Porém, nota-se que, até agora, os problemas recaem sobre o público. Está faltando falar do lado de lá do balcão, das bandas, dos produtores, das casas. Dos preços abusivos, estruturas precárias, som ruim, mal atendimento, não cumprimento dos horários (problema cronico), bebidas caras (R$5 uma lata de cerveja?)…

Todos esses fatores podem ser resumidos a um só: credibilidade, com a qual a cena carioca conta cada vez menos. Quem quer pagar, o valor que seja, pra se mal atendido, pra ver shows ruins em esquemas lambões? O público frequenta o que é bom, não tem jeito. Não tem essa de “dar um força a cena alternativa”, isso é coisa pra meia dúzia. O público em geral quer serviço bem prestado, da bilheteria ao palco. Está, aliás, corretíssimo.

A Nuth, boate na Barra, cobra (da última vez que ouvi falar) R$60 de entrada. E se tem quem pague, não é apenas porque é a “boate da moda”, “de playboy” e “fillhinho de papai”. Paga porque, não apenas se indentifica com aquela cena, mas certamente porque tem suas expectativas atendidas.

O circuito alternativo é, como bem diz o nome, uma opção a cultura dominante, seja pelo preço, seja pela estética. Entretanto, ser uma opção não é justificativa pra ser desorganizado. Sabe-se que falta dinheiro, falta incentivo, falta bastante coisa. Mas não tem como ser diferente, primeiro o bom evento, depois o público. Não dá certo se for ao contrário."


O restante, com a história de como ele não viu o show da Camille, você lê no blog dele.

Esse texto foi escrito em 27 de abril de 2006. Há mais de 2 anos, portanto. Será que mudou alguma coisa?

2 comentários:

Anônimo disse...

demais, tanto o texto do otaner como o recorte do texto do bruno. eu tb concordo que os produtores e irradiadores culturais, o q inclui artistas, bandas e seus respectivos empresários, estão dormindo no ponto. e isso fica mais visível ainda quando ouvimos essas explicações de "como e por que a cena não dá certo" se o preço é abusivo no ingresso e na cerveja. e na maioria das vezes a luta pra conseguir qualquer um dos dois já dá preguiça de sair de casa.

o público está aí. quer ver. está disposto. todo mundo quer descobrir mais bandas boas para ouvir, mais lugares legais pra ir. acontece que os eventos muitas vezes não colaboram mesmo.

a única coisa q discordo é: a maria juçá é da cena alternativa carioca ? o bruno levinson ?
esses são as figuras que já estão dentro da jogada e do mercado.

e talvez nós estejamos até mesmo reclamando deles. acho q já deixaram de ser alternativos né...

Otaner disse...

Fala, Qinho, obrigado pela leitura e pelo comentário. Essa parte sobre quem é da cena alternativa está no texto do Bruno Natal, então talvez ele responda melhor. Mas independente de eles no momento serem ou não serem da cena alternativa, esses dois nomes em algum momento estiveram ligados ao que acontece no Rio no cenário alternativo e por isso talvez tenham sido ouvidos pelo Jamari.

E claro que a reclamção cai sobre todos, sem esquecer das boas iniciativas, como por exemplo o Dia da Rua, que você e seus amigos organizaram, aquilo foi fantástico. E cada uma dessas pessoas e lugares envolvidos nessa "cena" tem boas idéias e pontos a se elogiar, mas acredito que a falta de público é decorrente dos problemas não resolvidos.

Aliás, não adianta UMA pessoa fazer tudo certinho, se tiver outros tantos mantendo os problemas de horário, estrutura, preços, etc. até porque as pessoas acabam vendo essas bandas e lugares como um todo, é difícil para o público separar o joio do trigo e nem deve ser preocupação do público.

Como o Bruno disse, resumindo tudo, o problema se resume em uma palavra: credibilidade.