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domingo, 19 de setembro de 2010

Tá todo mundo falando 07

O fim do Rio Fanzine no jornal O Globo




Saiu na sexta-feira passada (10/09) pela última vez a página do Rio Fanzine, comandada por Tom Leão e Carlos Albuquerque, dentro do jornal O Globo, aqui do Rio de Janeiro. Chego meio atrasado no assunto para registrar, como leitor, a minha relação com a página mais importante para quem gostava de cultura alternativa no Rio de Janeiro.







Na época em que eu estava me interessando e descobrindo a música, em especial o punk rock e qualquer coisa que sujasse uma bela melodia com guitarras ásperas ou conseguisse desordenar fórmulas mastigadas de canção sem se perder do prumo, as matérias principais do RF davam um grande destaque e importância para a música eletrônica.



Tecno, raves, jungle, e uma adoração em especial ao grupo de ambient-eletro (acho que era isso) The Orb não encontravam guarida em meu coração, embora alguns nomes que em pouco tempo estariam em evidência em todo lugar (Chemichal Brothers, Prodigy) fossem realmente interessantes.



Mesmo com essa falta de sintonia entre o que eu queria ler e o que a dupla riofanzineira escrevia como matéria principal, o espaço que eles davam para o que me interessava era alentador. Para mim, o Rio Fanzine era a coluna Na Cidade, onde estavam muitas vezes as melhores dicas de discos e cultura pop em geral, e principalmente onde eram divulgados os shows alternativos.







A memória não permite afirmar, mas muito provavelmente foi ali que soube de shows do Zumbi do Mato na livraria Berinjela, no centro do Rio. Ou festivais como o Expo Alternative com o Acabou La Tequila e Resist Control. Ou shows que aconteceram ali no Centro Cultural dos Correios, onde Loop B, Djangos, novamente Zumbi do Mato, e Piu Piu e Sua Banda tocaram de graça.







Gangrena Gasosa, Funk Fuckers, Sex Noise, shows no Black Night (Tijuca), Circo Voador, Tá Na Rua (Lapa), na praia ou na pista de skate de Jacarepaguá. O Rio Fanzine contribuiu muito para que esse universo tivesse algum espaço dentro de um meio de grande alcance.







Algo que me marcou, caso a memória não me engane, foi quando nas notinhas do Na Cidade avisavam de algumas rádios piratas no Rio, como a Progressiva FM (que ia muito além do progressivo) e Central FM, além da não-pirata Rádio Tribuna, de Petrópolis.







Graças a essas rádios e outras cujo nome eu sequer descobri, fui exposto a uma variedade ainda maior de música, seja indie, punk, rap, metal... e até mesmo progressivo. Afinal de contas não é preciso gostar de Tangerine Dream para ficar maravilhado de saber que sintonizando no lugar certo você poderia ouvir alguma música de 15 minutos do grupo às seis da tarde de uma quarta-feira qualquer em algum ano intermediário da década de 90.







As possibilidades abertas pelo Rio Fanzine foram muitas e inestimáveis, e alguns outros sites e blogs falam de uma relação bem mais direta que tiveram com a página global, como os grandes Urbe, Trabalho Sujo e Telhado de Vidro.







Na última terça-feira Maurício Valladares contou no Ronca Ronca sobre sua participação para que Tom Leão e Calbuque chegassem ao Rio Fanzine, que fora criado pela jornalista Ana Maria Bahiana. A curiosidade é que pude saber então que a mini-coluna que era meu espaço preferido dentro do Rio Fanzine, o Na Cidade, era inicialmente um fanzine, de papel mesmo, feito e distribuído pelo Tom Leão, e posteriormente se transformou em uma coluna na revista Pipoca Moderna, da Ana Maria Bahiana. Mauval colocou a página de estréia da coluna no seu Tico Tico.



As imagens que ilustram esse texto são trechos do Rio Fanzine encontrados pela internet. Seria bom que as pessoas digitalizassem seu arquivo pessoal com as páginas do RF. A página acabou mas ainda nos resta a memória.

Um comentário:

Igor disse...

Legal, Otaner!! Muito boa postagem, vc é dos q guardam os recortes!!
FODA