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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Humaitá pra Peixe + Circo Voador (11/01/08)

Categorias: Performance Individual e Em Grupo


Móveis Coloniais de Acaju - Circo Voador



Foi uma sexta-feira onde o humor, em diferentes intensidades, dominou as apresentações pela cidade, mais especificamente nos dois performáticos artistas que se apresentaram no Humaitá pra Peixe, Silvia Machete e João Brasil, e nas duas bandas que tocaram no Circo Voador.



Curiosamente, Brasov e Móveis Coloniais de Acaju, as tais bandas, há um ano atrás se apresentavam no Humaitá pra Peixe, dando início a uma série de apresentações com shows lotados pela cidade, que os credenciaram a ter uma noite só deles, pela primeira vez juntos, na mais charmosa e anárquica casa de shows do Rio de Janeiro.



Mas voltemos brevemente à Sala Baden Powell, onde começavam pontualmente os shows do Humaitá pra Peixe e a sexualidade desastrada era usada para render risos.



Silvia Machete - Humaitá pra peixe



Silvia Machete pergunta quem quer chupar o dedão do pé dela para ganhar seu CD. Diante do silêncio da platéia que, se não lotava o teatro como nos dias anteriores, também não deixava muitos lugares vazios, Sílvia revela que "dedão do pé" é como ela chama seu peito direito.



Imagina o que deve designar quando ela falar do mindinho do pé, não é mesmo? Silvia Machete é o que a Vanessa da Matta poderia ser se Vanessa da Matta não fosse um saco: tem uma belíssima voz, amigos-músicos talentosos que participam do disco e do show – no show de sexta-feira a banda foi composta por metade do Do Amor e três integrantes do mesmo Brasov que tocaria horas depois no Circo Voador – com duas diferenças fundamentais, que são as boas músicas e o grande diferencial e todo o mote deste texto, a performance.



Silvia rebola com seu bambolê enquanto confecciona um cigarro de palha, fuma e passa a bola pros músicos da banda, Silvia sobe no trapézio e se enrosca nas cordas, e gira e fica de ponta cabeça, como se estivesse num circo – atividade já exercida por Silvia, enquanto esteve na França.



Brasov - Circo voador



Mais tarde, no outro circo, o Voador, o Brasov conquistava novos fãs com suas versões de músicas do leste europeu, temas de séries antigas e sucessos hoje obscuros de Roberto Carlos. Mais uma vez a performance marca o show, com a coreografia ensaiada que vão executando durante casa música.



No final da execução do jingle Piscinas Tone (sim, eles tocam uma música de propaganda antiga) resolvem levantar garrafinhas de água e jogam a água toda das garrafinhas nas próprias cabeças. Nem todas as piadas funcionaram tão bem, especialmente no intervalo entre as músicas, já que muitas vezes nesses momentos o público estava mais interessado em botar a conversa em dia ou dar aquela cantada fatal para conquistar a gatinha ao lado. É a música romena contribuindo para o social. Os pedidos para que retornassem após deixarem a (quase) sempre inconclusa versão dançante de O Show Já Terminou não surtiram efeito.



João Brasil - Humaitá pra peixe



Já os pedidos de João Brasil para que, em vez de aplausos, as pessoas o chamem de pau molão ao final de cada música são atendidos por parte da platéia. João havia começado sua apresentação com "Cobrinha Fanfarrona" – ou Fanfarrona Snake, ou Cuebrinha Fanfarruena – basicamente um funk carioca, e aí reside algo que ajuda muito para que o show não seja somente um amontoado de letras engraçadinhas e auto-referentes, que é o fato das bases pré-gravadas por João serem muito boas, com pressão e graves funcionando bem, perfeitas para João cantar em cima de bases não só de funk como de disco music, rap das antigas e tecnopop, além de mandar uma balada no teclado, lembrando Elton John (ou Piano-Bar dos Engenheiros do Hawaii), a etílica "O Carnaval Acabou Com Meu Fígado".



Guns'n'Roses, que já havia estado presente no show de Silvia Machete numa versão bossa nova para "Sweet Child O'Mine", ressurge com uma tradução em português para "Paradise City", que vira "Cidade Paraíso". Na já citada "Pau Molão", João vai contando suas peripécias flácidas no Erótica Bar, na mesma Copacabana onde estava se apresentando, e com algumas improvisações e mudanças na letra, a canção praticamente o alça à categoria de gênio.



Não dá pra dizer que a performance de João é individual, já que ele conta com a ajuda vocal da altíssima Letícia e de PCatran que comanda os gadgets eletrônicos de onde saem as músicas e se transforma em "Mônica Vauvoguel", na canção homônima onde João revela seu desejo de despir a apresentadora do Saia Justa de seu tailleur.



Ainda que canse um pouco, após ouvir tantas vezes, "Baranga" continua sendo o hit do cara, cantada por todos os presentes e levando João para o meio da Sala Baden Powell, em seu uniforme amarelo de aeróbica.



Móveis Coloniais de Acaju - Circo Voador



E aeróbica é um fator vital na performance conjunta do Móveis Coloniais de Acaju. Do móveis e do bom público que encheu o Circo Voador para ver a primeira apresentação dos candangos este ano. Enquanto nove dos dez integrantes não param de se mexer, com um naipe de metais que se recusa a ficar parado um minuto sequer, o público é conduzido através das ordens do vocalista André, que pede pro povo bater palmas, abaixar, pular, cantar e leva os fãs como se fosse um maestro.



O humor também vem em forma de sacrifício, quando André canta o trecho "E quando a pedra despencou da ribanceira / Eu também quebrei a perna" da versão que fizeram para "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", de Raul Seixas, e aponta para o baixista Fábio Pedroza, que havia rompido os ligamentos e estava ali tocando com uma das pernas imobilizadas e pulando com a outra perna boa parte do show.



Entre as músicas que usualmente geram momentos catárticos no show, como "Cego", "Perca Peso" e "Aluga-se Vende" foram inseridas músicas do próximo álbum a ser lançado pelo grupo, o que gerou alguns momentos mais frios na apresentação, talvez não tanto pela novidade e mais pelas músicas serem menos agitadas mesmo, já que quando "Lista de Casamento" fora apresentada pela primeira vez em terras cariocas, naquele show do Humaitá pra Peixe de um ano atrás, já dava para perceber a força que a canção ska-punk possuía e o refrão grudento de fácil assimilação também ajudava.



Mas chega o momento de "Copacabana" e a esperada hora em que se abre uma roda no meio do público para que alguns membros da banda estejam ali e comece a farra grega-judaica-bárbara onde tudo entra em ebulição. Nessa hora o espírito anárquico do Circo baixa nos presentes e até mesmo tem um espírito de porco cuspindo cerveja pro alto para espanto dos músicos.



Quando se vê já tem gente em cima do palco, moshes e, principalmente, muita felicidade estampada nos rostos dos que participavam daquela celebração às 3 da manhã de uma lapa ainda movimentada.

Um comentário:

Marcos Vilella disse...

Acompanhar o HPP,pelo La Cumbuca,indo buscar o Túlio nos shows,ver aquele clima da rapaziada,me fez voltar uns vinte anos atrás.
Eu também tinha minha banda de garage,embora nossa casa no suburbio nem garage tinha.
guitaras e baixos Giannini,bateria
pinguim,num tempo em que Fender era um sonho demasiado distante.Usavamos amplificadores Ipame,que nós chamavamos de "deu pane" devido a grande quantidade de choques que faziam nossas guitarras literalmente eletricas!!!!

Mas a grande sacada é o espirito garage,que permanece na rapaziada depois desses 20 anos e faz a diferença nas atitudes que tomamos hoje no dia a dia.
De alguma forma,a garagem vai estar com voces também,nos proximos anos,fazendo a diferença.
Não feche a garagem,mantenha a guitara afinada,aumente o volume e ande pra frente!!!!!!!!!!!