Depois de seguir por um verdadeiro labirinto, finalmente acho o camarim, e ele estava lá, Lúcio Maia em pessoa. Seus olhos vermelhos chamam a atenção, mesmo que pareçam querer se esconder embaixo do chapéu, talvez se escondendo de um chato fazendo perguntas momentos antes da estréia no Rio de Janeiro do show de seu projeto solo, o Maquinado. Mesmo assim ele responde com tranqüilidade, entre amigos de longa data que entram lhe desejando feliz ano novo e pressão para sair dali e ir para o palco, e revela o seu lado de antropólogo musical, olhando pra trás para trazer e fazer seu próprio futuro.
Capa do projeto Maquinado, de Lúcio Maia
La Cumbuca: Seu projeto solo foi feito como uma forma de sair da monotonia da turnê da Nação Zumbi?
Lucio Maia: É sim, foi feito como uma forma de sair da rotina normal com a banda. E também para aproveitar aquilo que eu tinha produzido e estava sem uso. Mas de uma forma foi sim, mudar um pouco o hábito, fazer alguma coisa nova.
La Cumbuca: Como é o seu relaciomento com o produtor do disco?
Lúcio Maia: Em primeiro lugar o cara tá ali porque eu chamei, então eu tento tirar o maior proveito disso. A gente leva o trabalho pronto e o produtor vai e trabalha em cima daquilo, procurando sempre melhorar, seja na escolha de timbres ou no modo de gravação de algum instrumento que deve ser diferente de uma música pra outra, sempre procurando o melhor.
La Cumbuca: Como que ocorreu o processo criativo para o desenvolvimento do disco?
Lúcio Maia: Eu produzi um material sozinho, de influências diversas, e quando eu percebi, eu tinha 30 músicas, decidi pegar 10 e fazer um disco.
La Cumbuca: Como você separou o material que você veio a aproveitar no projeto solo e o que deveria ser levado para a Nação?
Lúcio Maia: Tudo que é feito na Nação é feito em grupo, sempre, eu nunca cheguei com um material pronto e disse "vamos fazer isso". Não. Na Nação tudo é feito em conjunto com o pessoal da banda.
La Cumbuca: Você tem influência de alguma banda nova?
Lúcio Maia: Bem, cara... Eu acredito que o passado é insuperável, nenhuma banda nova vai conseguir atingir aquilo que foi feito antes. Porque o passado tem alguma coisa que... só ele tem, que faz soar melhor do que o novo. As minhas influências sempre são de coisas passadas, que parecem atuais, tem disco que eu ouço e penso: "Como que eu não tinha ouvido isso antes? Esse disco tem 30 anos e é tão atual...". Eu sempre busco no passado as influências, eu sempre pesquisei a música antiga, sempre fui uma espécie de 'antropólogo musical'. Sempre busquei coisas antigas. Então, não, nenhuma banda nova me influencia hoje.
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Humaitá Pra Peixe - Cabeza de Panda e Maquinado
Por OTANER
Bolinhos Tóxicos e Retratos sem Concessões
Cabeza de Panda
Tendo feito somente um show antes de tocar no HPP, Cabeza de Panda é formado por músicos que atualmente tocam com D2, que estava lá prestigiando o trio. O show começa com bons rocks, mas que não chegam a empolgar nem ficam na memória, o que melhora um pouco quando apresentam "Café e Pasta de Dente", que gera sorrisos pelo curioso título ao ser anunciada e uma claustrofóbica versão de "Psycho Killer", do Talking Heads.
No final o show, que estava morno, esquenta com a presença de Thalma de Freitas, linda num curto vestidinho branco, dançando loucamente e cantando "Toxic" de Britney Spears, num daqueles momentos que já ficam na história do Festival. Para completar, distribuição de bolinhos com carinhas de panda, que, diga-se, estava uma delícia!
Maquinado
O melhor guitarrista atualmente no Brasil faz um show e toca versões de músicas dos seguintes artistas:
- Jorge Ben
- Kraftwerk
- Mamelo Soundsystem
- Nelson Cavaquinho
- Serge Gainsbourg
- Nação Zumbi
- Bad BrainsMuito mais que a apresentação do melhor guitarrista do Brasil, vimos um retrato de um sujeito em sintonia com uma paixão pela música, toda música, que a gente não encontra em muitos lugares, talvez só no programa/festa Ronca Ronca do MauVal, aliás, presente no recinto.
Ninguém resolve fazer, ao vivo, músicas desses artistas num mesmo dia para parecer moderno. Tem que haver amor ali e Lúcio Maia mostra todo esse amor enquanto toca e dança como se fosse levado pela música, com muito mais paixão que a maioria da platéia, aboletada em suas cadeiras, demonstra.
Fizeram falta muitas das músicas do CD, intitulado Homem-Binário - só umas três foram apresentadas - mas Lúcio deve ter optado por deixar de mostrar aquelas que tinham o auxílio valioso de gente como Felipe S. do Mombojó, Siba e Speed, pois talvez não funcionassem tão bem sem os convidados.
O que não justifica a ausência de "Arrudeia", faixa que abre o CD e é tema de algumas vinhetas do programa de TV Tramavirtual, que costuma passar em horários ingratos no Multishow. A banda que o acompanha é formada por seus companheiros de Nação Zumbi: Dengue tocando num clima de banquinho e contrabaixo e Toca Ogan mandando batuques afrobeats valiosos na percussão.
Completa o time o DJ PG, do Mamelo Soundsystem, nas pickups e soltando bases para os zumbis mostrarem a competência habitual. Do Mamelo Soundsystem também surge a participação de Rodrigo e Lourdes da Luz, repetindo a participação deles no CD.
A interação de Lúcio com a platéia mostra que o guitarrista parece estar numa constante viagem consigo mesmo, às vezes filosofando de forma tão profunda que talvez nem ele entenda, às vezes sendo extremamente sem-noção, mandando um abraço "por trás" para todos os presentes ou dizendo que quando garoto não ficava com essa viadagem, logo após alguém nos fundos da sala dar gritinhos esquisitos.
A maioria da platéia parece reagir bem, apesar que de forma contida, mostrando que lhe sobra carisma para conduzir o show, mesmo que ele busque constantemente desafiar o público, ao no bis pedir um "pau no cu do papa". Não costuma me apetecer a prática de sodomia com nazistas, mas de qualquer forma foi mais uma pincelada do retrato cubista de Lúcio Maia.
2 comentários:
Ufa...saiu então!
Parabens Otaner, primeira coisa que fiz quando eu conssegui me estabelecer foi abrir isso aqui
hihihi, tem foto minha aí. :)
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