Continuando a maratona musical do meio de dezembro, na sexta (14/12/2007) foi a vez de ir no Circo Voador assistir ao show de lançamento do Fome de Tudo, novo disco da Nação Zumbi, e fácil, fácil, o melhor disco do ano.
Antes disso, passei no Plano B, simpática loja de discos que fica perto dos Arcos da Lapa, onde Do Amor fazia uma bagunça sonora, com teclado no lugar da bateria, parabéns pra você em ritmo de funk-samba e uma versão quase irreconhecível de uma música do Carne de Segunda (a emblemática "Pepeu Baixou em Mim"), banda anterior de 3/4 do Do Amor.
Entre o fim do Carne de Segunda e o começo do Do Amor os integrantes da nova banda tocaram com mais de uma dezena de artistas diferentes, indo de Zumbi do Mato a Caetano Veloso. Talvez o mais conhecido deles seja o Bubu, que tocava baixo e guitarra com o Los Hermanos sem ser membro efetivo da banda por uns 5 anos.
Parece que ninguém lembrou ali que naquele mesmo dia, há exatos dez anos, Los Hermanos se apresentava pela primeira vez, no minúsculo palco (se é que tinha palco naquela época) do Empório. Nem eu lembrei, mas é bom viver o passado e o diário. Enfim, valeu por ouvir pela primeira vez ao vivo "Chalé".
Findo o show-experimento, e com a equipe La Cumbuca já devidamente reunida, era hora de conferir a Nação. Quer dizer, era hora de esperar pelo show do lado de fora do Circo tomando uma cerveja, porque horário é um conceito abolido faz tempo na maioria dos shows por ali.
Ao sinal dos primeiros sons saindo do palco, o público começa a entrar para assistir o artista de abertura, Ortinho. Ex-Querosene Jacaré, Ortinho faz um show bem legal, com influências de soul, funk, samba, rock e, claro, mangue bit, temperando o pop de suas canções, com destaque pro baixista, um figuraça com dreadlocks enormes que vão até a cintura. Ortinho ainda tocou uma versão de "Sangue de Bairro", composição que ele fez com Chico Science, presente no último disco do Chico Science e Nação Zumbi, o Afrociberdelia.
Logo antes da Nação entrar, soltaram um clipe de "Bossa Nostra", que é justamente a primeira música do show. Com muitas bandas isso seria sinônimo de começar um show da pior forma possível, dar uma esfriada na platéia, mas com um público com fome de música, que antes mesmo dos mangue boys entrarem já superlotava o Circo Voador, isso não teve a menor importância.
Vieram sem o figurino de calça preta-camisa vermelha da abertura da turnê em São Paulo, mas pra compensar vieram com todas as cores e matizes possíveis, fazendo o Circo tremer com a "Bossa Nostra" que tinha tocado 3 minutos antes no telão. Incrível a quantidade de pessoas que já conhecia a música, mesmo sem ela tocar nas rádios, mesmo sem MTV passando clipe, mesmo sem jornal falando sobre eles.
A roda de pogo mal foi desfeita e eles já emendaram o hit "Hoje, Amanhã e Depois", do disco anterior, Futura, outro hit que é hit pela força das músicas, porque não tocam em lugar nenhum no Rio.
Após mandarem outra excelente música pesada do Fome de Tudo, "Infeste", eles vêm com tudo em "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada". Depois disso eles resolvem dosar, alternando canções mais leves e suingadas com as mais brutais, o que foi bom pra conseguir assistir o show de pé. Mas logo na primeira música "leve" já emocionam, puxando do baú "Risoflora", do primeiro disco.
E assim segue o show, passeando por músicas de quase todos os discos da banda, relembrando ainda uma das melhores do Afrociberdelia, a possante "Etnia" ("somos todos juntos uma miscigenação e não podemos fugir da nossa etnia"). No fim, a música "No Olimpo", que também fecha o disco novo, e que eleva a banda a um novo patamar, mostrando que se o caminho dos novos sons da Nação Zumbi forem apontados por essa música, ainda vão dar muitas alegrias.
A banda sai de cena e retorna rapidinho para o bis, começando com um pot-pourri com músicas do primeiro disco ("A Cidade", "Samba Makossa" e "Da Lama ao Caos"). Logo depois chamam as participações de Bi Ribeiro do Paralamas entortando num quase dub "A Praieira" e BNegão rasgando a voz em "Manguetown".
Em algum momento o Otto entrou no palco e não saiu mais, ora cantando, ora tocando percussão ora pulando e mostrando o barrigão, mas foi divertido e não comprometeu. Para o fim derradeiro mandam o cover de Eddie, "Quando A Maré Encher" e deixam o público de alma lavada & suada de assistir ao último grande show do ano.
E isso mesmo deixando de tocar várias músicas que levantavam o público em shows anteriores, como "Mormaço", "Macô", "Propagando", "Prato de Flores", "Jornal da Morte"... Mas quem consegue fazer três mil pessoas aplaudirem a instrumental "Coco Dub" mostra a força que tem.
Talvez saia a parte III da maratona musical. Mas já adianto que falarei (ou não) sobre os últimos shows na Baratos da Ribeiro, a estréia da Monorquestra e Turbo Trio no Oi Futuro.
2 comentários:
só vi esse post hoje! gostei do texto hein otaner. alias, nao tinha como fechar o ano melhor... muito bom mesmo esse show.
ainn que massa,irado esse show! sorte desse povo aí. massa...
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