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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Superguidis no Humaitá pra Peixe (18/01/08)

Texto por OTANER. Vídeos e Fotos por DINE.

Talvez seja melhor voltar alguns meses para começar a falar sobre Superguidis. Um ano, na verdade. Foi o tempo necessário para se criar um histórico de identificação e admiração com esses quatro guris de Porto Alegre/Guaíba. Em janeiro de 2007 o site da Tramavirtual elegia os dez melhores discos nacionais do ano anterior e o primeiro colocado era o disco de estréia deles. Havia também o (ótimo) Supercordas na lista e haviam outros grupos "super" por aí, o que talvez tenha criado uma certa confusão até que eu conseguisse ouvir o super que era o primeiro lugar na lista. Ouvi sem expectativas, sem saber como era, quais as influências. Talvez o impacto tenha sido maior por conta disso. As guitarras de introdução de O Raio Que O Parta já mostram que o som que eles tiram não é igual a NADA feito no Brasil. E a letra? O cara tá te mandando ir pro raio que o parta, pro diabo que te carregue (antes que o diabo mordesse alguém). Logo depois vem Malevolosidade, que tem todo jeito de hino (no sentido "cantar junto" da coisa), com poucas frases, onde cada sílaba parece ter uma importância enorme. Reparem que quando o vocalista/guitarrista Andrio Maquenzi canta "um objeto onde você possa despejar" ele praticamente cospe a primeira sílaba de "possa". Não é todo dia que se ouve alguém cantando assim. Vai ficando claro com o passar das faixas que ali está um som vindo dos anos 90, com diálogos entre as duas guitarras e base agitada, talvez algo de Foo Fighters, Superchunk, muito de Guided By Voices, mas em O Banana uma influência fica clara: Pavement. A forma como as frases vão saindo ("um complé-é-to bun-dão") lembram o jeito de Stephen Malkmus cantar, a guitarra sujona que parece intrusa mas segundos depois já é amiga da canção, tudo nessa faixa faz recordar o clima do clássico disco Slanted & Enchanted.

O disco de estréia do Superguidis realmente era o melhor nacional de 2006, o melhor que eu ouvia desde o Ventura do Los Hermanos. Conversando com amigos que descobri também gostarem de Superguidis, soube que eles estavam planejando pedir na comunidade do Ruído Festival para que chamassem a banda. E deu certo! Após alguns desencontros eles acabaram trazendo o grupo, que fez um show espetacular e... curto. Mesmo curto foi ótimo ver os caras tocando e ainda poder ver os pedais artesanais criados pelo guitarrista Lucas Pocamacha.

Alguns meses e um novo disco depois, era hora de tentar trazê-los de novo, desta vez para o Humaitá pra Peixe. Em que pese ter sido importante pedir a banda no Festival, ninguém acataria o pedido se não houvesse qualidade ali; claro que a sensibilidade dos produtores em perceber isso também ajudou. Então, mesmo sem tocar em rádio, mesmo poucas pessoas da cidade conhecendo, Superguidis estava novamente no Rio de Janeiro se apresentando para um público não tão grande, mas tão ou mais entusiasmado que o de outros dias mais populares do HPP. Assim que entraram Lucas já começa a falar e a primeira coisa que faz é perguntar pelo Guerra, um dos que pediu pela banda, garoto de 14/15 anos que é praticamente uma lenda virtual por conta de sua participação insistente em comunidades de bandas no Orkut, como Ecos Falsos e Rockz. Com a banda pronta, Andrio começa a cantar os versos de Por Entre As Mãos, música que abre o segundo disco A Amarga Sinfonia do Superstar. E quando o resto dos instrumentos entram nota-se que a música cresce muito ao vivo, mais do que no disco. Lucas e Andrio não param de se mexer enquanto vão tocando suas melodias bem trabalhadas na guitarra. Lucas é um caso a parte, quase sempre de cabeça baixa, tornando possível ver somente sua cabeleira, que cobre todo o rosto. Já o baixista Diogo Macueidi mantém um estilo sóbrio, sempre próximo da bateria de Marco Pecker como que demonstrando o contraste/complemento: são eles dois que criam uma base sólida o bastante que permite aos outros dois enlouquecerem com as guitarras.

Alternando canções de seus dois álbuns - e todas as do Amarga ficam mais potentes ao vivo - e com o som da Sala Baden Powell contribuindo positivamente, percebia-se que os caras esbanjavam confiança e tranquilidade pra tocar, especialmente na resposta dos fãs às músicas do primeiro CD, como Malevolosidade e O Véio Máximo. Andrio anuncia a nova, ainda não gravada, Não Fosse o Bom Humor, e uma garota do meu lado se espanta com minha empolgação antes mesmo deles apresentarem uma música nunca tocada no Rio, como se o youtube não estivesse aí pra isso (vide o post anterior). Assim como Frank Jorge havia feito na semana anterior trazendo músicas novas como Pilhas de Livros, A Historiadora e Obsessão Pelos Anos 60, os guidis comprovam que por mais legal que seja ouvir músicas já conhecidas, a novidade, quando acompanhada de qualidade, tem um sabor especial. É como assistir o parto de um hit, ali, na tua frente.

Entre piadas sobre tênis furado preenchido com a areia de Copacabana, desejos de ter mais uma guitarra pra não perder tempo com afinação (e acabar com o tempo que o Lucas tem pra fazer piada entre as músicas) e agradecimentos aos fãs, os guidis tocam a música chamada Riffs, com Lucas encarnando um Chuck Berry/Angus Young versão Matador Records e é quase natural que as mãos se ergam quando chega o refrão e a palavra-razão-de-viver "riffs" é gritada. Ainda dava tempo pra mais uma, o povo queria, então eles religam os instrumentos, sob os avisos de Andrio que a música a ser tocada não é música de final de show e pro pessoal aguentar. Poderia ser O Raio Que O Parta ou Os Erros Que Ainda Irei Cometer, duas canções que ficaram fora do show, mas a escolhida por eles é a também ótima e nonsense Ainda Sem Nome, terminando definitivamente uma apresentação de sorrisos nos rostos.

É fácil perceber que conseguir ver a banda que pedi, tocando a música nova que sugeri que tocassem, ao lado de bons amigos, com um som perfeito faz deste o melhor show do Humaitá Pra Peixe pra mim e um início de 2008 excepcional.

5 comentários:

Lismar Santos disse...

É, não pude comparecer nesse show (niver da mamãe é 18/01, um bom motivo :-))).

Ahhh, e fui perder um dos mais interessantes. Td bem, consigo visualizar bem como foi a festa, através desse post (q, agora, tb está no "Senhor F", uia só!).

Conheci os guidis num festival no Teatro Odisséia, há alguns anos, graças a uma amiga q insistiu q eu fosse(a proposito, nesse mesmo dia conheci Móveis C. A. Se não fosse minha amiga...).

Esse então acho q já merece entrar pra famosa listinha de fim-de-ano dos "Shows de 2008".

fuii!!

Túlio disse...

Muito bom o post, parabens =p
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~E a letra? O cara tá te mandando ir pro raio que o parta, pro diabo que te carregue (antes que o diabo mordesse alguém)~

uahauhauhauhauhauhauhuauhauh

Anônimo disse...

o Guerra tem 15 anos, 15 ANOS!!!

Anônimo disse...

adoro Superguidis mas já foi feito no Brasil sim, dá uma sacada: http://mmrecords.com.br/200701/astromato/

abs
o cara do stand de cds do HPP

Otaner disse...

ô Lariú, cê é bem mais que o cara do stand de cds do HPP. :)

E tem razão, Astromato foi uma surpresa muito grande pela qualidade, quando ouvi há alguns anos atrás. Só acho que, enquanto o Astromato olhava pra Europa, o Superguidis olha pra América, de uma forma que ainda não tinha visto fazerem por aqui. Tudo bem que essa explicação mequetrefe não justifica o esquecimento, haha. Canção do Adolescente e No Macio, no Gostoso são músicas lindíssimas pro pessoal conhecer, recomendo.

E não tem tanto a ver assim, mas o primeiro disco do Second Come também é muito legal.