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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O Carnaval 2016 no Rio de Janeiro: Tranquilo e Favorável - Parte 3






Dando continuidade às partes 1 e 2.



A segunda-feira ficou com bastante espaço livre, uma vez que o Desce Mas Não Sobe saiu no sábado, conforme já vimos, e o bloco que muda de nome todo ano (já mencionado aqui como "bloco secreto" e difundido com essa denominação pelas internets) também não sairia na segunda. Mas um outro bloco já visto por esta cumbuca também mudou sua data, então começamos este dia com...





08/02 - Quero Exibir Meu Longa





É muito bom que agora existam mais blocos com gente fantasiada pela Tijuca e Zona Norte e o Quero Exibir Meu Longa foi uma boa pedida para começar o dia, porque, diferente de outros que começaram a tocar por ali recentemente, não fica parado, não é bloco-show. Só que o desfile deles, que como o nome indica tem o cinema como inspiração, tem mais cara de curta-metragem. Descendo a Praça Gabriel Soares para pegar a Conde de Bonfim e voltando pela Desembargador Isidro, o bloco ainda é pequeno e anima os moradores das ruas próximas, que não chegam fantasiados. Em compensação, as fantasias que surgem são quase todas muito bem elaboradas e voltadas ao cinema e séries.



De Narcos a Guerra nas Estrelas, passando por Mary Poppins, Bender (do Futurama!), personagens de filmes de terror em grupo, Jack Nicholson n'O Iluminado (!) e Hilary Swank em Menina de Ouro foram alguns dos destaques, além das Mia Wallaces (Pulp Fiction), Piratas do Caribe, Minions e o barbudo de Se Beber, Não Case que já povoam o carnaval. Os foliões não são o supra-sumo da animação, mas a bateria é boa e, embora ninguém se importe muito com as letras das paródias de marchinhas (nem dá para entender, na real), não faz feio e o dia começa bem antes de voltar a explorar novidades de blocos no centro.






08/02 - Bloco Vem Cá Minha Flor





Mesmo avisando somente no dia a hora e local da concentração, o Vem Cá Minha Flor trouxe uma multidão para seu primeiro desfile. Pode ser por conta de matéria no jornal, pelos músicos terem muito amigos (mas muito mesmo, então), ou porque todo esse frisson de descobrir onde vai ser gere mais curiosidade e mais gente. Qualquer que seja a causa, o resultado foi provavelmente além do esperado e lotou as avenidas Franklin Roosevelt e Presidente Wilson, dali pegando a direção do MAM.



As fantasias dos integrantes eram bem tropicais e primaveris, mas o repertório poderia ser mais florido e melhor explorado (poderia caber ali desde "Flores", dos Titãs, até "As Rosas Não Falam", de Cartola). Também aconteceram algumas pausas entre uma sequência de músicas e outras, que davam uma quebrada no ritmo que vinha sempre bom na hora das marchinhas. Mas não há dúvidas que quando tocaram "O Pescador de Ilusões" do Rappa, embaixo do MAM, o bloco realmente valeu a pena (ê ê). Peguei em vídeo só o finalzinho, que não dá nem ideia do impacto que teve na hora.












08/02 - Moita





Durante o Vem Cá Minha Flor começou a surgir um papo de um bloco que estava acontecendo "na moita". Os foliões que em outros carnavais frequentaram o "bloco secreto" começaram a achar que esse era o secreto, mas a informação destoava do (pouco) que eu sabia sobre o enredo este ano do bloco. Mesmo assim as mensagens e conversas continuavam. O bloco está na Alerj. O bloco está na Praça XV. O bloco está no Palácio Gustavo Capanema. Como o Vem Cá Minha Flor estava parado um pouco depois do MAM por um tempo, uma trupe foi arregimentada em busca do tal bloco.



Era possível ver outros grupamentos de foliões com o mesmo objetivo perambulando a Avenida Antônio Carlos, quando de repente música começa a ser ouvida e uma pequena multidão surge cruzando a avenida. Só que o bloco continuou cruzando a avenida mesmo sem ter uma rua do outro lado. Rapidamente se tornava claro o objetivo naquele momento do bloco que acabamos de encontrar: subir uma "laje" em cima de um posto de gasolina desativado.






O resultado foi um baile inusitado, em uma vista bem diferente do que aqueles que circulam pelo centro da cidade estão habituados, e ver a cidade por outros ângulos, de outras formas, é um item sempre precioso na lista mental que o La Cumbuca faz para um bom carnaval. De certa forma, estávamos novamente no "Morro do Castelo", de um jeito diferente que o Boi Tolo fez na abertura do carnaval de 2015 (leia aqui para entender). Os músicos pareciam ser do Boi Tolo e depois fui informado que também estavam pessoas que tocavam no bloco secreto, além de organizadores e frequentadores desses e outros blocos não-oficiais circulando por ali. E o nome era Moita mesmo, não sei se com alguma relação com o Vem Cá Minha Flor.


Depois de um bom tempo em cima da laje, o bloco pegou a Antonio Carlos e virou antes de chegar no Tribunal da Justiça, indo para a Praça XV. De lá, não me perguntem como, o bloco chegou até a Avenida Passos e a partir daí os testemunhos cessaram. Antes disso, esta parte do La Cumbuca ainda passou pela Graça Aranha e viu os blocos clássicos Bafo da Onça e Cacique de Ramos se preparando para seus desfiles. A vontade de ficar era grande, mas neste carnaval a ordem era dormir cedo para aproveitar melhor o dia seguinte.






09/02 - Trombetas Cósmicas do Jardim Elétrico





Talvez tenha sido por conta da divulgação bem discreta, em especial do local onde iria acontecer, talvez estivesse todo mundo desmaiado pelo centro e pela Lapa depois da madrugada com o bloco Amigos da Onça, então a fanfarra do Trombetas Cósmicas não conquistou tantos foliões para seu primeiro desfile e isso foi a melhor coisa que poderia acontecer. Aos pés da ladeira da Glória fizeram um "sobe mas não desce" (desceram horas depois, pelo outro lado) tocando versões bem doidas e fanfarroneiras de marchinhas como "Turma do Funil" e "Saca-Rolha".





Lá em cima, aos pés da igreja da Glória, o lance era procurar uma das poucas sombras para curtir a proposta psicodélica ao som de Mutantes, Novos Baianos, Caetano Veloso e outras lisergias dos anos 60/70. Muito legal e promissor, mas apesar de não querer transformar esses relatos de carnaval em jornalismo gonzo ou textos-da-Vice, devo dizer que saí um pouco para procurar cerveja "não-oficial" (já falei que vivemos tempos estranhos?) e com isso aproveitei para dar uma conferida em outro bloco já conhecido por este folião.





09/02 - Grêmio Recreativo Absurdo de Magia Vamo ET





Apesar de ser, essencialmente, um bloco-show parado, o Vamo ET é uma ideia tão absurda que talvez por isso tenha tão bom resultado. Tudo gira em torno de um ET gigante de pelúcia que um grupo de amigos levava para os blocos. A partir daí ganhou agremiação com marchinhas e músicas próprias, com trocadilhos sacanas. O nonsense lembra um pouco o A Porta, do recife, onde uma porta é o estandarte.


Assim como o Trombetas Cósmicas na parte "de cima" da Glória, ficou quase todo mundo abrigado na sombra durante o Vamo ET, próximo ao "cabeção do Getúlio", referência para achar o bloco. Sempre uma boa pedida e, ah, encontrei a cerveja "não-oficial" (desculpem o excesso de aspas).






09/02 - G.R.E.S. Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia





Enquanto isso, as redes subterrâneas da internet buscavam informações sobre hora e local do bloco que todo ano muda de nome e temática. Esta equipe carnavalesca já estava inclinada a ir a um outro bloco, o Sai Sem Banda, que ia sair (com banda) no Outeiro da Glória, mas diante das confirmações e da curiosidade rumamos a uma rua próxima da Praça da Cruz Vermelha (onde, aliás, começava o Pula Roleta), no Bairro de Fátima.


Em local pouco usual, tudo que foi sendo dito entre um bloco e outro e em mensagens e comentários virtuais foi tomando forma. Em frente ao Bar do Peixe II (sim, II!) o G.R.E.S. Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia se apropriava do nome do samba-enredo da Beija Flor em 1989 e o abre-alas do desfile daquele ano para homenagear Joãozinho Trinta, o lixo, o luxo e também "pela precarização do carnaval", como dizia a placa em frente à reprodução do Cristo coberto por um saco plástico preto.


Até havia um ou outro instrumento de sopro junto com a bateria, mas desta vez o pessoal pegou um latão de lixo da Comlurb, modificado como amplificador de som (já visto em passeatas de sindicatos e no bloco do Barangal), uma guitarra e microfone para cantar um samba-enredo feito para o desfile. Além do samba-enredo, algumas músicas com a temática lixo foram cantadas, como "Bichos Escrotos", "Nem Luxo, Nem Lixo" e "Joga Fora no Lixo". Quando o bloco saiu do Bar do Peixe II e pegou a Henrique Valadares, foi levando não só aqueles que todo ano buscam qual será a nova artimanha do bloco que mais de 10 anos atrás começou como Se Melhorar, Afunda e desfilava na barca Rio-Niterói, como também curiosos e moradores que viam a avenida ser quase toda tomada.


Com isso, quando o Ratos e Urubus virou na estreita parte da Rua dos Inválidos com direção para a Presidente Vargas, já eram milhares de foliões e ficou quase impraticável ouvir o bloco. Melhorou um pouco quando alcançou um trecho em frente ao Campo de Santana onde estão sendo feitas obras para o VLT e ali sim, o sentido de precariedade ficou mais evidente. Em vez de chegar na Presidente Vargas, o bloco virou na Buenos Aires para atravessar o "deserto do Saara" até chegar na Rua do Ouvidor. Dali, La Cumbuca só tem conhecimento pelo que contam as pessoas, as fotos e vídeos, com o bloco chegando gloriosamente na Praça Mauá para "invadir" o Museu do Amanhã e entrar no espelho d'água em frente ao museu, justificando, assim, o interesse das pessoas pelo tal bloco secreto.




Vamos deixar os blocos de quarta-feira e do pós-carnaval para a quarta parte desta saga carnavalesca.

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