
"Diz o dito popular / Morre o homem e fica a fama", já dizia a música "Na Cadência do Samba". Mas o tal dito popular serve bem para descrever a situação de um tal Nego Dito, uma das alcunhas de Itamar Assumpção, cantor de destaque na cena musical alternativa dos anos 80 conhecida como Vanguarda Paulista.

Itamar faleceu em 2003, e mesmo 10 anos após a morte do homem, a fama ficou. Ficaram a fama, o nome e suas músicas, regravadas por vários artistas, sendo que a Zélia Duncan gravou um disco inteiro com músicas dele, boa parte inéditas.

A força do seu repertório é tamanha, que sua primeira banda, a Isca de Polícia, segue fazendo shows em sua homenagem e parece ter facilidade em chamar um variadíssimo leque de convidados para auxiliá-los. Na última sexta, no Oi Futuro Ipanema, quem estava lá era Arrigo Barnabé, outro expoente da Vanguarda Paulista e bastante ligado a Itamar.

Entrando enquanto a Isca de Polícia executava um trecho de "Amigo Arrigo", ele começou a participação logo com "Clara Crocodilo", sua peça mais conhecida dentro do disco de mesmo nome que trouxe luz ao atonalismo e a toda uma geração que orbitava pelo teatro Lira Paulistana no começo dos anos 80.
"Clara Crocodilo"

Na sequência, Arrigo tocou "Mal Menor", esta sim parte do cancioneiro de Itamar, mas infelizmente a participação foi bem curta. Antes e depois a Isca de Polícia, contudo, deu um espetáculo à altura do repertório que defendem. Seja em composições não gravadas pelo Nego Dito ("Beleléu Embratel"), ou pela já citada "Na Cadência do Samba", de Ataulfo Alves, as vocalistas Vange Milliet e Suzana Salles, fazem caras e bocas, porém conseguem arrancar uma efetiva participação da plateia em "Se Eu Fiz Tudo" e "Zé Pelintra".
"Na Cadência do Samba"
"Se Eu Fiz Tudo"
"Zé Pelintra"
Enquanto isso os músicos seguram bem as levadas não só para as cantoras, como para o trombone de Bocato, cheio de efeitos e pincelando sons onde pudesse encaixar. O resultado disso tudo é que, se depender de seus músicos e amigos, o nome de Itamar jamais cairá na lama do esquecimento.

(e um agradecimento ao César Lopes por ajudar a gravar "Clara Crocodilo")
"Beleléu Via Embratel" / "Baby"
"Que Tal O Impossível"
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