Neste fim de semana aconteceu o Viradão Carioca, evento sobre o qual tenho uma opinião bastante desfavorável, que já explicitei aqui, aqui e aqui.
Mas o evento, promovido pela Riotur e pela Globo Rio (nunca é demais lembrar: a Secretaria Municipal de Cultura da cidade não participa de um evento público dedicado a shows de música...), conseguiu alcançar um outro patamar de ruindade no domingo, quando os músicos da Abayomy Afrobeat Orquestra foram expulsos do palco na base da violência por parte da produção do Palco Arpoador, onde se apresentavam como a última banda a tocar.
Não estive no local e não há, até agora, um posicionamento oficial dos responsáveis pelo palco e pelo Viradão em relação ao ocorrido. O G1, site de notícias da globo.com e "braço" da Globo Rio na divulgação do Viradão, não faz nenhuma menção ao episódio. Mas é fato que não há nenhuma justificativa para a agressão que os músicos sofreram.
Abaixo, os depoimentos encontrados no Facebook de alguns dos músicos e da namorada de um deles, que teve os cabelos puxados e foi jogada no chão.
Thomas Harres, baterista:
"Fomos retirados por ter passado do tempo permitido!!!! Absurdo!!!! Tinham combinado até as 23h e cortaram o som 22:50 continuei tocando, apagaram as luzes e me puxaram pelo braço da bateria jogando tudo no chão na frente de todo o público!!"
Gustavo Benjão, guitarrista:
"A empresa de segurança contratada e uniformizada agiu educadamente, entraram para separar e em nenhum momento agrediram os artistas. Quem foi agressivo e chegou às vias de fato foram pessoas da produção do Viradão.
Eles prometeram que íamos tocar até às 23hs por conta do encaixe de duas bandas do dia anterior que não tocaram por conta da chuva.
Às 22:50, no meio da última música mandaram a gente parar. Como estávamos no meio da música continuamos. Eles cortaram o som em seguida, por ordem de alguém da Riotur e da Globo, segundo falou o diretor de palco.
Foi o Coordenador do evento, ou desse palco exclusivamente, que incentivou um cara que já havia me dado um soco no peito a me "enfiar porrada". Esse coordenador virou-se pra mim e falou: "Vai passar chapéu na Lapa, seu Filha da Puta!"
Eu tenho muito mais respeito e admiracão por um músico de rua que passa chapéu e trabalha honestamente do que por esse sujeito covarde e despreparado, que está na coordenação de um evento público cultural que manda bater em músicos e acha que tocar na rua é vergonha."
Cláudio Fantinato, percussionista:
"Ontem vivi algo que jamais imaginei passar na vida que dirá em cima de um palco. O que o Benjão descreve foi só uma parte do total desrespeito e imbecilidade que aconteceu ontem. Esse cidadão que lhe deu um soco era o coordenador do evento. O tempo que passei lá no backstage vi essa pessoa tendo atitudes completamente desequlibradas para uma pessoa designada para fazer o evento acontecer. Ele dava ordem aos subordinados de uma maneira truculenta e ditatorial. Estava visivelmente bêbado e sem possibilidade de ter atitudes dignas e corretas."
Leticia Brito, namorada de um dos músicos da banda:
"(...) Após presenciar o absurdo que acontecia no palco - com o som da banda sendo cortado no meio da música e o show sendo abruptamente interrompido com 15 minutos de antecedência no horário combinado entre produção do evento e banda - fui para trás do palco apenas presenciar e tentar entender o que acontecia.
Vi músicos sendo expulsos do palco a empurrões; vi minha amiga e o seu namorado (baixista da banda) sendo truculentamente empurrados pela escada de acesso ao palco; vi muita gente discutindo e com muita revolta e choque com tudo disse alto para quem quisesse ouvir - sem contudo me dirigir especificamente à ninguém - que aquilo era sim um "ABSURDO E VERGONHA! Desrespeito com artista e com público! Deviam ter vergonha! Estão errados." A confusão era crescente; mas a vontade geral era apenas deixar o protesto e ir embora. Porém a coisa saiu de controle.
Uma mulher que estava trabalhando na organização do evento quis partir pra cima de mim duas vezes! Na primeira foi contida pelo meu namorado e então dois seguranças foram em cima dele - um dando um golpe mata-leão e o outro segurando-o - amigos foram ao seu socorro para apartá-los e eu pedia "PELO AMOR DE DEUS, SOLTA ELE, NÓS VAMOS EMBORA!" e isso virou um bolo de homens se atracando e eu me afastei com medo de ser agredida ali no meio e pra minha surpresa essa louca partiu pela segunda vez pra cima de mim me puxando pelo cabelo; me jogou no chão e sacudiu minha cabeça violentamente!!! Até que pessoas a contiveram e eu muito atordoada me levantei e saí literalmente correndo daquele inferno! (...)"
Gabriel Pontes, saxofonista da Tupiniquim Jazz Orquestra
"Nós da Tupiniquim Jazz Orquestra também fomos expulsos do palco por querermos fazer a última música. Nosso som foi cortado, o produtor de azul e barba entrou no palco, botou dedo na cara e me disse "sim, estou expulsando vocês do palco, seu merda!" e "se não fosse por mim não tinha show".
Nunca na minha vida um segurança colocou a mão no meu ombro e disse "Sai!" de um palco."
(a imagem veio do Facebook da Abayomy, mas não estou conseguindo ver o autor da foto, se alguém puder dizer agradeço)
(autor da foto identificado: Stéphane Goanna Munnier - valeu, Paulo Gallo)
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