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quinta-feira, 6 de março de 2014

O Carnaval que o prefeito do Rio tentou destruir - Parte 01






Antes de falar das boas coisas dos carnaval, de como foram os blocos, dos lugares, do clima, da música, das pessoas, não podemos deixar de comentar e lamentar um dos anos onde o poder público, aqui (não) representado na maior parte das vezes pela prefeitura do Rio de Janeiro, menos se fez presente nas horas em que mais precisávamos.




A maior parte das histórias a seguir poderiam ter sido contadas em quaisquer outros carnavais no Rio de Janeiro nos últimos dez, quinze anos, provavelmente antes disso também. Mas não todas juntas e com a frequência que tiveram.




É claro que também temos que ter, uma vez que em tese não somos animais irracionais, um pouco mais de civilidade com o outro, com os péssimos serviços que nos oferecem e com a cidade. Mas o quanto o estado de abandono e ausência de condições para essa civilidade acabam gerando o comportamento que muitos acabam tendo?



Antes, também, é bom fazer uma ressalva. Não sei os números de ocorrências e a relação com anos anteriores, mas ouvi falar menos de roubos e furtos do que em outras vezes. O que vi aumentar foi o número dessas bolsas elásticas que prendem na barriga (porta-dólares?) e outros artifícios para evitar contratempos, o principal deles sendo não levar nada de valor.




Porém, duas notícias sobre o assunto preocupam. O Jornal do Brasil relata que, antes mesmo do Cordão do Bola Preta acabar, mais de 62 ocorrências já tinham sido registradas. Já o Estadão conta sobre um arrastão feito por bate-bolas dentro do metrô. Não há informações estatísticas sobre a violência durante o carnaval carioca, mas a sensação de insegurança não se alterou. Acreditem, essa foi a parte boa. Vamos falar das coisas ruins.




O trânsito foi, como sempre, caótico. Mas foi a primeira vez que, num sábado de carnaval pela manhã - horário: sete e meia da manhã - sem nenhum bloco no caminho e com a rua por onde passa o Sambódromo já aberta, o trajeto da Tijuca à Lapa esteve tão lento e engarrafado, levando cerca de 40 minutos para fazê-lo. Já notava-se o lixo que, saberíamos depois, seria a grande marca deste carnaval.




Várias ruas pela cidade, que não costumavam ficar fechadas em outros carnavais, desta vez foram, fazendo um trajeto simples até a Avenida Presidente Vargas ganhar (literais) contornos inacreditáveis. Isso numa época onde várias vias foram fechadas pela região da Praça Mauá, sem que as futuras vias que irão substituí-las tivessem sido terminadas. Mais uma vez, recorro ao JB, que noticiou o atraso do Cordão do Bola Preta por causa do engarrafamento.




Em muitos e muitos casos era mais rápido andar a pé do que de ônibus. Mas para distâncias mais longas a opção preferível era o metrô, que seria de competência estadual, caso houvesse alguma competência envolvida na realização do serviço. Nos vagões havia ar-condicionado até onde se podia perceber, mas o calor dentro de várias estações era maior do que na rua.




Também dentro de várias estações havia um cheiro insuportável, e até onde se saiba não são os garis que fazem o serviço de limpeza dentro do metrô. Em especial o cheiro de urina era no mínimo estranho, até que eu mesmo pude ver um "folião" urinando dentro de uma das estações.




Para ser claro: o sujeito já estava dentro do metrô mesmo, passou pela catraca e ia pegar o metrô, mas antes disso, deu uma mijada. A cena, surreal, não pode ser percebida pelos dois seguranças próximos à roleta, que estavam conversando. Tomar conhecimento do fato também não os demoveu do lugar de onde estavam (e a essa altura o "folião" já tinha terminado o que estava fazendo).




Mas o "melhor" era o tanto de informações desencontradas. Algo comum com esses esquemas especiais de trânsito e transporte em grandes eventos. Provavelmente em boa parte das cidades de qualquer país.




Algumas das estações de Metrô não funcionariam durante todo o carnaval, ou durante alguns dias. Na saída da Estação Cinelândia podia-se ler bem grande: "Blocos de Rua 2014 - 01 e 09/03. Estação Fechada. Dirija-se à Estação Carioca ou Uruguaiana." Nesses dias acontecem os desfiles do Bola Preta e do Monobloco, respectivamente, então "compreende-se" que a estação feche.







No dia 03 de março, segunda-feira, a estação estava fechada. Não havia aviso dentro das estações sobre essa "novidade" e, se alguma voz anunciou isso durante a viagem, foi abafada pelo barulho das pessoas no vagão. Motivação para o fechamento também não tinha, já que nenhum bloco grande passaria pelo local nesse dia. Um "pequeno" contratempo de ter que saltar na Glória e enfrentar uma multidão indo para o Bloco do Sargento Pimenta, para pegar o metrô de volta para a estação Carioca.




Como esse papo chato já se estendeu demais, para cansar menos quem chegou até aqui continuo numa segunda parte (opa, olha a segunda parte aí, gente) para falar um pouco mais sobre os ônibus, sobre os deploráveis banheiros químicos e sobre o grande assunto do carnaval: o lixo.




(mas aviso logo: a prefeitura bem que tentou destruir o carnaval de rua do Rio, mas a indignação também é combustível para alegria)

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