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terça-feira, 25 de março de 2014

Quarta Sem Cinzas: Super Mario Bloco e a malhação de Judas com o Boneco do Paes (05/03/2014)





Cada vez mais a quarta-feira de cinzas aqui no Rio passa a ser mais um dia para os blocos darem continuidade à folia, embora já exista um certo clima de despedida - mesmo que o carnaval insista em não se despedir. Ou será que é o de 2015 que já está por aí? Enfim...





O número de blocos não é tão grande como nos outros dias. Para quem quer começar desde cedo, tem o Me Beija Que eu Sou Cineasta, no Baixo Gávea. Mas depois das loucuras das arábias com o Viemos do Egyto, o melhor foi começar a peregrinação na parte da tarde, arriscando com o Super Mario Bloco.









Mas qual era o risco? Criado em 2012, o bloco que, como o nome já explica, toca versões e rearranjos das músicas do videogame do encanador bigodudo, teve um acréscimo brusco de seguidores no ano passado. E isso tornou o bloco um tanto quanto inviável a partir de certo ponto.









Curioso que, assim como o Viemos do Egyto e o Bunytos de Corpo trouxeram respectivamente pessoas de faraós (e faraoas?) com muita purpurina dourada e roupas de ginásticas espalhafatosas para vários blocos no Rio de Janeiro, o número de fantasias de Mario, seu primo Luigi e "cogumelos" tenham se multiplicado nos últimos três anos. Muito legal, mas também uma temeridade sobre o que aconteceria com o bloco.








Ainda mais porque este ano não era muito segredo que o novo trajeto se daria no Mirante do Rato Molhado, na Rua Aprazível. Chegando lá por volta de quatro da tarde, estava cheio, é verdade, mas menos do que poderia-se temer.




Não só estava cheio "na medida" como tudo pareceu muito bem organizado. Tem escola de samba que, mesmo com cronometragem e tudo, não consegue "evoluir" tão bem quanto o Mario Bloco conseguiu na descida pela Aprazível.









As músicas são basicamente as mesmas dos anos anteriores, mas sempre há surpresinhas nos arranjos, detalhes, andamentos e ritmos na trilha do jogo, além deste ano ter rolado "One Love", de Bob Marley. Claro que os músicos, os gamemaníacos (?) e aqueles que se encaixam nas duas categorias devem perceber bem melhor certas nuances. Não precisa estar em nenhuma das duas categorias para observar como o bloco tem a preocupação de decorar toda a área do desfile com estrelinhas e aqueles cubos de interrogação que aparecem nos jogos.




Por falar em estrelinha, outro momento "tradicional" do bloco continuou a ocorrer, quando um dos músicos da seção de sopros (Leandro Joaquim, que toca com um monte de bandas), vestido justamente de "estrelinha", é perseguido por uma série de personagens.







Quando o bloco chegou à Rua Almirante Alexandrino, se dirigindo ao encerramento na Praça Odylo Costa Neto, já tinha sido possível ouvir todas as músicas do repertório mais de uma vez e um enorme contingente aguardava por ali. Hora de deixar Super Mario e cia. pensando em qual nova aventura acontecerá em 2015.




A essa altura, no Largo dos Guimarães, já começava o Me Enterra Na Quarta, bastante animado e ainda não tão lotado. Mas as pernas continuavam mandando descer.









O objetivo era terminar no Bar da Cachaça, onde também era ponto de encerramento este ano do Planta Na Mente, bloco com a nobre causa de pedir a legalização da maconha. A causa é nobre, mas será que o som segura as pontas? Experiências anteriores mostravam um bloco meio apagado...



Antes que ocorram neste texto outros trocadilhos infames, melhor falar que a Avenida Gomes Freire estava tomada e a bateria animada. Mas de repente, uma surpresa. Parte do que parecia ser o Black Bloco, que também desfilou pelo centro, chegou á Lapa, cruzando o Planta na Mente.







Além do Tatu Derrado (que é possível ser visto em várias postagens sobre o carnaval deste ano), outro personagem que chamou a atenção foi o boneco de Olinda com a cara do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.




O resultado do encontro dos black bloqueiros com o bonecão do Dudu foi amor à primeira paulada. E à segunda, à primeira garrafada, pedrada, latada, até que a galera resolveu destruir o boneco, antecipando a malhação de Judas. Para completar, um jogo de Paes-Bola entre os carros e ônibus que passavam pela Mem de Sá.








A noite ainda começava e blocos surgiam por aí como se sempre tivessem existido, blocos antigos inventavam novos trajetos, lugares que só conheciam o silêncio ou o barulho de carros ouviam sons que nunca existiram. O carnaval de 2014 não acabou na quarta-feira de cinzas, mas já havia ali o suficiente para mostrar que uma parte do Rio de Janeiro resiste, se reinventa, se desprende das amarras de oficialismo, se torna ainda mais próxima de uma independência que só se torna dependente de uma coisa: da alegria e da imaginação de quem está ali.


Acreditem, ainda não acabou. A seguir: o pós-carnaval e o pós-pós-carnaval.

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