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O domingo e a segunda de carnaval já tinham sido especiais, então a "terça-feira gorda", que há muito tempo deixou de ser o último dia de festejos, é, por mais que a alcunha indique o contrário, tempo de já começar a desacelerar, ir um pouco mais leve... Mas e os blocos, deixam isso acontecer?
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Pelo fim da manhã, o bloco Quero Exibir Meu Longa já subia a Rua Henry Ford, na Tijuca, para pegar a Rua Desembargador Izidro e chegar à Praça Gabriel Soares. Com um número modesto de pessoas o acompanhando, a quantidade era compensada pelo fato de que quase todo mundo estava fantasiado e com fantasias bem originais. Tinha de personagens do Pulp Fiction a referências a O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman!
Blocos com fantasiados desfilando pela Tijuca não são muito frequentes, e deveriam ser. Muito mais tranquilidade e bastante espaço para se divertir se comparado com o centro (com a Zona Sul então, nem se compara). A bateria ia atrás de um carro de som onde cantavam versões alteradas de marchinhas conhecidas, sempre puxando as letras para relações cinematográficas. O bloco foi bem prazeroso e fica como dica para quem quiser fugir um pouco da muvuca em 2015.
Mas é inevitável acabar caindo na Zona sul, mesmo que não seja Copacabana e Ipanema, e sim, o Aterro do Flamengo, onde a Orquestra Voadora faria sua decolagem. Antes disso, mais um bloco louvando a Deus, passando pelo Castelinho do Flamengo (já tinha acontecido outro no dia anterior, na Avenida Rio Branco). Ao que tudo indica, uma tendência para 2015.
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A concentração da Orquestra Voadora ainda é um lugar habitável e a chance de poder ver o que os músicos, dançarinos, acrobatas e outros artistas irão aprontar. Entre os destaques, uma menininha fazendo parte do time feminino de batuque e levando bem a sério a tarefa, e um Noé sem arca, mas com a bunda de fora. Literalmente. Mas melhor mostrar a foto da menina fofa, não é mesmo?
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A cada ano a Orquestra Voadora foi atraindo mais e mais seguidores para seu desfile, o que vai se tornando uma preocupação para quem quer realmente ouvir a música que eles tocam e ter um mínimo de espaço para pular o bloco.
Mas até que o começo não estava tão cheio assim e deu para ouvir bem o repertório diversificado da Orquestra. Mesmo no horário de "pico" dava para ouvir de considerável distância as centenas de percussionistas e músicos de sopros, um verdadeiro exército de sons carnavalescos.
Além disso, ainda tem toda a parte visual do desfile, com os artistas (e alguns músicos) em pernas-de-pau e os malabaristas pendurados na passarela. Um bonito espetáculo, que, assim como tantos outros blocos, contou com espaço para protesto, "Não Vai Ter Copa", "Fora Cabral" e o Tatu Derrado, embora chegue uma hora que a multidão seja tão grande que, somando com a maratona dos dias anteriores, exijam um descanso de não-atletas (se bem que "seguir bloco" já devia ser modalidade olímpica).
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Chega a noite e a hora é de conhecer as pirâmides e ver o centro ser pintado de dourado. Ao que tudo indica, assim como o aeróbico Bunytos de Corpo, o bloco Viemos do Egyto surgiu no carnaval do Rio em 2012 e no ano passado ganhou bastante popularidade através do boca-a-boca, fazendo um desfile muito insano, saindo da frente do Odeon com destino ao Beco do Rato, com direito até a Rio Nilo.
Muita axé music dos anos 80 e música eletrônica (assim como o Bunytos, eles utilizam a Bananobike do grupo Biltre para sonorizar o desfile) para um público de todos os gêneros sexuais. Felizmente, sem discriminação aos heterossexuais, ufa.
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Muito mais cheio do que em 2013, mesmo com uma estranha "cisão" que levou à criação de um outro bloco, o Agytoê, que tocava ao mesmo tempo na Praça Tiradentes, o Viemos parecia que ia fazer o mesmo trajeto do ano passado. De repente um policial impede que o bloco invada o finalzinho da Rio Branco. Acabou sendo melhor que a encomenda, pois o grupo recuou e invadiu a rua que fica entre as praças Mahatma Gandhi e do Passeio Público.
Com a benção da estátua de Gandhi, o bloco veio por essa rua ao som do que parecia ser Omar Soleyman, até recuperar seu trajeto "original" em direção à Praça Paris, atravessando (e derrubando) cones e aqueles obstáculos laranjas que tem enfeitado a cidade em obras nos últimos meses.
Quando chegou ali no começo da Avenida Augusto Severo, o bloco ganhou até dançarinos em cima do ponto de ônibus. Uma nuvem de pó dourado purpurinava os foliões e a rua toda. Já passava de meia-noite e o bloco já estava devidamente instalado no Beco do rato, sem menção de que aquilo ia acabar tão cedo. Assim como o carnaval, que ainda continuaria pela quarta-feira de cinzas, mas continuamos sobre essa história na próxima postagem.
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