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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Resenha, fotos, vídeos: Festival Se Rasgum na Fundição Progresso (17/09/2016)





Como parte das atrações culturais programadas para o período olímpico/paraolímpico no Rio de Janeiro, o festival paraense Se Rasgum, que completa 11 anos em 2016, teve sua primeira edição carioca, abrigado pela Fundição Progresso, na Lapa.







Curadoria sempre caprichada, com atrações de todo o Brasil aportando em Belém, no Rio o festival resolveu dar total prioridade ao produto original do Pará. Para acomodar o máximo de artistas, foram formadas duplas para cada show, algo que não é incomum acontecer no Se Rasgum. Isso em nada diminuiu a qualidade, muito pelo contrário. A escalação foi a melhor dentre os vários festivais de outros estados que tiveram oportunidade de mostrar serviço na cidade durante as paraolimpíadas.







Segunda dupla da noite, a parceria Jaloo e Strobo é algo que deveria se tornar permanente. O clima no palco "São Sebastião", um tablado que a Fundição às vezes coloca no espaço anterior ao palco principal da casa, era de euforia do nível de alguma estrela pop. E era tudo para o Jaloo.







Mas o que fez tudo funcionar muito bem foi a interação entre a música eletrônica do DJ-cantor cheio de performance e disposição com o peso orgânico que o combinado instrumental do Strobo trouxe. Dupla formada por Arthur Kunz na bateria e Léo Chermont na guitarra, que também se vale muito de bases eletrônicas. No meio de tudo isso sempre com um molhinho dos ritmos pelos quais o Pará é conhecido, mesmo que às vezes imperceptível.







Alguns desses ritmos pelos quais o Pará é conhecido se materializam em forma de gente na figura de Pinduca. O Rei do Carimbó (e do sirimbó, do siriá, da lambada, da salsa, do merengue e de tantos outros ritmos amazônico-caribenhos) fez a colônia paraense radicada no Rio começar a cantar seus inúmeros sucessos antes mesmo de entrar no palco principal da Fundição.







Mas quem começou mesmo foi o guitarrista Manoel Cordeiro, que tem tocado na banda de Pinduca. Manoel mostrou seu trabalho instrumental que é meio guitarrada, meio lambada e meio surf music, o que o torna uma espécia de Dick Dale cheio de malemolência. Junto de Manoel está o filho Felipe Cordeiro, na primeira das três apresentações que fariam nessa noite.







Não demora para a segunda jornada de trabalho de pai & filho. Permanecem no palco junto com o resto da banda para recepcionar Pinduca. O cantor começa, como é de costume, avassalador, com vários hits como "Sinhá Pureza", "Garota do Tacacá" e "Dança do Carimbó".








O público vai à loucura e os conterrâneos de Pinduca estão dançando e batendo palma enquanto várias conterrâneas estão rodopiando com saias longas.Em dado momento tudo isso vai para cima do palco e aí o show chega às raias do tumulto, uma versão sacolejante de um show do Iggy Pop. Sempre inacreditável de se ver, apesar de ter sido bem mais curto do que o merecido, mas assim é um festival que começa às dez da noite e traz tantos nomes.







Os próximos a se apresentar, de volta ao palco menor, são o guitarrista Félix Robatto e um dos mestres da guitarrada, o Mestre Solano. Se falamos de surf music com guitarrada, Robatto, fundador da banda La Pupuña, é um dos primeiros a trazer para o universo mais "indie" essa mistura, pelo menos para o conhecimento de quem está aqui no sudeste e sul buscando sons mais alternativos.







Tanto esse tempo com o La Pupuña quanto o período como guitarrista e produtor da Gaby Amarantos dá a Felix, com sua barba à la ZZ Top, traquejo suficiente para incendiar o palco tocando e, de vez em quando, cantando. Se bem que incendiar parece inerente a praticamente qualquer paraense, visto que todos que subiram ao palco agitaram o público. Inclusive quando o próprio público sobe, como aconteceria de novos com três casais que foram mostrar seus dotes de dança.









Mestre Solano se junta ao grupo de Félix Robatto e não precisa de muita conversa, rebolado ou qualquer tipo de populismo. Só fazer o dedilhado na guitarra de músicas como "Ela é Americana" é o que basta para reações entusiasmadas e a comprovação que o título de "mestre" é plenamente justificado.







O encerramento no palco maior fica com Felipe Cordeiro, sempre com o pai Manoel Cordeiro ao lado, mas desta vez mostrando suas músicas que misturam os ritmos paraenses com pop, new wave e mais um tanto de outras sonoridades, e tendo a cantora Luê como convidada, cantando e tocando rabeca em algumas músicas dela e outras do Felipe. Pelo avançar da hora o público ia saindo, mas quem resistia ainda se divertia à beça.







Dentre os festivais e shows esparsos ocorridos durante esse período olímpico no Rio de Janeiro, cheios de altos e baixos e quase sempre com a divulgação deixando a desejar, o Se Rasgum se mostrou a aposta que produziu o melhor resultado, com shows no horário, ótimas apresentações e, pasmem, com o som da Fundição Progresso colaborando muito mais do que o de costume.







Oito vídeos contam um pouco dessa história, clicando aqui ou no tocador abaixo:





Lista de músicas gravadas:


Jaloo e Strobo - "Downtown"

Público paraense - "Dona Mariana"

Manoel Cordeiro - "Asfalto Amarelo"

Pinduca - "Garota do Tacacá" (trecho) / "Dança do Carimbó"

Pinduca - "Volare"

Felix Robatto - guitarrada

Felix Robatto e Mestre Solano - "O Som da Amazônia"

Felipe Cordeiro e Luê - "Legal e Ilegal"

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