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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Vídeos, fotos, resenha: Wilco no Circo Voador (06/10/2016)





A turnê do Wilco pela América do Sul, em especial pelo que acompanhamos em sua passagem pelo Brasil, trouxe muito mais acontecimentos do que talvez se pudesse prever. Os onze anos que separam essa turnê da única apresentação no país, no Tim Festival - aquele que tinha uma curadoria absurda de boa, mas cobrava uma grana braba por cada palco com duas, três atrações - não indicavam que, desde então houvesse alguma explosão demográfica de fãs ávidos pelo retorno do grupo liderado por Jeff Tweedy.



Se o aumento do tamanho do fã-clube não era explosivo, certamente crescia, e pelo menos havia dedicação dos fãs existentes, ano após ano criando expectativas por uma nova chance de ver a banda, com direito até a site que respondia constantemente a pergunta feita entre aqueles do séquito.



Finalmente em 2016 a pergunta se Wilco voltaria ao Brasil era respondida com um "sim", dentro de uma turnê sulamericana em que inicialmente, no Brasil, tocariam apenas em São Paulo, dentro do festival Popload. Mas circunstâncias diversas acabaram levando a que um quase impossível show no Rio de Janeiro, no Circo Voador, através do Queremos, acabasse se tornando realidade. Ainda foi acrescida uma segunda data em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, com ingressos disputados (virtualmente) a tapa.



Para o show no Rio de Janeiro veio gente de várias partes do país em plena quinta-feira, com as mais variadas operações logísticas, naquela confiança do quanto o acontecimento seria histórico. Na mini "wilcomania" iniciada na quinta, já tinha fã colado na porta do Circo enquanto a banda estava passando o som com "Random Name Generator", horas antes do início do show. Esta cumbuca jura que estava passando lá por acaso, mas aproveitou para registrar um trecho e você pode ver mais abaixo...



Após a passagem de som, parte dos músicos aproveitava as opções etílicas da Lapa, enquanto fãs ansiosos começavam a chegar à lona. Os ingressos não esgotaram, mas a a dedicação dos admiradores do Wilco estava estampada em quase todo lugar nos pouco mais de dois quarteirões entre os Arcos da Lapa e o Bar da Cachaça.



Horário de show no Rio de Janeiro não é uma ciência exata, como repetimos incessantemente aqui, mas a própria banda alertou em suas páginas que horas começaria e com a promessa de um bom tempo de show, praticamente ninguém duvidou. Às 22:30 tínhamos o Circo Voador com uma boa presença de público e o sexteto de Chicago em cima do palco.







As duas horas e trinta minutos seguintes serão lembradas por muito tempo como uma das mais especiais de todos os tempos na história de shows musicais que acontecem no Rio de Janeiro, em particular no Circo Voador. Não houve nenhum aspecto negativo. Público devotado e interessado, banda afiada, o som simplesmente magistral, o setlist contemplando todas as fases com nada menos que 29 músicas e satisfazendo a basicamente quem quer que goste qualquer fase da banda.







A carreira discográfica do Wilco se descolou faz tempo de ser (apenas) uma banda de alt-country, uma caipirice suja em sua origem que eles nunca renegam. Mas hoje poderíamos dizer que eles estão mais próximos de adoradores do power pop de Big Star (se alguém ainda tinha alguma dúvida, "Someone to Lose" do novo álbum, Schmilco, está ali memetizando notas sobre notas de "In The Street" da banda de Alex Chilton) que adicionam elementos musicais dos mais diversos, de jazz a krautrock, sem perder a essência cancioneira de Jeff Tweedy.








Essa variedade de elementos e direções às vezes levam a discos mais "calmos", como é o caso do mais recente. Mas ao vivo a coisa muda bastante de figura. Começam o setlist com uma gama ampla de estilos: a "Random Name Generator" da passagem de som, "I Am Trying to Break Your Heart" como segunda música para deixar todo mundo extasiado de cara, "Art of Almost", no primeiro grande momento dos muitos que o fantástico guitarrista Nels Cline protagoniza durante a noite, até chegar a "Misunderstood" em versão mais calma, com direito a banjo pelo mão-pra-toda-obra Pat Sansone. E aí eles partem para uma trinca de canções do disco novo (entre elas a já mencionada "Someone To Lose"), tudo muito mais potente ao vivo. Além de Jeff, Nels e Pat, completam a banda Mikael Jorgensen nos teclados, John Stirratt no baixo e Glenn Kotche na bateria.







A essa altura o Circo Voador já estava entregue. Da banda ao público, passando pelos funcionários da casa, uma sintonia realmente muito rara de acontecer no nível que foi. "Ainda temos muito show pela frente, mas posso dizer agora mesmo que vocês são os melhores", disse ainda parte inicial da apresentação um extasiado Jeff Tweedy, cada vez mais abismado a cada "Wilco! Wilco! Wilco!" e "olê olê olê olê, Wilcô, Wilcô" entoado pela plateia a todo instante.







E ainda estávamos muito longe do fim do show quando a catarse mais aguardada aconteceu. Uma parte do público já reverenciava com as mãos Nels Cline antes mesmo de começarem a tocar "Impossible Germany". A obsessão com a criatividade das improvisações do solo de guitarra de Cline e o clima surpreendente que a música ganha já foi até motivo de postagem aqui no La Cumbuca. Ver isso acontecer no Circo Voador foi uma experiência inesquecível.







A sucessão de "preferidas da audiência" a partir daí é estonteante, todas muito celebradas. "Box Full of Letters" (única do primeiro álbum, A.M., presente no setlist), "Ashes of American Flags", "Heavy Metal Drummer" e "I'm the Man Who Loves You", onde, assim como já tinham feito em "Impossible Germany", o público canta parte da melodia da música. Tweedy continua se derramando em elogios para o público. O primeiro bis já vem de "Jesus, Etc." para todo mundo cantar junto.



Quando nada mais parecia ser capaz de causar mais comoção nessa noite, um cara sobre no palco e é apresentando por Jeff como "Ceesar" (ou Cizar), na verdade Cesar e que dizia saber tocar guitarra. Cesar acompanha diretinho a banda em "California Stars" até a hora do solo. Dali ele passa de "direitinho" a "cacete, que noite é essa??", fazendo bonito um duelo de solos com Nels Cline. A alegria de todos no palco é notável e contagiante.







Poderíamos dizer que o encerramento, já no segundo bis, foi com a enorme "Spiders (Kidsmoke)" e ficar por isso mesmo. Mas assim como esse show começou muito antes do Wilco entrar, ele não se encerrou após o último músico sair do palco. Nem mesmo quando parte da banda voltou a circular pela Lapa e acabar no Bar da Cachaça. Para muitos aquele era "só" um início de jornada e ainda restavam quilômetros de viagem até São Paulo para mais dois shows. Para outros tantos acabava ali o capítulo Wilco no Circo Voador, mas se depender de todos os presentes, o final definitivo continuará em aberto, não importa quanto tempo demore. E já podemos nos perguntar: o Wilco estará vindo ao Brasil ano que vem?



Gravamos 5 vídeos, que vocês podem ver clicando aqui ou no tocador abaixo:





Lista de músicas


passagem de som - "Random Name Generator"

- "I Am Trying To Break Your Heart"

- "Impossible Germany"

- "Heavy Metal Drummer"

- "California Stars" - participação de Cesar ("ceezar") na guitarra


As fotos são de Dine Araújo e Otaner.

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