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sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mallu Magalhães

Uma hora a gente tem que se render.

Mallu Magalhães na Virada Cultural SP

Numa premiação que, pelos nomes indicados e premiados e pelos shows que tiveram, deve ter sido tão insosso quanto um chuchu cozido, houve um grande (des)acerto. O Multishow chamou Mallu Magalhães, usando como mote o fato de ela ter a mesma idade da premiação, para cantar uma música. Ao que tudo indica, a produção determinou que fosse da Legião Urbana (outros homenageados da noite foram Marina e Lulu Santos, além de um show conjunto de Titãs e Paralamas, todos artistas surgidos nos anos 80, alguma lógica aí?).



Não fica claro se eles também determinaram que a música fosse Música Urbana II, já que existem outras músicas de Renato Russo de maior sucesso e mais compatíveis com uma premiação tão conservadora que, apesar de contar com a votação do público, segue uma lógica meramente mercadológica: ali estavam os maiores vendedores de disco atuais do segmento pop-rock.



Mas Mallu nem disco tem ainda. Isso ela já está arranjando, e com produção de Mario Caldato, o cara que produziu os discos dos Beastie Boys durante os anos 90, além de Planet Hemp, Molotov e o que mais o Google te disser. Mas vai ter disco e ainda não tem gravadora. E não foi por falta de interesse das gravadoras, não. Durante sua passagem no Rio para o festival Evidente, do Lariú, dizem que o que não faltava era executivo interessado na performance da adolescente fenômeno da internet. Mas ao que parece Mallu, o pai da Mallu e o empresário da Mallu até agora recusaram todas as propostas das mesmas gravadoras que são o motor de uma premiação como a do Multishow. Estou falando tudo isso de cabeça e eu sequer sou um fã tão grande assim da Mallu.


Ou sou?

Mallu Magalhães na Virada Cultural SP

A primeira vez que ouvi Mallu cantar foi em janeiro, num programa de verão da MTV. Já havia lido maravilhas sobre ela, e algo me dizia que havia um grande exagero no que circulava pela internet. Aparentando um grande nervosismo, ela avisa que vai cantar uma música que fez há poucos dias atrás. Ela não acerta UM acorde. E eram acordes como Sol, Dó, feitos da forma mais simples possível. Parecia que havia aprendido a tocar violão no dia anterior. Também falo isso de cabeça, pois até hoje não achei um vídeo dessa apresentação.



Mesmo assim, alguns dias depois entrei no myspace e ouvi algumas músicas que, se não eram geniais, pelo menos dissipavam parcialmente a péssima impressão daquela aparição no programa da MTV. Mas o oba-oba virtual em torno dela ainda parecia injustificável. Passado um tempo, levado por algum link em algum blog, cheguei a um vídeo dela em Brasília, apresentado uma música onde ela abre tocando uma escaleta e quando começa a cantar um novo universo se abre. Uma melodia incrível e doída sai de sua garganta, um blues que alterna sussurros e gritos que impressionam. A música se chama Noil e o vídeo pode ser visto aqui: http://br.youtube.com/watch?v=d9V_4y81Ycg. A música mostrava uma cantora com muito mais personalidade e potencial. Enquanto isso o nome dela seguia sendo divulgado como um viral por aí, ultrapassando limites da Internet e chegando a comercial de celular e festivais como o Evidente já citado acima.


Virada Cultural - 26 e 27/04/08 - Overcoming Trio


No final de abril acontecia a Virada Cultural em São Paulo. Diversas bandas interessantíssimas tocando de graça no centro da cidade e a chance de ver Siba e a Fuloresta, Banda de Pífanos de Caruaru, Superguidis, Do Amor, Pepeu Gomes, MQN, Mutantes, Antonio Carlos e Jocafi, entre muitos outros, me levou até lá. Na Virada também se apresentaria às 11 da manhã um projeto do qual Mallu participaria, o Overcoming Trio, junto com Helio Flanders do Vanguart e Zé Mazzei do Forgotten Boys, onde eles tocariam canções folk, predominando Bob Dylan no repertório. Era uma boa chance de, de repente, descobrir qual Mallu Magalhães eu ia encontrar, a do vídeo em Brasília ou aquela do programa de verão da MTV, então logo após a apresentação emocionante da Banda de Pífanos de Caruaru fui pra lá. Antes da apresentação, do lado do palco, estava Mallu conversando com fãs, a maioria da idade dela, que a olhavam com muita admiração. Em frente ao palco um número considerável de pessoas em um ponto relativamente distante dos principais shows em um domingo com sol forte. A reação do público a cada aparição de Mallu ali em cima, antes mesmo do show começar era de aplausos e gritos. Vários "oh, que gracinha ela é" eram ouvidos, como se ela fosse um recém-nascido. E fora uma ou outra pessoa se referia a ela assim de forma cínica, a maioria me pareceu sincera. O carisma de Mallu é inegável. Apesar do som não estar muito bom, ela estava ali, junto com dois caras da cena independente, apresentando músicas de Dylan e Cash para um público jovem. Mesmo que terminada a apresentação talvez quase ninguém tenha se interessado em procurar na internet que músicas eram aquelas, não deixa de ser um grande feito. (e as fotos da Virada Cultural e as que ilustram este texto estão aqui: http://lacumbuca.multiply.com/photos/album/32)


Voltemos, então, ao prêmio do Multishow e ao (des)acerto escrito logo ali no começo. Apesar de não ter visto absolutamente nada da premiação, dá pra saber que ninguém se arriscou tanto quanto Mallu Magalhães. Criou uma outra dinâmica na canção de Renato Russo, com berros e falsetes, ali sozinha, com um violão e uma gaita, diante de algumas dezenas de medalhões da música no Brasil. E engole o palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro com acordes e palhetadas muito mais ágeis que aquelas de janeiro. Termina a música de forma abrupta e com um "brigada" sai apressada do palco. Pode conferir aí:



E se quiser baixar a música, devidamente ripada:


Mallu Magalhães - Música Urbana 2


E afinal, que importa a idade dela? Quem faz isso com 15 ou com 30 merece aplausos. Ela toca no sábado no Circo Voador, no Mercado Cucaracha.





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E a promoção continua. Escreva para lacumbuca@gmail.com e concorra a 4 cds da banda Robô Gigante!


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PS.: No Rio Fanzine do jornal O Globo de hoje, depois que eu já tinha escrito o texto aqui, Mallu explica o que já estava meio claro: os produtores da premiação pediram que ela tocasse Legião e lhe deram cinco opções de músicas, sendo que a escolha de "Música Urbana II" foi dela.

6 comentários:

Bruno disse...

Como já dizia Jack, o Estripador, vamos por partes:

1º) Fã de última hora? Desde aquele dia no metrô (lembra?) que você já gostava da Mallu, e isso só de ouvir falar.

2º) Estamos no século XXI, desde quando alguém precisa de gravadora pra lançar um disco? O pai dela, sujeito esperto, sabe muito bem que assinar com uma gravadora agora só vai matar a galinha dos ovos de ouro, pois todo o fascínio pela Mallu vem da aura cool/cult/folk/fake/alternativa/indie/orfãdelosermanos/tiop/comofas/ficadica cultivada através do MySpace, que ficaria irremediavelmente arruínada caso ela assinasse com uma major.

3º) Carismática? Menos, bem menos; a única coisa que ela tem de mais é a postura leve e descompromissada, típica de adolescente e de alguém que sabe rir de si mesma, se divertindo muito com tudo isso (esse vídeo de Brasília é obviamente uma zoação dela).

4º) Siba e a Floresta, Mombojó, Mallu Magalhães... quem é o próximo, o Teatro Mágico?

beijosmeliga

Dine disse...

Só um comentário:
"Siba e a Floresta, Mombojó, Mallu Magalhães... quem é o próximo, o Teatro Mágico?"

Menos, Bruno. Beeeem menos...

Otaner disse...

Bruno, agradeço a leitura e o interesse no post. Respondendo:

1 - não disse que sou fã de última hora.

2 - não precisa de gravadora, e acho legal que eles tenham recusado as propostas se elas não atendiam os interesses da artista. não sei se ela perde ouro ou aura com ou sem gravadora. ouro ou aura, hum....

3 - Observei o carisma que ela tinha com as pessoas que a aplaudiam e vibravam com cada palavra dela durante o show na Virada cultural, além daquelas que a procuravam antes do show. Não vi zoação no vídeo de Brasilia.

4 - gosto das três primeiras bandas/artistas citados, especialmente o Siba, e não gosto da última. O próximo? Rockz, Mula Manca ou Tom Zé, mas tá faltando tempo pra terminar o que já escrevi. :)

Espero ter te iluminado. Abraços.

Lismar Santos disse...

A Mallu foi feliz ao escolher "Música Urbana". Acho q tem, pelo fato do esquema voz/violão, original da música. Gosto da letra.
Eu conheci a Mallu final do ano passado, graças à uma amiga do Pará.
Só espero que (parece que ela pode virar) não seja mais um "Teatro Mágico", com sua legião de raros (quero ir no show e sacar o público). Eu só quero é curtir uma boa música; não ser a música.

Mula Manca?

abçs!

Elishistoria disse...

Não consigo ver carisma na menina Mallu,pra mim falta algo.
Assisti Mula Manca e a maravilhosa figura em Recife, me apaixonei!
Siba e a floresta foi minha surpesa no carnaval em Olinda,aliás, o carnaval multicultural de Recife oferece tantas opções que precisa de muito fôlego e decidir na sorte ou preferência o que vai ver: é "tudo ao mesmo tempo agora".

Otaner disse...

Sonho em ficar perdido com essas opções em 2009...