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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Foalstival

Deixei a Mallu Magalhães para conferir no palco indie um pedaço do show do Animal Collective, e olha, me arrependo. Teria sido melhor acompanhar o desfecho da apresentação da menina. Talvez por ter chegado no meio do show eu não tivesse entendido muito bem o que estava acontecendo, igual um filme de trama densa. Mais tarde soube que eles tiveram problemas de som no início. Mas a verdade é que cinco minutos de Animal Collective foram mais do que suficientes. Com dois caras mexendo em programações e no meio um com guitarra e cantando, o resultado era uma maçaroca sonora um tanto quanto enjoativa, apesar do bom público acompanhando atento, com um número até surpreendente de pessoas urrando e curtindo aquilo.



Voltei depressa para o palco principal, já que a próxima atração seria Jesus and Mary Chain. Não que o plano fosse ver o show inteiro, e justamente por isso era importante não perder o início. Mas ali supostamente ia acontecer uma aula de História do Rock. O pop encharcado de microfonia de Jesus foi e é influência para muita gente. É curioso ver Jesus and Mary Chain como um "dinossauro" do rock, mas considerando os (atenção para a gíria paulista) "tiozinhos" meio indies, meio enrugados, que estavam lá na frente cantando e se emocionando com as músicas, é isso que eles estão se tornando 20 e poucos anos depois do lançamento de Psychocandy.



Os irmãos Reid abriram com "Snakedriver" e dava pra perceber que de microfonia não havia quase nada, e sim bom rock para dançar. As pessoas celebravam enquanto William Reid, de cabeça baixa, tentava se entender com sua guitarra, tendo bastante êxito. "Head On" veio em seguida e, só por aquele momento, já valeria o preço do ingresso. Apesar de eu conhecer inicialmente essa música na versão punk dos Pixies, com o vídeo que passava na MTV, poder ouvir na versão original foi demais. Em "Sidewalking" já era perto de 21:00 e com muita dó tive que ir me afastando para chegar a tempo ao palco indie e assistir Foals, minha aposta de grande show no festival.


Foals - 08/11/08


E foi bem mais do que o esperado. Os caras da banda, esquisitos que só, vão entrando e não dá pra perceber quando eles acabaram de ajustar seus instrumentos e quando realmente começou a primeira música, aparentemente uma improvisação instrumental, onde o baixinho vocalista e guitarrista Yannis Philippakis berra ao microfone enquanto arrasta o pedestal pelo palco. Terminado esse empolgante início eles se organizam no palco em forma de círculo. Yannis canta de lado, na frente, o outro guitarrista, Jimmy Smith, fica muitas vezes de costas para o público, o tecladista Edwin e o baixista Walter também ficam de lado, em lados opostos. A disposição no palco faz parecer uma banda que está ensaiando. Mas eles não ficam nem um segundo parados, e o círculos se desfaz o tempo inteiro.


Foals - 08/11/08


Se no disco eu percebia influências de afrobeat, ao vivo há pouco disso. O que há é uma mistura explosiva de At The Drive-In com New Order para pistas de dança. Batidas mais retas e som mais pesado, um estrondo dance e punk. Além da óbvia influência de Gang Of Four. É pós-punk, disco-punk, jazz-punk, o punk cooptado por nerds ingleses (não foi sempre assim?) que estão lá em cima tentando se divertir como aquele fosse o show da vida deles. E para fazer o até então analítico público paulista se entregar ao som, é porque o esforço deu resultado. Yannis desce duas vezes do palco, em uma delas nem dá pra ver onde ele vai parar.



As músicas vêm em forma mais acelerada do que no disco. "The French Open" é recebida bem, "Olympic Airways" tem seu refrão "dis-a-ppe-ar" cantado bem alto, em "Balloons" era impossível ficar parado. Além de algumas frases em inglês, o vocalista Yannis fala três vezes em português, que talvez mostre bem qual é a intenção da banda. A primeira foi a que todos falam, "obrigado". A segunda foi "maconha", mas que saiu com a mesma entonação da "obrigado" anterior. Na terceira vez ele já disse duas palavras: "menina bonita". Não importa o ritmo, é sexo, drogas e rock'n'roll há mais de 40 anos o motor que impulsiona a música pop.



"Hummer" aumenta a animação do público. Supla está desde o começo assistindo a tudo ali do lado, no backstage. Yannis parece determinado a destruir a sua guitarra, da forma que a toca, mas não chega a fazê-lo. Em "Electric Bloom" ele deixa a guitarra para bater numa peça de bateria colocada na frente, mas com o som muito baixo, na verdade. O final com "Two Steps, Twice", é devastador. No meio da música o baterista vai para frente do palco pedir bara o público bater (mais) palmas, o que o tecladista já havia feito em "Cassius". Enquanto isso, Yannis sobe em uma estrutura atrás da bateria, tocando guitarra lá em cima para delírio dos presentes. Se Jesus and Mary Chain estava lá para uma aula de História do Rock, Foals estava lá para fazer História.


Foals - 08/11/08




Foals - 08/11/08

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