16/05/10 - Virada Cultural

Não é difícil imaginar o que vai acontecer em shows de bandas que você já assistiu antes. Dá para adivinhar que o Tom Zé vai fazer suas maluquices, que o Ratos de Porão vai ser brutal e que no Móveis Coloniais de Acaju vai ser aquela ginástica aeróbica insana.
Mas é bom de vez em quando encontrar uma surpresa, o inesperado. A Virada Cultural é uma excelente oportunidade para isso, já que é tudo de graça mesmo e se o cantor não estiver agradando é só procurar coisa melhor em outro palco. Mas sabe, com o passar do tempo a gente já meio que adquire um feeling para essas coisas.
Pra não ser muito convencido, de vez em quando as apostas não se concretizam, é verdade. Mas mesmo não sendo tão velho assim (acho eu), sou de um tempo em que se comprava às vezes um disco pela capa, jogando na sorte a possibilidade de uma audição boa ou desagradável. Foi assim que eu conheci o Pavement, por exemplo. Mas isso é outra história.

Eu ouvi músicas do Terra Celta antes. Nada de muito especial, valendo mais a curiosidade pela mistura de ritmos escoceses, irlandeses, ciganos, etc. Acho que li em algum lugar comparações entre eles e os Móveis Coloniais, pela animação em cima do palco a ponto de tornar a platéia participativa.
O horário do show colaborava, logo depois da Karina Buhr e antes de Arnaldo Antunes (ou seja, o tempo de Edgard Scandurra, que toca com esses dois artistas, trocar de roupa). O que era para ser apenas uma divertida curiosidade se transformou no melhor show que vi dessa edição da Virada.

Você ainda não bota muita fé quando os integrantes do Terra Celta vão chegando com suas saias kilts e roupas folclóricas, seja lá de onde for aquele folclore. Mas é só começarem a tocar que uma mágica acontece. Aquela música de leprechauns e gnomos com gaita de fole, guitarra, acordeom, baixo, violino, bateria, bandolim e outros instrumentos que não tenho a menor idéia de como se chamem causa um contágio coletivo na pessoas.

Eu, que estava assistindo meio de longe, tive quer ir para perto e me misturar entre moderninhos, hippies e metaleiros de cabelo comprido e camisa preta pulando aquele folclore do anglo-saxão doido. As pessoas naturalmente iam formando suas próprias maneiras de dança maluca, fazendo cirandas e verdadeiros arraiás com dança de quadrilha e túnel.

Falei no começo sobre se surpreender. Certamente, de todas as pessoas presentes, os mais surpresos eram os músicos do Terra Celta. O vocalista Élcio Oliveira não cansava de agradecer, incrédulo com a recepção que tiveram. Agora não é mais surpresa para ninguém que esteve lá: Terra Celta faz um show do caralho.
Um comentário:
Show foda!
Diogo
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